A advogada Aline Juliete é candidata a vereadora de Natal pelo PT com o número 13.777. Especialista em Direito Administrativo e mestranda em Estudos Urbanos e Regionais na UFRN, ela falou à Agência Saiba Mais, na série de entrevistas “Me Representa”, que a educação foi o meio de transformação de sua vida e que quer trabalhar por mais oportunidades para todos os jovens negros de periferia da cidade.
“Me Representa” é uma série de entrevistas que propõe oferecer espaço ao debate para candidaturas de grupos subrepresentados no legislativo municipal, como negros e negras, LGBTQIA+, mulheres, população em situação de rua e periferias.
Cada convidado tem 30 segundos para se apresentar e um minuto para responder a cada pergunta. As entrevistas serão divulgadas todos os dias, a partir das 18h, tanto no portal quanto no
canal da Agência Saiba Mais no Youtube. Para receber tudo em primeira mão, inscreva-se no canal.
Confira a entrevista:
Agência de Reportagem Saiba Mais: Quem você representa?
Aline Juliete: Em primeiro lugar, eu represento as mulheres negras de periferia da cidade de Natal, que enfrentam diariamente o racismo na nossa cidade. Tentam nos invisibilizar; falar por nós; duvidam da nossa capacidade intelectual. E o pacto narcísico da branquitude cria obstáculos para que a gente ocupe bons empregos, espaços de decisão política. Mas eu represento também a primeira geração de jovens que acessou o ensino superior nas suas famílias. Minha mãe, por exemplo, foi empregada doméstica de políticos de Natal e não concluiu os ensinos formais. Eu sou ex-aluna do IFRN e ali eu tive uma mudança de trajetória da minha vida e da minha família. Oportunidades que meus pais não tiveram e que agora, através da educação, representa um meio de justiça social e de orgulho pra que eles acreditem e saibam que podemos ocupar espaços e lutar para que outros filhos da classe trabalhadora também tenham oportunidade de ascender socialmente por meio da educação.
Como pretende atuar para ampliar a participação política de grupos subrepresentados?
O mote da nossa campanha é “representatividade importa”. Representatividade não no sentido essencialista, mas no sentido de uma democracia real, em que nós, maioria da população – mulheres, negros, jovens de origem popular – nos vejamos representados em cargos de decisão política. E não tenhamos ali uma minoria tomando decisões sobre o destino da maioria da população. O que podemos esperar de Aline Juliete enquanto vereadora de Natal? É um diálogo constante e aberto com as comunidade, tendo nas mulheres negras, jovens de origem popular, população LBTQI+ espaços prioritários na nossa atuação parlamentar, reconhecendo que esses grupos sociais têm voz e o caso é de escutar essas vozes e ter interesse e condição de pautar essas demandas na política formal.
Como deve ser conduzida a discussão sobre Plano Diretor de Natal? Quais os principais pontos?
O primeiro ponto a ser destacado na revisão do Plano Diretor de Natal é a participação social, uma condição necessária à formulação desse instrumento normativo de planejamento urbano. A gestão do prefeito Álvaro Dias tem atropelado esse processo, tem atropelado a participação social, desde as fases iniciais e mais recentemente nas fases virtuais. Quanto ao conteúdo, a revisão do plano diretor deve estar amparada pelo direito à cidade, pelo direito ambiental, pelo direito ao patrimônio ambiental, pelo direito à memória. Como representante de uma parcela da população que conhece Natal na pele, a realidade, os problemas do transporte urbano, da falta de iluminação pública, eu me posiciono e desejo ocupar um espaço ativo na defesa dos direitos da classe trabalhadora no processo de revisão do Plano Diretor em 2021.
Quais suas propostas para o transporte público e a mobilidade urbana?
Sou usuária do transporte público de Natal desde muito nova e considero que a segurança, a acessibilidade e o respeito aos usuários são pontos fundamentais quando falamos em mobilidade urbana. O nosso prefeito Jean tem batido muito na tecla do Passe Livre. Ela é uma proposta fundamental para garantir o direito de ir e vir, tornar a cidade mais fluida, mais acessível, mais dinâmica. Associada a regulamentação através do processo licitatório que dê garantias às pessoas e à cidade dos seus direitos e deveres, com certeza, oportunizará novo desenho do transporte público coletivo. Além disso, considero importante debater a conexão entre as periferias. Não vivemos mais só no eixo da Cidade Alta, Alecrim e Midway. Há um diálogo entre periferias que não necessita dos velhos eixos do consumo. O bairro Planalto pode ser melhor ligado à Cidade Nova e Cidade da Esperança, assim como os bairros da Zona Norte podem ser melhor conectados entre si.
Que Natal você quer construir?
Eu quero construir uma Natal que abrace a sua diversidade, que seja acolhedora das diferenças e não aceite discriminação. Com apoio daqueles que acreditam que representatividade importa, quero uma Natal que represente a si mesma com autoestima, que os jovens de periferia tenham acesso à praias, parques, que nos seus bairros tenham bibliotecas, praças arborizadas, iluminadas, bonitas, quadras de esportes, e que esse não seja um privilégio apenas daqueles que podem pagar. Não podemos aceitar um prefeito que diz que nossa orla é feia, que tenta privatizar inclusive a paisagem, um grupo político que está aí há mais de 20 anos. Nós, mulheres negras de periferia, mulheres de origem popular que tivemos a vida transformada pela educação, somo vozes qualificadas em representar a população de Natal na Câmara Municipal.
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