CIDADANIA

Área do RN deve se tornar santuário ecológico de aves migratórias

Cerca de 8.500 hectares do Rio Grande do Norte devem receber, em breve, reconhecimento internacional de santuário de aves migratórias, pela Rede Hemisférica de Reservas para Aves Limícolas (WHSRN). O status foi solicitado pelo projeto Flyways Brasil, que monitora a região que compreende Galinhos, Guamaré e Macau.

Na área, foram encontradas cerca de 26 mil aves limícolas de 20 espécies, sendo 15 migratórias do Hemisfério Norte (que vivem entre o Ártico Canadense e o Brasil) e cinco consideradas ameaçadas de extinção: as migratórias maçarico-de-costas-brancas, maçarico-de-bico-torto, maçarico-de-papo-vermelho, maçarico-rasteirinho e ainda batuíra-bicuda.

Para que esse reconhecimento aconteça, uma carta de intenção precisa ser redigida pelos proprietários de terra e gestores públicos das áreas com a intenção de preservar e tornar a proteção das aves objetivo do Município ou instituição privada.

Maçarico-de-bico-torto registrado na RDSE Ponta do Tubarão. A espécie é ameaçada de extinção, segundo o governo brasileiro. | Foto: Barong Audiovisual

A equipe de especialistas coleta as assinaturas necessárias ao reconhecimento internacional. Precisam aderir as Prefeituras de Guamaré e de Galinhos, Salina Diamante Branco e Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), gestor da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual (RDS) Ponta do Tubarão.

De acordo com o coordenador do Flyways Brasil, o doutor em Ecologia João Damasceno, o projeto começou em 2015, observando áreas também na Paraíba e na Bahia, através de monitoramentos realizados por uma rede de voluntários formada por Bruno Almeida, Roberta Rodrigues, Ricardo Duarte, Jason Mobley e Jorge Dantas.

“Após um ano de monitoramento, os dados do RN chamaram atenção pela quantidade de espécies ameaçadas e pela quantidade de indivíduos”, lembra.

“Os dados mostram que mais de 1% da população de maçarico-de-papo-vermelho utiliza a região como sítio de invernada ou descanso, todos os anos entre setembro e março”, Damasceno apresenta exemplo, ressaltando que o projeto visa monitorar as populações de aves e promover o engajamento dos setores público e privado, além das comunidades para a proteção dos ambientes costeiros e conservação das aves na região.

Imagens feitas pelo projeto em Guamaré:

“A partir do reconhecimento, a gente pretende ampliar a possibilidade de estimular o ecoturismo da região através da observação de aves. Espera-se também conseguir recursos pra desenvolvimento de alguns projetos socioambientais.”, completa.

O Projeto Flyways Brasil é desenvolvido pela SAVE Brasil (Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil), em parceria com o Instituto Neoenergia e apoio do Ministério de Meio Ambiente do Canadá, BirdLife International e Fundação Bobolink.

Ao divulgar programação da Semana do Meio Ambiente, a diretora do Instituto Neoenergia, Renata Chagas, destacou a expectativa: “O Flyways é o projeto mais antigo do Instituto Neoenergia em atividade e realiza um trabalho importante de conservação de espécies migratórias e seus habitats no litoral potiguar(…) É uma iniciativa transformadora, que preza pelo engajamento da população e a educação ambiental, assim como o estímulo ao turismo sustentável nesse santuário ecológico”.

Foto: Prefeitura de Guamaré

Em maio deste ano, as organizações envolvidas nesses estudos se reuniram em Guamaré para entrega do marco que inaugura o turismo contemplativo de aves na região. Foi instalada uma placa na Orla Aratuá com informações sobre as espécies de aves limícolas que chegam ao estuário para se alimentar.

Atualmente, o Brasil conta com apenas três desses santuários: Parque Nacional Lagoa do Peixe, Rio Grande do Sul; município Icapouí, Ceará; e Reentrâncias maranhenses, no Maranhão.

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Isabela Santos é jornalista e repórter da agência Saiba Mais