CIDADANIA

“A gente ainda tem que enfrentar todos os dias os resquícios da colonização”, diz liderança de terreiro

O Balbúrdia desta terça-feira (4) recebeu a Iyalaxé Flavinha d’ Oxum para falar sobre as políticas públicas voltadas para os povos de terreiro no Rio Grande do Norte. Segundo ela, estas comunidades continuam a enfrentar o preconceito e resquícios da colonização. Por outro lado, a Iyalaxé destacou a maior abertura para o avanço de medidas favoráveis aos povos de religiões de matriz africana no RN junto ao Governo do Estado.

“A gente teve uma crescente em todo o país, infelizmente de novo, com essa onda de intolerância, de invasão, de vilipêndio dos monumentos, de assassinatos de sacerdotes. Então é alarmante e isso não é do nada. A crescente que houve foi sim também por causa, infelizmente, da política que estava sendo desenvolvida no país”, afirmou, em referência ao antigo governo federal. 

“Hoje a gente está como toda a sociedade tentando respirar, e esse processo é longo. A gente ainda tem que enfrentar todos os dias os resquícios da colonização. Então o processo que a gente passa hoje é exatamente de libertar o povo desse processo, é descolonizar as cabeças para que a gente possa construir uma outra realidade”, disse Flavinha.

Para ela, o processo de autocuidado e auto organização no RN levou, inclusive, a parcerias com a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesed), além de outras pastas do Executivo potiguar.

“A gente está numa janela de tempo onde os gestores são sensíveis, claro que devido à nossa luta insistente em auto organização do movimento”.

Gama-RN

Flavinha, também estudante de Ciências da Religião na Uern campus Natal, destacou a atuação do Grupo de Articulação de Matriz Africana e Ameríndia (GAMA/RN) nas políticas públicas desenvolvidas no Estado.

Um dos pontos positivos, para ela, foi a realização do primeiro e segundo encontro estadual das comunidades de terreiro, feitos em parceria com outros movimentos. 

A Iyalaxé citou ainda a boa relação com a bancada de esquerda potiguar.

“Essa sensibilidade do Parlamento foi extremamente importante para que a gente desenvolvesse os primeiros marcos legais voltados para os povos e comunidades tradicionais do Estado”, afirmou. 

“As primeiras leis nasceram em 2021 em plena pandemia exatamente por causa da necessidade de amparo e suporte aos povos e comunidades tradicionais do Estado. Em consonância com o governo, que houve sensibilidade da governadora para sancionar, a gente tá conseguindo avançar”, destacou.

Assista a entrevista completa:

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