Semáforos para pedestres em Natal sinalizarão mudança de cor

Os próximos semáforos para pedestres a serem instalados em Natal deverão ser equipados com dispositivo de contagem regressiva de tempo e com sinalizador sonoro progressivo de alerta de mudança de sinal, conforme a Lei 759/2023, promulgada no Diário Oficial do Município desta sexta (3).
“Essa é uma luta que vem se consolidando ao longo do tempo para facilitar a mobilidade das pessoas com deficiência, especialmente, visual. É uma conquista fundamental para inclusão que, para ser plena, precisa abranger os diferentes aspectos, como eliminar as barreiras físicas e arquitetônicas. Mas, é importante destacar que, para nós, é imperativo que a política de acessibilidade seja expandida e que contemple os bairros mais periféricos”, ressalta Ronaldo Tavares, que é Presidente da Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte (Socern), do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Natal e assumiu a vice-presidência do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, além de integrar o Conselho Municipal de Transporte.
Atualmente, alguns poucos semáforos para pedestres em Natal possuem um bip sonoro para indicar quando o sinal está fechado para os carros. Porém, se a pessoa com deficiência visual chega para atravessar a rua depois que o sinal sonoro inicial já foi emitido, não é possível saber se o semáforo está verde, nem quanto tempo falta para ficar vermelho, para que a travessia da faixa de pedestres seja feita em segurança.
“Hoje não temos como saber se o sinal está verde ou perto de fechar. Há alguns poucos sinais que emitem um bip, como aquele perto da Rede Mais da Alexandrino de Alencar com a 9 [Avenida 9], na Deodoro da Fonseca, perto da Universal [na Avenida Salgado Filho]. Mas, eles precisam ser mais completos, descrever a mudança das cores. Hoje a tecnologia já permite, não é algo de outro mundo, mas de empatia, de se colocar no lugar do outro”, pondera Ronaldo Tavares.
Os poucos semáforos para pedestres com sinais sonoros, quando têm a botoeira apertada, emitem o aviso “aguarde o sinal verde”, quando o sinal ainda está verde para os veículos. Na sequência, quando o sinal fecha para o fluxo do trânsito, é emitido um bip. Apenas quando o semáforo estiver prestes a ficar verde novamente para liberar o tráfego, é emitida a mensagem: a Prefeitura do Natal agradece.
De acordo com a nova lei, o tempo para travessia dos pedestres será proporcional à largura rua e ao número de pistas que o pedestre vai precisar atravessar.
A substituição dos semáforos para pedestres existentes deverá ocorrer aos poucos, à medida que os equipamentos já instalados forem considerados imprestáveis. A nova legislação passa a valer daqui a 180 dias.
“O importante é que as pessoas possam ter autonomia e independência. Ainda ficamos muito na dependência de terceiros. Se estou no Alecrim e não tem ninguém na parada para perguntar, não tenho como saber qual o ônibus está parando e vou perder a condução. Isso não servirá apenas para as pessoas com deficiência visual, mas para um idoso, para as pessoas que não sabem ler...”, exemplifica o presidente da Sociedade dos Cegos do RN.
Placas em braile

Em junho, algumas paradas de ônibus e alternativo receberam placas com sistema de identificação das linhas de transporte em Braille. O presidente da Socern luta para que os ônibus tenham um sistema sonoro que descreva as paradas por onde o transporte coletivo está passando.
“É algo simplório, temos um departamento na STTU e as universidades que trabalham essas tecnologias. É só querer. O sistema já existe e a custo zero, é o ‘parla voz’, que é gratuito. O Seturn [Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Natal] fala tanto em licitação, tem duas propagandas rodando sobre isso, podia implantar o sistema nos ônibus”, sugere Ronaldo Tavares, que fez contato com o gabinete do deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) para sugerir algumas proposições para serem levadas à Câmara dos Deputados, como a que tipifica como racismo crimes cometidos contra pessoas com deficiência, através de uma emenda à Lei Brasileira de Inclusão 13.146/ 2015.
“Como não temos 13ª, também temos a sugestão de criar um tributo natalino para pessoas com deficiência que recebem BPC [Benefício de Prestação Continuada] e oferecer um kit pedagógico básico para pessoas cegas, com uma Sorobã (calculadora para cego), reglete e punção [instrumentos para escrita em baile], mochila e papel especial peso 40, guia de assinatura (para escrever na escrita comum) e bengala”, adianta Ronaldo.