Assembleia do RN vira principal ninho tucano do PSDB sob Ezequiel

Enfraquecido no Brasil após a ascensão do bolsonarismo e da derrota ao governo de São Paulo, o Rio Grande do Norte virou o principal ninho tucano para o PSDB entre as Assembleias Legislativas do país.
Dos 24 deputados estaduais do RN, 10 são do PSDB do presidente da Casa, Ezequiel Ferreira. O parlamentar está no comando potiguar da sigla desde 2017.
É o maior número de tucanos em todas as Assembleias Legislativas do Brasil, tanto em termos absolutos quanto na porcentagem (41,6%).
O Rio Grande do Norte supera, por exemplo, o estado de São Paulo, com nove parlamentares do PSDB dentre as 94 cadeiras (9,5%).
A ALRN é, ainda, a única Casa em que o PSDB possui maioria de deputados, ao lado do Mato Grosso. Lá, a legenda tem seis vagas entre 24.
A força tucana no Rio Grande do Norte contrasta com o resto do país. Desde a década de 1990, o PSDB era o principal partido que rivalizava com o PT a nível nacional. Governou o país duas vezes com Fernando Henrique Cardoso (de 1995 a 2003) e chegou em todos os segundos turnos nas eleições presidenciais de 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014.
O declínio da sigla começou com a ascensão do bolsonarismo. Com Geraldo Alckmin candidato em 2018, a legenda amargou apenas o quarto lugar na corrida presidencial, ficando atrás de Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (então no PSL).
No ano passado, já com Alckmin aliado de Lula, o partido não lançou nem sequer um nome próprio à presidência, compondo a vice-presidência de Simone Tebet (MDB) com Mara Gabrilli. A dupla de mulheres adotou um discurso contra a polarização mas não conseguiu êxito e novamente o PSDB ficou de fora de uma chapa no segundo turno.
Em São Paulo, onde esteve à frente do Palácio dos Bandeirantes por 28 anos, o partido de FHC e Aécio Neves sofreu outro duro baque em 2022 e perdeu o governo para Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Na capital paulista, o partido tinha a prefeitura até 2021, quando Bruno Covas morreu. A gestão, então, passou para Ricardo Nunes (MDB), seu vice.
Para o líder do PSDB no Rio Grande do Norte, deputado Ezequiel Ferreira, o crescimento do partido no estado se dá pelo “constante debate entre filiados e as bases nos municípios”.
“A cada eleição temos aumentado nossa participação nas Câmaras Municipais e na Assembleia Legislativa somos a maior bancada. Nas eleições majoritárias municipais, assim como nas estaduais, temos sido decisivos”, disse.
E os municípios são, de fato, outra frente importante para a manutenção da forte influência do tucanato. Em 2020, o PSDB elegeu 31 prefeitos. Ficou somente atrás do MDB do hoje vice-governador Walter Alves, que venceu em 39 cidades.
“Estamos fortes e construindo nominatas representativas para 2024”, afirmou Ezequiel.
O partido só destoa de sua força na Câmara Federal. Entre os oito representantes do Rio Grande do Norte em Brasília, não tem nenhum deputado eleito.
O poder de Ezequiel
A musculatura do PSDB não acontece por acaso. Ezequiel é presidente da ALRN desde 2015. Neste ano, foi beneficiado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o permitiu disputar outro mandato à frente da Mesa Diretora da Casa.
No retorno do trabalho dos deputados, foi eleito e reeleito para mais dois mandatos à frente da presidência da Casa e concluirá esta passagem somente no início de 2027, somando seis mandatos e 12 anos de presidência.
Sob a intensa concentração de prefeitos, vereadores e deputados ao seu redor, era o nome preferido da oposição para enfrentar Fátima Bezerra (PT) ao governo no ano passado. Foi cortejado por diferentes setores do centro e da direita e chegou a ser anunciado pela imprensa como pré-candidato a governador.
Preferiu, contudo, recuar e se manter na Assembleia sem sobressaltos. Assim, manteve o apoio a Fátima Bezerra. A governadora foi reeleita no primeiro turno.