Henrique Fontes: “A Arte não salva. Ela aponta saídas. Quem se salva é o povo”
Natal, RN 18 de abr 2024

Henrique Fontes: "A Arte não salva. Ela aponta saídas. Quem se salva é o povo"

1 de setembro de 2021
Henrique Fontes:

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Sob ataques, censura e em alguns casos abandono, a Cultura resiste como resistem os seus fazedores no Brasil. A escalada autoritária que levou à presidência Jair Bolsonaro, elegeu a Cultura como um dos primeiros e principais alvos. Quem explica as razões é o ator e dramaturgo Henrique Fontes, que é sócio-fundador e diretor do Espaço Cultural Casa da Ribeira.

Henrique é mestre em Ciências Sociais pela UFRN, tem mais de 30 anos de teatro, 14 deles no Grupo Carmin. Montou 14 peças como diretor e escreveu 15.

A Agência Saiba Mais escolheu a CULTURA como uma das áreas que norteiam o foco das áreas de interesse a serem pautadas, junto com DEMOCRACIA, CIDADANIA,TRANSPARÊNCIA e TRABALHO. Ao longo desta semana de aniversário, em qua a agência completa quatro anos, cada jornalista da equipe entrevistou uma personalidade para tentar traduzir a importância de uma dessas áreas para o Brasil, hoje e amanhã.

Confira a entrevista:

O que a cultura representa para o Brasil de 2021?

A Cultura e as Artes, nestes tempos de crise humanitária gerada pela gestão criminosa do governo federal, em associação com a pandemia, representam a criação de imaginários em que possamos nos inspirar para construir o futuro. Nada é feito pelo ser humano sem antes ser imaginado, sonhado, desenhado no plano das ideias. O que alimenta esse imaginário é a forma como criamos linguagem e nos projetamos nesse futuro. Esses são elementos de base da Cultura.

Por que o setor cultural é a primeira vítima de autoritários?

O setor cultural é sempre o primeiro a ser atingido em regimes autoritários, justamente pela força que as Artes e demais formas culturais têm para criar esses imaginários e influenciar no pensamento libertador e coletivo. É sempre este pensamento que inicia os ventos para derrubar regimes antidemocráticos.

A arte seria capaz de salvar sociedades do abismo?

A Arte não salva. Ela aponta saídas. Quem se salva é o povo.

Podemos dizer que a arte de um povo é o seu GPS social, reflete aspectos socioeconômicos dele?

A Cultura como um todo é o que identifica e indica caminhos de qualquer sociedade. Se alimentamos uma cultura fascista, seremos uma nação fascista. Se reforçamos nossos valores originários, respeitando quem nos trouxe até aqui e buscando sempre dialogar com o presente, podemos sim identificar as mais diversas linguagens das artes e outras formas de Cultura, como guias, como esse GPS que você fala.

Estamos conseguindo transferir a nossa cultura para as futuras gerações em um mundo tão expandido pelas novas tecnologias da informação?

As novas tecnologias não são impedimentos de transferência de conhecimento, pelo contrário, elas podem ser grandes ferramentas para que mais pessoas conheçam. No entanto, a exclusão digital, a injustiça social, a insegurança alimentar que segregam e penalizam uma grande parte da população do Brasil, podem sim ameaçar que muitas manifestações culturais morram com um geração sem que a nova geração sequer saiba o que lhe foi negado.

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