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Entenda por que o preço da gasolina está tão alto e a quem isso interessa
29 de setembro de 2021

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Sem aumento de custos na produção dos combustíveis ou elevação dos impostos, a gasolina encareceu mais de 40% de janeiro a setembro de 2021. O secretário estadual de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, e o diretor do Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras (Sindipetro-RN), Pedro Lúcio Góis, entrevistados do Programa Balbúrdia desta quarta-feira (29), explicaram os porquês.
A principal causa é a Política de Preços Internacionais (PPI), instituída em 2016 pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e piorada pelo atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido), apontam os convidados.
“Isso trouxe uma volatilidade para o preço dos combustíveis, uma variação. E esse preço segue o brent, que é o barril de petróleo, dolarizado”, diz Carlos Eduardo.
De acordo com o diretor do Sindipetro-RN, o agravante é que além de usar o preço internacional, a política de preços considera agora o valor de importação.
“Além de estar vendendo pelo mesmo preço que se vende gasolina para um norte-americano lá em Washington, eu tô considerando o custo que seria necessário para trazer essa gasolina de lá até o Brasil”, detalha Pedro Lúcio Góis, que aponta os grandes acionistas como principais responsáveis por pressionarem o governo para manutenção dessa política.
“Dia 25 de agosto a Petrobras pagou em dividendos 31,6 bilhões de reais. Dá mais de 3 anos de toda a arrecadação do estado do Rio Grande do Norte. Pagou a meia dúzia de bancos e meia dúzia de famílias multibilionárias. São esses os primeiros interessados”, conta o sindicalista.
Pedro também acredita que os importadores se beneficiam com essa alta. Isso porque trazem diesel de fora, por exemplo, constroem grandes estruturas de armazenamento e querem competir com a Petrobras. Se o preço praticado no mercado interno for mais baixo, essas empresas acusam a Petrobras de não permitir a competição no mercado. Com isso, segundo Pedo, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reforça que a Petrobras faça a paridade de importação.
As corporações multinacionais interessadas na privatização da empresa brasileira: “Estão muito interessadas que o preço seja o mais alto possível, porque elas vão querer recuperar o valor investido o mais rápido possível. Esse é o papel delas enquanto empresas privadas ou até estatais”.
O petroleiro alerta que a pior consequência da privatização é outra, trata-se da ameaça de desabastecimento. “Imagine só que aconteça algum acidente ou parada de operação em uma refinaria que abastece os Emirados Árabes [por exemplo, já que a gasolina consumida no RN vem principalmente de uma refinaria baiana vendida a esse país]. Vocês acham que eles vão ficar sem gasolina ou acham que eles vão pegar a gasolina que é produzida no Brasil e mandar pra lá. E aí vão deixar o Nordeste sem gasolina? Isso pra mim é muito claro”.