O Balbúrdia desta sexta (02) foi todo realizado com tradução simultânea em Libras (Língua Brasileira de Sinais), para falar sobre o Projeto Narrativas do Silêncio, que tem a proposta de garantir o direito dos surdos de usufruir e desenvolver produções culturais. O projeto já realizou trabalhos na área de fotografia e teatro.
“O objetivo do projeto é dar, realmente, cumprimento a normativas que já existem, muitas, que garantem o direito do surdo tanto de fruição, quanto de criação, mas que na prática não acontecem. Além da valorização da língua [a Libras], muitas vezes não temos conhecimento de todo esse processo cultural dos surdos, da primeira língua, do entendimento da língua portuguesa pra eles… é um vocabulário diferente, uma cultura surda que só entendemos a partir do momento que convivemos com eles. A proposta do projeto é de também mostrar essa comunidade”, comenta Fábia Fernandes, produtora do Projeto Narrativas do Silêncio.
Assim como aconteceu com outros grupos invisibilizados pela sociedade, uma das dificuldades das pessoas surdas é de se identificar nos ambientes e acreditar que esses espaços culturais também podem ser acessados por elas.
“Isso tem muito impacto na autoestima e é pouco falado. Como é a poesia surda? Eu confesso eu não entendo como é exatamente, mas uma das ações do nosso projeto nessa edição é fazer uma oficina de poesia surda e mostrar que ela é totalmente diferente da poesia do ouvinte. A gente não tem esse entendimento. Fico me questionando, e essa é uma das primeiras perguntas eu quero fazer na oficina é: a gente tem tradução para poesia surda? Tem como traduzir? Porque é uma coisa totalmente corporal, de expressão. Então, quando ele vê esse mundo ao qual ele pertence sendo mostrado, da sociedade querendo entender como esse mundo funciona, com certeza a autoestima e valorização implica até na procura por outros conhecimentos”, avalia a produtora.
Até agora já foram realizadas oficinas de fotografia em Natal e Parnamirim, nos dias 07 e 08 da próxima semana serão realizadas as oficinas de teatro. Quem se interessar em participar das oficinas, pode se inscrever na Asnat (Associação de Surdos de Natal) e no Suvag (Sistema Universal Verbotonal de Audição Guberina), mas também da pra encontrar mais informações no instagram da Asnat ou através da Risalva pelo número: (84)9863-4155, que também tem WhatsApp.
No dia 09 será realizada a peça “O Pequeno Príncipe”, no Teatro Alberto Maranhão, por uma companhia de Curitiba eu tem uma atriz surda. A entrada é gratuita com distribuição dos ingressos na bilheteria do teatro a partir das 15hs. Na sequência do projeto, ainda haverá a realização da oficina de poesia e a montagem de uma peça teatral.
Confira a entrevista:
(61) Acessibilidade para pessoas surdas: entrevista com Fabia Fernandes – YouTube