CULTURA

“A noite machuca bastante”: cantor potiguar Jô Bay se afasta temporariamente dos palcos

 O músico potiguar Jô Bay deixará os palcos temporariamente para focar na saúde mental. Entre os motivos, diz que sente que seu trabalho deixou de ser arte e se tornou apenas um ofício. Fã de nomes como Tim Maia e Milton Nascimento, também vê falta de espaço em Natal para tocar seus ídolos da MPB e uma cobrança por cantar músicas predominantes na atual cena da indústria musical.

“É a segunda vez que eu estou dando uma parada na música, porque sempre que eu sinto que o trabalho deixa de ser arte e se torna só trabalho, eu não consigo continuar e me sentir bem no palco”, aponta.

“Estou perdendo um pouquinho do feeling, mas também é da resposta da noite, porque a noite machuca bastante”, reflete o artista, que se internará ainda por cerca de 15 dias devido ao seu quadro de transtorno bipolar.

“Fisicamente machuca trabalhar na noite, o bolso machuca, mexer com sentimento seu e dos outros acaba fazendo com que você se torne vulnerável algumas vezes. Eu estou me sentindo vulnerável, e além disso estou precisando cuidar um pouquinho da minha cabeça, que está confusa sobre o que eu quero fazer da vida e estou precisando parar um pouquinho”.

Para Jô, há também uma falta de incentivo dos órgãos públicos, o que deixa parte dos artistas reféns das festas e bares privados.

“A gente acaba se tornando escravo de outro tipo de público. Eu fico esperando sempre um edital e enquanto isso a gente tem que trabalhar, e quando vamos trabalhar na noite nunca é o que a gente quer”, lamenta.

“Eu faço um repertório popular, mas de consciência, não só uma música contemplativa mas reflexiva, e a noite pede que você toque um sertanejo ou uma coisa que se diz animada. Eu toco Gilberto Gil e o povo pede pra tocar música animada. Poxa, pelo amor de Deus, o que é animado pra esse povo?”, questiona.

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