Sem a “passagem de faixa”, ou seja, sem a presença do antigo presidente para passar o comando do partido para seu sucessor, o senador Rogério Marinho tomou posse da presidência do PL (Partido Liberal) no Rio Grande do Norte, na manhã desta segunda (3), durante evento realizado em um hotel na zona sul de Natal.
O deputado federal João Maia, que presidiu o partido por 19 anos e do qual deve sair, não esteve presente na cerimônia de posse de Rogério Marinho. Ele passou o final de semana no interior do Rio Grande do Norte e retornou para Brasília hoje. João Maia também não fez qualquer publicação em suas redes sociais de reverência ao seu sucessor à frente do partido.
Além de Maia, outro membro do PL ausente na cerimônia foi o deputado estadual bolsonarista coronel Azevedo, que também não fez qualquer menção ao evento em suas redes sociais.
Quem também não demonstrou apoio foi o prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), antigo aliado de Marinho durante a gestão Bolsonaro e que chegou a participar de vários eventos quando a dupla esteve em Natal indo, inclusive, até cidades do interior.

O apoio…
Na esfera federal, posaram para foto com Marinho os deputados federais Robinson Faria (PL), General Girão (PL), Paulinho Freire (União Brasil) e Benes Leocádio (União Brasil), além do senador Styvenson Valentim (Podemos).
Já dentre os deputados estaduais estiveram presente o Sargento Gonçalves (PL), Terezinha Maia (PL), Tomba Farias, Dr. Kerginaldo (PSDB), Taveira Júnior (União Brasil) e Luiz Eduardo (Solidariedade), juntamente com alguns prefeitos e vereadores.
O PL é lembrado historicamente por ser um partido que faz parte do chamado “centrão”, como são chamados os partidos menores que se juntam em um bloco informal para ter mais força política e poder de barganha.

O legado
Quando o Tribunal Superior Eleitoral condenou Jair Bolsonaro (PL) a se tornar inelegível até 2030, Rogério Marinho se colocou como defensor do “legado” do ex-presidente.
Depois de perder a reeleição para deputado federal em 2018, mesmo sendo o 2º candidato que mais gastou na campanha, de acordo com dados oficiais do TSE, Marinho Rogério Marinho foi promovido a secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia e foi o relator da reforma trabalhista proposta pelo governo de Michel Temer (MDB), que assumiu a presidência da República depois do golpe contra Dilma Rousseff em 2016.
Na proposta aprovada, foram alterados cerca de cem pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a partir de reivindicações do empresariado brasileiro. A reforma ainda trouxe a jornada de trabalho intermitente, sem garantia de jornada fixa, e aumentou as terceirizações. Marinho também foi responsável por articular a aprovação da Reforma da Previdência
Como “reconhecimento” pelo trabalho executado, Marinho foi nomeado como secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia no primeiro ano do governo Bolsonaro. Ele ficou no cargo até 2020, quando foi subiu para o 1º escalão e foi nomeado ministro do Desenvolvimento Regional.
Já como ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marnho também era responsável pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), onde auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou fraudes em licitações, aumento no número de licitações entre 2019 e 2021, além de uma abrupta queda na concorrência e no desconto que as empresas vencedoras dos contratos ofereciam pela obra.
A estatal foi usada como moeda de troca pelo governo para garantir apoio político dos parlamentares do “centrão” em matérias de interesse da presidência, segundo uma série de reportagens publicadas pelos jornais Folha de São Paulo e Estadão. Esses deputados e senadores tinham direito a cargos e verbas encaminhadas por meio de “orçamento secreto”, repasses de recursos feitos através de emenda de relator, sem origem e motivação identificada.
Marinho foi eleito senador em 2022 com a ajuda de Bolsonaro, a quem prometeu dar continuidade ao “legado”.