Descontinuidade na entrega de insulina em Natal põe diabéticos em risco
Natal, RN 1 de dez 2023

Descontinuidade na entrega de insulina em Natal põe diabéticos em risco

22 de outubro de 2023
4min
Descontinuidade na entrega de insulina em Natal põe diabéticos em risco

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Vida com diabetes requer uma rotina de escolhas, cuidados constantes, atenção rigorosa, atividade física e, essencialmente, a administração regular de insulina. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é o responsável pelo tratamento da doença, reconhecendo que a regularidade é fundamental para uma vida sem complicações. Mas em Natal, o fornecimento de insulina de maneira descontinuada tem colocado a vida de diabéticos em risco. Há dois meses, os pacientes portadores da Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) estão sem receber a insulina Tresiba.

Para os pacientes que contam com o Prosus, um serviço gerido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal desde 2012, a falta de regularidade na distribuição tem sido um dilema constante. Esse problema é particularmente alarmante para os portadores da Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1), em que o hormônio responsável pelo metabolismo da glicose é totalmente deficiente. Para eles, a falta de insulina significa uma menor expectativa de vida, onde cada dia sem esse medicamento representa uma perda de cinco dias de vida.

Sem poder contar com o serviço público municipal, os pacientes precisam arcar com os custos dos medicamentos injetáveis. O que não é uma realidade possível para a grande maioria dos usuários do programa que têm, por prescrição médica em seu protocolo clínico, que fazer uso da insulina Tresiba. Hoje, no mercado, cada frasco da insulina custa em média R$ 190,00. No mês, o valor do tratamento varia de acordo com a dose diária de cada paciente. Como portadora de diabetes tipo 1 desde os seis anos de idade, meu gasto em farmácia só com as insulinas e insumos gira em torno de R$ 1.500 por mês.

No Prosus, os funcionários não sabem explicar as motivações para a descontinuidade no fornecimento da insulina, nem quando a entrega será normalizada. Aos pacientes que procuram o serviço não é oferecido sequer um canal de comunicação. Os diabéticos precisam ir presencialmente para receber a notícia de que a insulina continua em falta.

A agência Saiba Mais entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde para pedir explicações para a descontinuidade do fornecimento da Tresiba e o prazo para normalização do serviço. Até o momento de fechamento desta matéria, a informação era de que a gestão municipal ainda não tinha respostas.

Em agosto de 2022, a Associação Potiguar Amigos dos Diabéticos (APAD), o Ministério Público, a Defensoria Pública, a secretaria municipal de saúde e um dos fornecedores de insulina estiveram reunidos para “resolver a falta de insulina que no ano passado foi absurda. Em todo o ano de 2022 a prefeitura só fez a distribuição em dois meses”, lembrou Claudio Rocha, que integra o jurídico da APAD e é casado com uma portadora de diabetes.

“O Ministério Público entrou com denúncia dizendo que se não houvesse a regularização o prefeito e o secretário municipal de saúde poderiam ser denunciados por improbidade”, pontuou Cláudio.

Com a descontinuidade novamente no fornecimento da insulina, a APAD questiona: “O que o Ministério Público vai fazer: Vai denunciar ou var ser complacente mais uma vez? Porque isso vem se arrastando há anos.

O Brasil é o sexto país em incidência de diabetes no mundo e o primeiro na América Latina — são 15,7 milhões de pessoas adultas com esta condição, e a estimativa é que, até 2045, a doença alcance 23,2 milhões de adultos brasileiros. No Rio Grande do Norte, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2018 pelo IBGE, existem cerca de 135.000 pessoas diagnosticadas com diabetes.

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