DEMOCRACIA

Ex-delegado do Dops é condenado por ocultação de cadáver de potiguar Luís Maranhão e mais 11 militantes mortos na ditadura

O ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Espírito Santo Cláudio Guerra foi condenado a sete anos de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de ocultação de cadáver de 12 militantes comunistas, assassinados entre 1973 e 1975, durante a ditadura, e incinerados na Casa da Morte, em Petrópolis. Entre as vitimas, estava o jornalista potiguar e militante do PCB Luiz Ignácio Maranhão Filho.

A decisão foi publicada dia 8 de junho pela Justiça Federal de Campos dos Goytacazes. A condenação cabe recurso e Cláudio Guerra pode recorrer em liberdade.

A ação penal ajuizada pelo Ministério Publico Federal está relacionada ao desaparecimento de 12 militantes políticos durante o regime autoritário. As vítimas são: Ana Rosa Kucinski Silva, Armando Teixeira Frutuoso, David Capistrano da Costa, Eduardo Collier Filho, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, João Batista Rita, João Massena Melo, Joaquim Pires Cerveira, José Roman, Luís Inácio Maranhão Filho, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto e Wilson Silva.

“A imprescritibilidade dos crimes sob apuração, aqui considerados como crimes contra a humanidade (ou de lesa-humanidade), em atenção à Constituição da República, às normas internacionais de direitos humanos e à jurisprudência sedimentada no âmbito dos sistemas global e interamericano de proteção aos direitos humanos”.

Trecho da sentença 

Ex-delegado confessou os crimes em livro

Os crimes cometidos por Guerra foram investigados em processo criminal, baseado em seus próprios relatos no livro Memórias de Uma Guerra Suja. Ele confessou ter recolhido os corpos de 12 pessoas e levado para serem incinerados entre 1973 e 1975.

Os corpos foram retirados de locais como a “Casa da Morte” em Petrópolis (RJ) e o DOI-Codi no Rio de Janeiro, sendo incinerados posteriormente na Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes. A confirmação dos corpos levados por Guerra foi feita em vários depoimentos, incluindo um prestado no MPF no Espírito Santo. Essas 12 pessoas mencionadas por Guerra fazem parte de uma lista de 136 pessoas consideradas desaparecidas pelo relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Denúncia

A denúncia contra Guerra foi apresentada, em julho de 2019, pelo procurador da República Guilherme Garcia Virgílio, do MPF em Campos dos Goytacazes. O réu foi acusado de destruição e ocultação de cadáveres.

Segundo o procurador, as ações criminosas de Guerra são graves e não devem ser toleradas em uma sociedade democrática.

“O comportamento do réu se desviou da legalidade, afastando princípios que devem nortear o exercício da função pública por qualquer agente do Estado, sobretudo daquele no exercício de cargos em forças de segurança pública, a que se impõe o dever de proteção a direitos e garantias constitucionais da população”, afirmou o procurador Virgílio.

Com informações da agência Brasil

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