“As pessoas ainda acham que violência sexual é só uma relação entre duas pessoas em que há penetração”, alerta assessor do Cedeca Casa Renascer
Natal, RN 20 de abr 2024

“As pessoas ainda acham que violência sexual é só uma relação entre duas pessoas em que há penetração", alerta assessor do Cedeca Casa Renascer

19 de maio de 2023
“As pessoas ainda acham que violência sexual é só uma relação entre duas pessoas em que há penetração

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Os dados relacionados à violência sexual contra crianças e adolescentes têm piorado nos últimos anos e foram agravados durante a pandemia da covid-19. O alerta foi dado por Gilliard Laurentino, assessor técnico da Cedeca (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente) Casa Renascer durante o Balbúrdia desta sexta (19).

Estamos vivendo altos índices de mutilação e tentativas de suicídio entre crianças e adolescentes. Isso tudo acontecendo dentro do quarto de casa, um lugar teoricamente seguro, sem que os pais percebam. No Rio Grande do Norte temos um índice de violência sexual muito alto em relação aos outros estados”, destaca por Gilliard Laurentino.

O assessor técnico da Cedeca Casa Renascer também lembrou que a campanha Faça Bonito foi retomada, depois de sofrer uma tentativa de apagamento durante a gestão Bolsonaro.

Maio Laranja é uma disputa entre sociedade civil e o governo anterior, quando a ex-ministra Damares tentou apagar a sociedade civil dessa discussão. Estamos tentando virar essa página e trazendo nossa campanha do Faça Bonito de volta, que fazemos há 23 anos em todo o país”, defendeu.

Outra questão abordada durante a entrevista foi a mudança na legislação que amplia a compreensão de crime de violência sexual, também, para os crimes praticados virtualmente, através da internet.

As pessoas ainda acham que violência sexual é só uma relação entre duas pessoas em que há penetração, conjunção carnal, quando a violência sexual, inclusive já mudou também na legislação, também é apresentar um vídeo pornográfico, uma conversa de cunho sexual com danos absurdos para as crianças e adolescentes. Esse momento que a gente viveu na pandemia mostrou outras formas de violência tão perversas quanto essa que deixa marcas físicas”, esclarece Gilliard Laurentino, que lembrou, no entanto, da dificuldade enfrentada para manter toda a estrutura de proteção às crianças e adolescentes necessária em funcionamento.

O Conselho Tutelar não tem internet, não tem equipamentos mínimos, falta motorista para entregar notificação. Todos os Creas [Centro de Referência Especializado de Assistência Social] de Natal estão com defasagem de equipe, os Cras [Centro de Referência de Assistência Social] ainda não conseguem fazer a prevenção que deveria ser feitas. A gente vive uma verdadeira pandemia de violência contra crianças e adolescentes e nossas ferramentas estão cada vez de mais difícil acesso”, lamenta.

O assessor técnico da Cedeca Casa Renascer também apontou outras falhas, como a ausência do serviço de psicologia para atender as vítimas de violência sexual na Zona Sul de Natal. Recentemente, a Prefeitura de Natal contratou 6 profissionais da psicologia, no entanto, decidiu que a região sul não precisaria desse serviço, com isso, os bairros localizados nessa área da cidade passaram a ser acompanhados pelas regiões, Leste, Oeste e Norte.

Uma outra preocupação é a falta de acesso a esse tipo de serviço por causa da dificuldade no transporte público.

Vai ter um aumento na passagem né e a pergunta que eu faço é: como é que essas famílias chegam?”, questiona Gilliard, que acrescenta:

Nesse 1º trimestre já tivemos um aumento de mais de 40% de violência sexual no país em relação ao 1º trimestre do ano passado. Isso nos preocupa muito porque tivemos muitas ações, mas a violência sexual continua crescendo no país e não estamos conseguindo dar conta, dar uma resposta para essas famílias”.

As denúncias podem ser feitas de maneira anônima pelo Disque 100.

Confira a entrevista na íntegra:

(42) Combate à violência sexual infantil - YouTube

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