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Filtro para proteger visão em eclipse solar está esgotado em Natal
13 de outubro de 2023
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O filtro de solda número 14 é o equipamento recomendado por especialistas para olhar com segurança o sol durante o eclipse solar do próximo sábado (14). A poucos dias do fenômeno, as lojas de equipamentos e material de construção de Natal já estavam sem o item, que chegou a custar cerca de cinco vezes mais que o preço habitual, de até três reais.
As placas de vidro são usadas em máscaras que protegem rosto e pescoço dos trabalhadores que operam com soldagens, evitando faíscas, raios ultravioleta e infravermelhos. A constante exposição a essas radiações pode queimar a retina, o que também pode acontecer a quem olhar diretamente para o sol.
José Edinaldo tem loja virtual na OLX e, nesta semana, conseguiu comercializar 400 unidades a quinze reais, cada. Nesta sexta-feira (13), acredita que acabaram os estoques não só de Natal, mas de todo o Brasil.
“Na terça-feira em Natal já não tinha. Alguns fornecedores ainda tinham poucas unidades. Na terça-feira, eu recebi de Fortaleza 100 unidades e vendi todas em uma hora. Na quarta, esse mesmo fornecedor enviou mais 300, que também foram vendidas em uma hora.”, conta o comerciante, ao explicar também a alta do preço, bastante questionada pelos clientes.
“A procura das pessoas fez acabar todo o estoque de fornecedores e lojas. A mesma coisa aconteceu na pandemia com as máscaras. A procura desesperada das pessoas pelas máscaras industriais e N95 aumentou o preço delas. A máscara que era noventa centavos foi pra sete reais. O mesmo aconteceu com as lentes filtro 14. Lentes que custavam entre um real e oitenta centavos e três reais foram para sete, oito e a última remessa eu recebi a dez reais a unidade.”
Na falta, os filtros de números menores também estão sendo vendidos. Edinaldo avisa que está para receber 75 unidades da lente número 12 (que não é adequada para observar o fenômeno) e já vendeu 50, a todo momento atendendo pelo WhatsApp pessoas interessadas.
A procura é tanta, que o natalense comenta sobre intenção de ir ao Paraguai comprar. “Só não tenho estoque porque Natal, este fim de mundo, não tem voo que vá para o Paraguai e volte no mesmo dia. Eu não posso pegar um avião hoje e voltar amanhã porque é dinheiro perdido. Se voltasse hoje à noite, era certeza eu ter 10 mil lentes e vender todas as 10 mil”, lamenta.
As lojas não se prepararam para a demanda e restam apenas as máscaras. A gerente do setor de ferramentas da Agaé, Talita Ruama conta que a loja não trabalha com o filtro 14, já que as máscaras vendidas pela empresa não necessitam desse tipo de proteção, mas confirma a alta procura. “O WhatsApp da loja é lotado de pessoas perguntando se tem. No telefone também. A gente só vende 10 e 12, mas elas não servem para olhar o sol. Nem se colocar uma em cima da outra. Os especialistas explicam que somente a 14 oferece proteção”, repassa a informação.
Depois de telefonar para várias lojas, os estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) Jully Kalyanny e Gabriel Xaviar foram à Ferreira Costa na quarta-feira (11) procurar filtro de solda, sem sucesso. Os vendedores dizem que o item normalmente tem pouca saída e o estoque é baixo.
O objetivo da compra não era assistir ao eclipse, mas sim a proteção durante uma soldagem mesmo. Jully é aluno do mestrado em Uso Sustentável de Recursos Naturais e Gabriel está na graduação de Engenharia Civil. Juntos, eles participam do Projeto de Extensão Meio Ambiente e Reciclagem (M.A.R.).
“Estamos desenvolvendo uma prensa para placas de madeira plástica, um material que é usado tanto pra design de interiores quanto na construção civil. No desenvolvimento desse maquinário, a gente tem locais pra fazer solda no Instituto, mas muitas vezes estão ocupados e os estudantes que já sabem fazer querem adiantar o trabalho”, explica Jully.
“Todos os filtros estão em falta. Isso quer dizer que tem gente levando número incorreto pra ver o eclipse e pode se prejudicar. O de número 14 tem a sensibilidade alta”, diz o estudante.


