Os servidores da rede municipal de saúde de Natal decidiram em assembleia realizada nesta quarta (03) que vão não somente recorrer da liminar do desembargador relator João Rebouças, que determinou o fim da greve, como também irão manter uma programação de manifestações que serão realizadas fora do horário de trabalho.
A categoria estava em greve desde 24 de abril, mas o movimento foi suspenso nesta terça (02) depois da decisão judicial. Os servidores pedem o cumprimento da Data Base a partir do reajuste de 56,81% para especialistas e 36,99% para todo restante da categoria; pagamento de insalubridade; revisão e atualização do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV); implantação das gratificações, quinquênios, adicionais e mudanças de nível; manutenção das gratificações em questionamento ao entendimento da Procuradoria Geral do Município (PGM) quanto à suspensão das gratificações; além da convocação do cadastro reserva; a criação de uma comissão para acompanhar a implantação do piso da Enfermagem no município; e a instauração de uma Mesa de Negociação Permanente.
A direção do Sindicato dos Trabalhadores em saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN) ainda criticou a falta de dados do município para alegar aumento de arboviroses. Essa foi a justificativa apresentada pelo secretário de Saúde de Natal, George Antunes, para pedir o fim da greve na Justiça e que serviu de base para a decisão desembargador João Rebouças.
“Fomos surpreendidos por uma liminar ordenando que os trabalhadores da saúde do município de Natal voltassem aos seus postos de trabalho em 100% sem considerar ilegalidade ou abusividade da greve. O que nos surpreende, apesar de já sabermos, é a incompetência da gestão municipal em apresentar dados. Nessa mesma liminar, tem um documento feito pelo secretário de Saúde, George Antunes, com um dado de, aproximadamente, 1.700 casos de aumento de arboviroses. Mas, em nenhum momento esses dados foram postos à mostra pelos órgãos competentes em epidemiologia, tanto do estado quanto do município”, apontou Marcelo Antônio, técnico em enfermagem do município e dirigente do Sindsaúde/RN.
Denúncia
Os servidores acrescentam que, além de terem seus direitos negados, já vêm lidando com sobrecarga de trabalho devido ao número de trabalhadores insuficiente nos serviços de saúde de Natal.
“O que nos indigna é que, no mesmo dia em que recebemos uma liminar da Justiça ordenando o fim da greve sem considera-la ilegal, os vereadores aprovam auxílio saúde para eles próprios, enquanto os grandes trabalhadores, os heróis que foram linha de frente durante a pandemia estão até hoje esquecidos pela gestão municipal, pelo secretariado e pelos vereadores, que deveriam legislar para fazer de Natal uma cidade melhor”, critica Marcelo Antônio.