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As regiões de Natal e Mossoró são responsáveis pela metade do lixo que tem destinação adequada no Rio Grande do Norte. De acordo com o diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Sérgio Pinheiro, cerca de 10% dos municípios potiguares dão destino adequado aos resíduos produzidos pela sociedade, com aterros sanitários e ainda perdendo a oportunidade de geração de emprego e renda.
Um estudo publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2018 apontava 12 municípios com essa destinação: Alto do Rodrigues, Ceará-Mirim, Extremoz, Ielmo Marinho, Macaíba, Mossoró, Natal, Parnamirim, Riacho da Cruz, Rio do Fogo, São Vicente e Taboleiro Grande.
“O lixo tem o rejeito, que não serve de nada, e o resíduo que pode ter valor econômico. Se eu sou uma Prefeitura inteligente, consigo fazer coleta seletiva do orgânico, pegar esse orgânico e fazer composto. Isso não é rejeito, é resíduo. A mesma coisa o papel, o plástico, o metal, o vidro. Só deve ir para o aterro sanitário o que não pode ter aproveitamento... fraldas descartáveis, embalagem suja de um material que não pode aproveitar”, explica o engenheiro civil Sérgio Bezerra, que é especialista em educação ambiental, mestre em Engenharia Sanitária e foi entrevistado pelo Programa Balbúrdia desta terça-feira (21).
Os programas de coleta seletiva, que têm ainda caráter social para trabalhadores do setor, segundo Sérgio, não avançaram e em alguns casos regrediram, como na capital potiguar.
“Aqui em Natal tínhamos 400 pessoas trabalhando na coleta seletiva da cidade em todas as regiões e hoje está empregando apenas 70 pessoas e a volta do lixão em cidade Nova, na Estação de Transbordo”, aponta, lembrando da morte de um catador no local e ainda um feto entre os resíduos na semana passada.
Em abril de 2019, o jovem Eliabe Gonçalves, de apenas 19 anos, foi soterrado por duas camadas de lixo jogadas por uma máquina no local. Ele chegou a ser socorrido e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro de Cidade da Esperança, mas não resistiu.
“Essas questões se juntam à baixa qualificação técnica do setor. No Rio Grande do Norte inteiro todinho, dentro dos órgãos de limpeza pública só existe uma profissional – que já deve estar perto de se aposentar na Urbana – que foi qualificada pra isso”, destaca, completando que esse problema gera desordem no segmento, que refletem em situações como o roubo de cabos de cobre para venda por meio de atravessadores da limpeza pública. “Precisa ter certificação de quem fornece esses materiais”, explica.