ENTREVISTA

Permanência do turista aumenta 20% no RN; conheça os novos atrativos e a estratégia da SETUR para manter e atrair visitantes

A antiga campanha publicitária que vendia as belas praias e o sol a pino por quase 365 dias no ano como as únicas atrações turísticas do Rio Grande do Norte não faz mais tanto sentido. O turismo sustentável, ecológico, de aventura e ate aquele friozinho das serras localizadas no interior do Estado são tratados hoje como produtos valorizados de um turismo em franca ascensão.

O turista que vem ao Rio Grande do Norte pode visitar baleias jubarte em período de acasalamento, conhecer o parque Geoparque Seridó que já vem atraindo visitantes de outros países, vivenciar experiências em comunidades quilombolas, além de optar por atrações em trilhas e conhecer cavernas.

Nenhum desses atrativos foram inventados agora, mas estão sendo trabalhados pela primeira vez de forma profissional pelo Governo do Estado, com formação e capacitação de agentes para receber os visitantes.

Nesta entrevista, a secretária de Turismo do Rio Grande do Norte Aninha Costa fala sobre a retomada do turismo pós-pandemia, a expectativa do Governo com a nova administração do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante após a relicitação vencida pela empresa suíça Zurich Airport e a nova relação da Setur com as companhias aéreas, baseada em dados e estatísticas sobre o setor.

Agência SAIBA MAIS: Secretária, agora que a pandemia acabou oficialmente e houve a mudança no comando do Governo Federal, quais as perspectivas do turismo no Rio Grande do Norte ?

Aninha Costa: Nossa malha aérea, em termos de fluxo de turistas, já está 9% acima do período antes da pandemia. Estamos voltando agora com os voos internacionais, voltamos ainda em 2022 o voo direto Natal-Buenos Aires e retomamos com 5 voos da TAP semanais. Já temos garantido também que dia 29 de outubro os voos da TAP voltam a ser diários, que era o que tínhamos antes da pandemia. E a gente sabe que a recuperação dos voos internacionais é mais lenta. E os voos doméstico também está dando sinais de recuperação. Obvio que estamos na baixa temporada agora, mas o segundo semestre promete bastante.

E em relação à malha aérea nacional, há novidades?

 Conseguimos com a Azul um voo semanal de Belém para Natal, conquista do regime de redução do imposto sobre combustíveis para aviação (QAV) que adotamos. A Azul nunca teve voo de Congonhas para Natal e terá um semanal a partir de julho; a Latam volta com um voo diário de Congonhas, a partir de novembro. Então a expectativa para o segundo semestre é muito boa. Temos um sistema de inteligência desenvolvido em parceria com a Fecomercio, o Sírio, então hoje a gente trabalha com dados. Até há pouco tempo era só achismo no Rio Grande do Norte, agora não. Quando a gente senta com as companhias aéreas, levamos a radiografia, conseguimos ver os nossos principais concorrentes e argumentamos. E eles ficam surpresos porque os outros estados não trabalham assim. E fazemos campanhas cooperadas também.

Como assim ?

Antigamente a gente fazia campanha com a operadora, a secretaria colocava dinheiro e não tinha números. Agora trabalha campanha cooperada com vendas. Se a operadora não tiver aquele acréscimo que foi acertado, se não bater a meta, ela tem que replicar a campanha, divulgar o destino Rio Grande do Norte. E temos hoje esse acompanhamento, que é fundamental. E você sabe que sem números você não tem nada. Outra notícia boa é a nova concessionaria do aeroporto…

Até há pouco tempo era só achismo no Rio Grande do Norte, agora não. Quando a gente senta com as companhias aéreas, levamos a radiografia, conseguimos ver os nossos principais concorrentes e argumentamos. E eles ficam surpresos porque os outros estados não trabalham assim.

O que muda para o turismo do Rio Grande do Norte a chegada de uma nova empresa para administrar o aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante ?

 A melhor coisa que poderia acontecer para o Rio Grande do Norte foi a Zurich (suíça Zurich Airport) ter ganhado a relicitação. Na minha avaliação, não desmerecendo as outras, mas a Zurich, desde o primeiro momento, foi a única que procurou a secretaria. Outros consultores (de outras concorrentes) foram atrás de dados, mas eles não, representantes da Zurich chegaram próximo da secretaria, em vários momentos. Essa empresa não tem nenhum aeroporto no Nordeste, o que é muito importante. Falo isso porque outras operadores já administram aeroportos no Nordeste, inclusive, no caso de Fortaleza, Recife e Salvador, que também são hubs de companhias aéreas. A Zurich tem o aeroporto de Florianópolis, Vitória, uma parte de Confins, junto com a CCR, eles tem Bogotá, Curaçao, administram dois aeroportos no Chile e, lógico, na Europa. Eles mesmos nos disseram que o aeroporto de Natal é a cara do portfolio deles. E isso é muito bom para o Rio Grande do Norte. O representante  da empresa deixou claro para a governadora que querem trabalhar junto com o Governo do Estado para trazer mais rotas e investimentos, que é o que a gente precisa. E estamos falando de uma empresa séria, que ganhou 17 vezes como o melhor aeroporto da Europa. Os aeroportos do Brasil que eles administram são exemplos, como o de Florianópolis, um aeroporto-cidade, que é o que queremos para São Gonçalo.

Vocês já definiram metas de fluxo turístico visando a nova gestão do aeroporto ? A empresa já tem um planejamento nesse sentido ?

Não, primeiro porque não podia, já que não havia acontecido ainda a relicitação. Mas eles estiveram lá conosco, o CEO da Zurich, o Tobias, que foi quem bateu o martelo… quando estivemos com ele no Rio Grande do Norte Tobias nos perguntou a perspectiva do Governo com a nova concessionaria. Eu falei pra ele da parte do turismo, o que a gente quer, o secretário de Infraestrutura também falou sobre do modal, a interligação do aeroporto; o secretario de Desenvolvimento também falou… eles ficaram surpresos com a gente porque, além do turismo, temos a questão das energias renováveis, o projeto do porto-ilha, que já está bem avançado. Aliás, a governadora Fátima Bezerra tem levado esse projeto do porto para vários investidores, inclusive chineses… mas os representantes da Zurich devem vir em julho, porque agora é um período de transição. Agora começam as tratativas com a Inframerica, mas como falei já deixaram claro que querem trabalhar em conjunto com o Governo do Estado.

O representante  da empresa deixou claro para a governadora que querem trabalhar junto com o Governo do Estado para trazer mais rotas e investimentos, que é o que a gente precisa. E estamos falando de uma empresa séria, que ganhou 17 vezes como o melhor aeroporto da Europa.

A Zurich assume quando ?

Eles assinam contrato em setembro, a transição começa a agora em julho. Pode ser que assine antes, vai depender de como for a transição com a Inframerica.

E o Governo do Estado tem se preparado para o turismo que vai além das praias e do sol ?

 Tem se preparado muito. Você sabe que antigamente o Rio Grande do Norte era basicamente vendido como Natal e Pipa. Hoje em dia a interiorização do turismo já é uma realidade. A gente trabalha muito forte com a questão da capacitação. Precisamos trabalhar esses atores, a mão de obra, o turismo precisa disso. As pessoas que vão ao Rio Grande do Norte querem ser bem atendidas. Temos outros destinos, um produto maravilhoso como o Geoparque Seridó, reconhecido pela Unesco. A governadora Fátima esteve em Portugal, estivemos reunidos com os 9 Geoparques de Portugal. Então desse encontro nasceu a ideia de criar o Fórum de Geoparques da língua portuguesa e ficou acertado que esse evento vai acontecer no nosso território. Eles ficaram muito animados com isso, tem gente que viaja o mundo para conhecer Geoparques e é um turismo responsável, que deixa dinheiro, com o turista que quer ter uma experiência com a comunidade, que quer estar ali. Então já temos esse produto, que está na prateleira. Além do Geoparque tem a questão das serras que já estão se destacando na interiorização. E claro que nesse caso, o turismo regional é mais forte. Mas no caso do Geoparque já estão recebendo turistas também de fora.

Fora do Brasil ?

Ainda poucos, mas já tem operadoras de São Paulo vendendo o produto Geoparque, e com certeza vai ser um grande produto que teremos em breve correndo o mundo. Até porque eles estão fazendo tudo certo, os seis municípios da região estão trabalhando em conjunto, que é isso que a gente pede. Quanto mais atrativo tem numa região, mais tempo o turista fica. Então o turista que passa um, dois, três dias em Natal, vai para Pipa… se tiver outros atrativos ele fica mais.

E essa permanência do turista que vem ao Rio Grande do Norte já tem aumentado ?

Pelos dados do Sírio, a gente observou que, abril de 2023 comparado com abril de 2022, aumentou a permanência do turista no Estado em torno de 20%, e aumentou também quanto ele gasta. São dados importantes porque a partir desses números podemos desenvolver estratégias.

Quanto mais atrativo tem numa região, mais tempo o turista fica.

Já deu para perceber uma mudança no turismo pos-pandemia ?

Depois da pandemia mudou muito o turismo regional. Tem lugares no Rio Grande do Norte que você não consegue vaga: serra de São Bento, Passa e Fica e Monte das Gameleiras, são todos destinos lotados. Também os turistas dos estados vizinhos estão a procura de um lugar que tenha mais tranquilidade. Aumentou o fluxo do turismo de aventura, ecológico. Tivemos em abril e maio três feriados em 1 mês: na semana Santa, com Natal chovendo e os açudes sangrando, o Seridó e as serras do agreste estava todas lotadas.

Vocês passaram recentemente pelo Paraguai, Uruguai e Chile para vender o destino do Rio Grande do Norte para operadoras e agentes de viagens. Faz parte também dessa estratégia ?

 Faz, a América do Sul e muito forte, né ? Estivemos em Buenos Aires recentemente também num hot show com a Gol Linhas Aéreas, fizemos as principais cidades da Argentina. Tivemos uma reunião em Montevideo muito produtiva com cinco agências que dominam 35% do mercado, algumas trabalham com supermercados, com milhagem do Santander, Itaú, vamos fazer uma campanha cooperada com eles para lançarmos o produto Rio Grande do Norte fortemente com eles e, em breve, teremos um charter de Montevideo para Natal.

Estivemos reunidos com os 9 Geoparques de Portugal. Desse encontro nasceu a ideia de criar o Fórum de Geoparques de língua portuguesa e ficou acertado que esse evento vai acontecer no nosso território. Eles ficaram muito animados com isso, tem gente que viaja o mundo para conhecer Geoparques e é um turismo responsável, que deixa dinheiro, com o turista que quer ter uma experiência com a comunidade, que quer estar ali.

Ainda em 2023 ?

A gente está trabalhando com eles, eu ainda não posso garantir nada. Mas a ideia é que façamos um trabalho de dois anos. Estamos trabalhando e pode ser que, em setembro deste ano, a gente já consiga fazer um teste, estou levando dever de casa para conversar com as companhias aéreas para melhorar as conexões.

Há uma queixa das operadoras relacionada às conexões ?  

 A gente tem uma conexão muito boa da Azul até Recife. Mas de Recife para Natal é uma aeronave pequena. Então dificulta, mas já pedi, através do nosso sistema de inteligência, para fazer um levantamento de todas as nossas conexões da América do Sul, nas três companhias aéreas. Porque a gente vai renovar o nosso regime do QAV, em relação ao doméstico, e podemos pedir para melhorar as nossas conexões para que a gente melhore a vida do turista até chegar ao Rio Grande do Norte. E que não precise passar 7, 8 horas no aeroporto esperando uma conexão. Estou muito confiante porque essas agências com quem nos reunimos em Montevideo trabalham com o publico final. Vamos fazer uma campanha, levar jornalistas, para vender o Rio Grande do Norte aqui.

Passamos agora pela Semana do Meio Ambiente e a gente sabe que há um apelo mundial em defesa da sustentabilidade e de um turismo ambientalmente responsável também. Você já citou o Geoparque Seridó, mas para além deste atrativo, como o Rio Grande do Norte tem se preparado para esse cenário ?

A nossa preocupação também é com a questão da sustentabilidade. Ser um destino verde hoje e fundamental, quem tiver fora dessa pauta, esqueça. Porque esse é o turismo que mais cresce no mundo, é o turismo responsável, sustentável. Temos municípios que já trabalham isso fortemente como é o caso de Pipa, de Tibau do Sul, através do Preserve Pipa, uma associação premiada numa feira de São Paulo. A água servida nos restaurantes associados deles tem 20% menos de plástico, por exemplo, então é um diferencial. Outros municípios, como São Miguel do Gostoso, também estão nessa pegada. E a gente quer fazer ações para ajudar esses municípios a se fortalecerem nessa questão da sustentabilidade.

Porque, na sua avaliação, o turismo verde sustentável cresceu tanto nos últimos anos ?

 O mundo não aguenta mais isso, você vê pela questão das energias renováveis e o Rio Grande do Norte há 10 anos é o líder nacional na produção dessa energia limpa. Estamos trabalhando para fazer com o que o Rio Grande do Norte seja conhecido como destino verde. Assinamos agora com o Sebrae um convênio para fazer um trabalho com algumas comunidades quilombola e indígenas, Tibau do Sul, Simbauma , Katu, em Canguaretama; e Baia Formosa. A gente sabe que o turista responsável quer viver uma experiência com as comunidades, então temos que incentivar, ver o que eles tem pra oferecer e trabalhar. Vai ser uma consultoria de 1 ano e meio, vamos trabalhar com essas comunidades para prepara-los para receber o turista. Também fizemos um convênio com o Sebrae para a visitação de baleias. As baleias jubarte estão chegando ao Rio Grande do Norte por Pirangi do Sul, Tabatinga… então a ideia é que antes que as embarcações façam essas visitações de forma clandestina, até porque é uma coisa muito sensível, precisamos tomar muito cuidado. A gente quer preparar essas embarcações e as pessoas que desejam fazer essa visitação para que tenhamos mais um produto. Porque a gente sabe que é um produto que atrai muito turista. Já tem Santa Catarina, na Bahia, em vários lugares do Brasil. E é um produto caro, de certa forma, porque atrai o turista responsável. Então queremos preparar as pessoas nessas embarcações para que consigam fazer esse passeio com cuidado, com toda responsabilidade, para que o turista tenha mais essa experiência no Rio Grande do Norte.

A nossa preocupação também é com a questão da sustentabilidade. Ser um destino verde hoje é fundamental, quem tiver fora dessa pauta, esqueça. Porque esse é o turismo que mais cresce no mundo, é o turismo responsável, sustentável.

 Qual o período dessas visitações ?

 Tem um período, agora eles vem para acasalar, estão chegando e ficam de junho a novembro. E chegam próximo a costa, uns 10 a 15 quilômetros. Então é isso que a gente quer. Durante a pandemia fizemos reunião com todos os órgãos ambientais, já tem lei, então você pode fazer com toda a responsabilidade. A gente quer dar estruturação para as pessoas de forma correta. Também estamos preparando o Lajedo Soledade para acessibilidade, as cavernas de Felipe Guerra… , que terminaram agora o plano de manejo, então vamos fazer os projetos de 3 ou 4 cavernas pra trabalhar com o turismo espeleológico. São produtos que estamos criando para que o turista passe mais tempo no Rio Grande do Norte.

Ha um planejamento do poder publico para incentivar eventos culturais privados já consolidados como o festival de Cinema em São Miguel do Gostoso e em Baia Formosa, e o Bossa Jazz em Pipa e também em São Miguel ?

O festival de Cinema em São Miguel… aquilo é maravilhoso. O que a gente tem batido com os organizadores é que eu não quero um evento daquele para levar só pessoas da região ou de Natal. Podemos transformar em nacional. Por isso precisamos ter um calendário, para que eles nos passem as datas com antecedência, festival de cinema de São Miguel, Bossa e Jazz em Pipa, São Miguel… eu falo para os organizadores: eu preciso que você consiga hospedagem porque com a parceria que temos com empresas áreas conseguimos os bilhetes. Com essa parceria fazemos fanpress, trazemos jornalistas, influencers, para que vivam a experiência e divulguem o destino Rio Grande do norte. A gente quer que faça parte do calendário. Quero que a gente monte o calendário, divulgue com antecedência para levar turista pra lá. Quero o turista que vai viver a experiência com a comunidade, vai assistir e deixar dinheiro para gerar emprego e renda o norte-rio-grandense.

As baleias jubarte estão chegando ao Rio Grande do Norte por Pirangi do Sul, Tabatinga… então a ideia é que antes que as embarcações façam essas visitações de forma clandestina, até porque é uma coisa muito sensível, precisamos tomar muito cuidado. A gente quer preparar essas embarcações e as pessoas que desejam fazer essa visitação para que tenhamos mais um produto. Porque a gente sabe que é um produto que atrai muito turista

Até que ponto problemas de insegurança afetam a procura pelo destino do Rio Grande do Norte ? Os episódios de março de 2023 comprometeram a imagem do Estado ? 

Tivemos aquele problema em março, mas o Governo agiu rapidamente. Claro que houve desistências, na verdade houve mais uma parada de venda naquele período. E logo lançamos a campanha Rio Grande do Norte, Estado que acolhe. Divulgamos em Portugal, em horário nobre na Record, e a gente teve reuniões com operadores. Se tivesse essa interferência como alguns blogs e sites dizem, Rio de Janeiro e São Paulo nem tinha turismo, concorda ? Claro que isso não é bom, mas a gente tem visto o esforço do Governo para reforçar a segurança, fazer concurso público depois de 15 anos para PM, policia civil, bombeiros. Para o turismo são duas questões que não pode faltar: segurança e de acessibilidade. Por isso, antes que você pergunte sobre as estradas, a governadora esta super empenhada em consertar as estradas do Estado. Hoje já temos uma carteira de projetos de estradas, coisa que nunca houve, com recursos do governo Cidadão. Temos mais de 30 projetos de estradas estaduais. E a governadora Fatima esta pleiteando os empréstimos para investimento nas estradas, aproximadamente R$ 400 milhões ainda esse ano. Outro pleito, junto ao Governo Federal, e a duplicação da estrada da Pipa.

Falando em Governo Federal, o que mais a pasta do Turismo esta pleiteando ?

Nos últimos 4 anos foi zero de recurso para o turismo do Rio Grande do Norte. Zero. A governadora Fátima Bezerra nunca foi recebida pelo ministro do Turismo. Vou lhe dar um exemplo da diferença. A questão do aeroporto, tudo bem que estava no Tribunal de Contas da União (TCU). Mas foram 3 anos e meio parado. Assim que o Governo Federal assumiu, dia 18 de janeiro, saiu do TCU, uma semana depois a gente teve uma reunião com o ministro dos Portos e Aeroportos Marcio França e ele disse que dali a 15 dias teria um hot show com as empresas que estavam interessadas no aeroporto de são Gonçalo. A governadora propôs uma apresentação do Rio Grande do Norte e em pouco tempo foi marcado e já aconteceu a relicitação.

Você sente, em eventos de turismo como esse em Montevideo, a imagem do Brasil no exterior arranhada, por tudo o que representou o ex-presidente Jair Bolsonaro, ou isso já foi superado ?

Olha… a questão de Bolsonaro, você vê os números da Embratur, cresceu bastante a quantidade de turistas estrangeiros já nos primeiros meses de 2023. Acho que so a volta da marca do Brasil com S já deu uma mudada. Para além disso a gente teve um período parado por conta da pandemia mesmo. Principalmente eventos internacionais, até porque não tinha voo, que estão voltando agora. Mas a gente sabe que o grande problema ainda hoje é o numero pequeno de companhia aérea. E só temos três no Brasil hoje. A própria América do Sul não retomou tudo (quantidade de voos). Uma das justificativas das operadoras inclusive é a falta de aviões. A cada 4 meses a gente senta com as companhias aéreas. Reclamam da falta de pecas, a questão dos insumos, semelhante ao que viemos na questão dos respiradores… Montevideo e Santiago, mesmo com as conexões, ainda não tem uma malha aérea forte para o Nordeste. E os preços, ne ? Mesmo o trecho Buenos Aires/São Paulo o preço está alto.

Hoje já temos uma carteira de projetos de estradas, coisa que nunca houve, com recursos do governo Cidadão. Temos mais de 30 projetos de estradas estaduais. E a governadora Fatima esta pleiteando os empréstimos para investimento nas estradas, aproximadamente R$ 400 milhões ainda esse ano. Outro pleito, junto ao Governo Federal, e a duplicação da estrada da Pipa.

Como resolver a questão do preço das passagens ?

Não adianta só as passagens aéreas mais baratas, eu acho que precisamos ter mais companhias aéreas. As companhias de pequeno porte têm que chegar. Num país do tamanho do Brasil não tem condições de termos apenas três companhias aéreas. Nos países da Europa, você compra um bilhete por 40 euros e vai para outro país. Aqui você viaja de Natal para Lisboa em 6 horas e 40 minutos. Ja se você for de Natal para Porto Alegre, dependendo da conexão, você passa 9 ou 10 horas para chegar. E olha que tivemos um avanço. A Gol tirou os voos internacionais de Buenos Aires para todo mundo, inclusive o nosso, mas por conta do decreto do novo regime do QAV, para compensar, eles tiveram que incluir mais 5 rotas de voos domésticos. E aí chegamos a ter voos diretos regulares pra Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Goiânia e Campinas, todos pela Gol.

Então os altos valores das passagens estão mais relacionados à regulação do mercado e ao numero reduzido de companhias…

As companhias aéreas visam o lucro. Você acha que se ela está passando quase 90% dos voos para Natal, e está vendendo, você acha que vai baixar o preço ? Quem vai baixar ? E a mesma coisa de hotel. Se o hotel está com uma ocupação de 20%, 30%, a tarifa dele vai baixar, se ele esta com 90% a tarifa esta lá em cima. Não existe mais fazer oferta de aéreo, agora é oferta e demanda. Tem o momento que o nosso está mais caro. Daqui a meia hora pode estar mais barato. Não é porque Natal e mais feio que Maceió, não é isso. Não tem sentido.

Nos últimos 4 anos foi zero de recurso para o turismo do Rio Grande do Norte. Zero. A governadora Fátima Bezerra nunca foi recebida pelo ministro do Turismo

O que mudou na questão da redução do imposto sobre os combustíveis da aviação (QAV) do governo Robinson para o governo Fatima ? Porque o regime atual de redução se tornou mais atrativo para as companhias aéreas ?

O Governo passado fez um regime de redução de QAV que não atendeu as companhias. E eu não estou aqui criticando, ate porque participei da Emproturn no governo passado embora eu não tenha participado dessa discussão. Aquele regime foi elaborado durante um debate sobre a possibilidade da vinda do hub da Latam para o Rio Grande do Norte. Então o governo passado fez um regime só pensando no hub internacional. Baixou o imposto, mas não deu contrapartida para voos domésticos, só se tivesse voos internacionais. A Gol foi a única beneficiada porque colocou um voo internacional e o imposto dela caiu. Todas as demais operadores tiveram redução para 18% e o percentual da Gol caiu para 12%. Para cair mais tinha que ter mais voos internacionais…

E quais as consequências desse regime para o turismo e a malha aérea do Estado ?

A gente começou a perder malha viária porque os outros estados definiram as contrapartidas a partir dos voos domésticos. Tudo bem, tinha um ou outro internacional ali no meio. Mas com essa mudança e a diferença para os concorrentes, a gente chegou a ter uma malha muito ruim, em 2019, e começamos a mudar o cenário. Assim que a governadora assumiu fomos sentar com as operadoras. E aqui eu preciso falar da participação do secretário de Tributação Carlos Eduardo Xavier, único secretario de Tributação do país a sentar com as operadores, esse elogio veio das próprias companhias aéreas. E as operadores estão certas. O que adianta você ter uma redução no imposto se não tem voo ? Não é melhor reduzir aqui pra ganhar em quantidade de voos e gerar emprego e renda para a população ? Não tem outro segmento que gere emprego e renda para a população. A gente fez um novo regime, colocou contrapartidas, pra baixar de 18% para 12% tinha que ter X crescimento em voos domésticos. Se em 1 ano a companhia não cumprir tem que devolver o valor que teve no desconto do QAV. Conseguimos com isso crescer nossa malha aérea. E ainda incluímos os voos internacionais, que poderiam reduzir ainda mais. Com isso, nosso regime vai até zerar o imposto. Depois que fizemos esse regime crescemos e podemos cobrar. Hoje a gente vai lá com os números. E dizem que nem um Estado faz o que nos estamos fazendo, com dados, comparações, perfil de turistas, a ocupação das aeronaves… se eu tenho uma ocupação das aeronaves da Latam de 89%, porque tirar voo do Rio Grande do Norte ? Não tem sentido. Então a gente tem elementos para argumentar, o que antigamente não tinha.

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Jornalista e autor da biografia "O homem da Feiticeira: A história de Carlos Alexandre"