DEMOCRACIA

Deputados federais do RN adotam silêncio sobre caso Bolsonaro e apenas petistas elogiam atuação da PF

Após a operação da Polícia Federal que teve como um dos alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-assessores nesta quarta-feira (3), a maioria dos parlamentares da bancada federal do Rio Grande do Norte na Câmara preferiu o silêncio e não comentou o caso. 

À esquerda, o deputado federal pelo PT, Fernando Mineiro elogiou a atuação da PF e disse que a corporação agiu “sem interferências externas”, “diferente do que aconteceu nos últimos anos”. 

“A população acordou hoje estarrecida com a capacidade do ex-presidente e seus aliados não somente de fraudar o sistema de saúde pública do país, mas inclusive de burlar normas internacionais a seu favor. Se Bolsonaro afirma que não fraudou nada e fugiu para os Estados Unidos, onde entre os requisitos para entrada no país está a comprovação de vacinação contra a Covid-19, não consigo entender como ele entrou e ficou por lá sem violar normas internacionais”, afirmou o parlamentar.

Com a apreensão do celular do ex-presidente, Mineiro disse esperar que novas informações surjam sobre possíveis crimes cometidos pela família do antigo chefe do Planalto.

“Espero que todas as suspeitas sejam investigadas e os responsáveis punidos”, continuou.

Já Natália Bonavides (PT) disse que este é “mais um crime adicionado à extensa lista de delinquências do ex-presidente”. 

“Passamos quatro anos denunciando Bolsonaro pelo uso da estrutura do Estado em benefício próprio e só agora esses crimes estão sendo investigados. O tenente que foi preso hoje, por exemplo, era seu braço direito e também está envolvido diretamente no escândalo das jóias milionárias vindas da Arábia Saudita. Então é provável que puxando esse fio, venha muita coisa por aí e estaremos vigilantes para que ele responda por todos os seus delitos”, comentou.

Enquanto isso, aliados de Bolsonaro se dividiram entre a defesa ou o silêncio. General Girão (PL), um dos mais fiéis apoiadores do ex-presidente, desacreditou a legalidade da ação.

“Somos defensores da verdade e do rito processual legal para todos. Infelizmente, diante das arbitrariedades recorrentes, fica difícil acreditar que as buscas e prisões dessa manhã não possuam um viés ideológico-partidário. Tomara que não! CUMPRA-SE A LEI, irrestritamente”, disse em uma rede social. 

O senador Rogério Marinho (PL), ex-ministro de Bolsonaro, também partiu em defesa do aliado.

“O que mais preocupa nesse momento é a relativização de direitos. No bojo de inquérito que dura 4 anos, virou normal procedimentos invasivos que expõem e prejulgam. É essencial restabelecer normalidade democrática. Expresso aqui minha solidariedade ao PR Bolsonaro e família”, comentou.

Os demais deputados federais do RN não falaram sobre o assunto. A agência Saiba Mais procurou as assessorias de Robinson Faria (PL), João Maia (PL), Benes Leocádio (União) e Paulinho Freire (União). A equipe de Faria disse que o parlamentar não iria comentar o assunto. Os outros deputados não responderam até a publicação desta matéria. Não conseguimos contato com a assessoria de Sargento Gonçalves (PL).

PF busca Bolsonaro

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (3) a Operação Venire, que teve como um dos alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A investigação apura a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que possuíam informações a respeito dos fatos. Um dos detidos é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A operação também chegou ao ex-presidente, acusado de adulterar o sistema do SUS para incluir comprovante falso de vacinação contra o coronavírus antes de embarcar para os Estados Unidos após perder as eleições. Ele teve o celular apreendido. 

A apuração indica que o objetivo do grupo seria sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal (STF).

Os fatos investigados configuram em tese, segundo a Polícia Federal, os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

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