“Falta uma janela de exibição”, lamenta professora da UFRN sobre circuito de cinema alternativo em Natal
Natal, RN 25 de abr 2024

"Falta uma janela de exibição", lamenta professora da UFRN sobre circuito de cinema alternativo em Natal

16 de maio de 2023

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Em 2023, o assassinato de Marielle Franco, vereadora do Psol do Rio de Janeiro, e do motorista Anderson Gomes, completará cinco anos sem que o caso tenha sido resolvido. É com essa inquietação que começa nesta terça (16) a segunda edição da Mostra Cinema e Democracia: “Do Sonho às Coisas”, organizada pelas professoras Aline Lucena e Mônica Mourão, do Departamento de Comunicação da UFRN.

É um crime absurdo que aconteceu numa democracia, contra uma vereadora eleita pelo Psol no centro da cidade do Rio de Janeiro, praticamente, super central, super movimentado, o que demonstra a certeza de uma impunidade que é muito cruel”, destacou a professora Mônica Mourão no Balbúrdia desta terça (16).

Durante a Mostra serão exibidos dois filmes por dia. Depois da estreia de hoje voltada para o tema do assassinato de Marielle Franco, os próximos dois dias do evento terão como tema Memória, Verdade e Justiça.

Não tem como termos uma democracia sem olhar para o passado e entender o como foi a Ditadura Militar no Brasil. Gostaríamos muito de trazer filmes da Argentina, até para fazer esse comparativo e ver como a sociedade lá conseguiu lidar de maneira diferente com esse passado”, a relata a professora do Departamento de Comunicação da UFRN.

Alguns diretores e diretoras dos filmes também vão participar de debates de maneira virtual ao fim das exibições.

Todos ficaram muito felizes quando fizemos contato porque falta uma janela de exibição. Na cidade de Natal isso parece ser um pouco mais grave, só temos cinema em shoppings e, se não me engano, os cinemas de rua são pornôs. Óbvio que entendemos que os filmes independentes têm uma dificuldade de exibição no Brasil inteiro, mas em outras cidades ainda vemos um equipamento cultural que vão passar uns filmes um pouquinho mais diferentes, fora do 'circuitão'. Muitas vezes temos algumas sessões, mesmo dentro desses cinemas comerciais de shopping, mas na nossa cidade não temos isso ainda”, lamenta Mônica Mourão.

Confira a entrevista na íntegra:

Cinema e democracia: entrevista com a professora do DECOM da UFRN Mônica Mourão - YouTube

SERVIÇO:

A Mostra começa sempre às 18h, no auditório do Departamento de Comunicação da UFRN, e é gratuita e aberta ao público externo. Quem desejar receber certificado, precisa se inscrever através do link: https://sigaa.ufrn.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/91824683.

PROGRAMAÇÃO

II Mostra Cinema e Democracia: “do sonho às coisas”

Dia 01 – Sessão Marielle Franco

16/05/2023

18h

 Elle (2021)

Direção: Liliane Mutti e Daniela Ramalho

Gênero: documentário

Duração: 8min25

O filme conta a história da ida dos pais de Marielle Franco a Paris para pedir justiça pela morte de sua filha.

Sementes: mulheres pretas no poder (2020)

Direção: Éthel Oliveira e Júlia Mariano

Gênero: documentário

Duração: 100min

Em resposta à execução de Marielle Franco, as eleições de 2018 se transformaram no maior levante político conduzido por mulheres negras que o Brasil já viu, com candidaturas em todos os estados. No Rio de Janeiro, Mônica Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone se candidataram aos cargos de deputada estadual ou federal. O documentário acompanhou essas mulheres, em suas campanhas, mostrando que é possível uma nova forma de se fazer política no Brasil, transformando o luto em luta.

Debatedoras:

Isabelle Rodrigues

Jornalista formada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ) e técnica em Publicidade pela Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch (ETEAB/FAETEC), atualmente é assessora e coordenadora de comunicação do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs). Uma das autoras do livro-reportagem “Vozes do Silêncio: as mulheres que não se calaram”, realizado no trabalho de conclusão de curso, que recebeu nota máxima e indicação a um prêmio de excelência acadêmica. A obra traz a vida e atuação das deputadas estaduais Dani Monteiro, Mônica Francisco e Renata Souza, ex-assessoras da vereadora Marielle Franco, três parlamentares negras que resistem dia após dia na política institucional brasileira.

Liliane Mutti

Diretora do curta-metragem “Elle”. Cineasta baiana radicada em Paris, Liliane Mutti se dedica a filmes com protagonistas mulheres. Ela é a roteirista e diretora do filme Miúcha, a voz da Bossa Nova (TIFF/ Telluride/ Festival do Rio/ IDFA /CPH:DOX/ Fipadoc/ In-Edit / Panorama de Cinema da Bahia), em parceria com Daniel Zarvos. Mestre em Estudos de Gênero pela Universidade Paris 8, Liliane Mutti é membro-fundadora da Associação Ciné Bossa Nova, organização franco-brasileira dedicada a apoiar a criação e circulação de obras híbridas que desafiam os limites entre o documentário, a ficção e a animação. Ela é também conselheira da BRAVI (Brasil Audiovisual Independente) para assuntos de coprodução do Brasil com a Europa. Em 2023, a cineasta lança seu segundo longa-metragem: Salut, mes ami.e.s!, filme sobre o rito de passagem da juventude com final da escola, que se passa no Ciep 449, em Niterói. Com uma carreira premiada, em 2021 Mutti recebeu o prêmio de melhor filme ambiental no Festival Humboldt (EUA) por Ecocídio, curta que denunciou os horrores da extrema direita brasileira na Amazônia. Entre os seus curtas-metragens, figuram Elle (sobre Marielle Franco) e Sem Oxigênio, que foram exibidos em inúmeros festivais ao redor do mundo. Recentemente, Liliane Mutti realizou residência artística no Centre International les Récollets à Paris, quando se dedicou ao filme Madeleine à Paris, com lançamento previsto para 2024.

Dia  02 – Sessão Memória, Verdade e Justiça: perspectivas de filhas e filhos de militantes

17/05/2023

18h

Torre (2017)

Direção: Nadia Mangolini

Gênero: animação documentário

Duração: 18 min

Quatro irmãos, filhos de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira, relatam suas infâncias durante o regime. Uma produção de Estúdio Teremim em coprodução com Meus Russos.

O ano em que meus pais saíram de férias (2006)

Direção: Cao Hamburger

Gênero: drama

Duração: 1h45min

Em 1970, Mauro é um garoto de 12 anos que adora futebol e jogo de botão. Um dia, sua vida muda completamente quando seus pais saem de férias de forma inesperada. Na verdade, os pais de Mauro foram obrigados a fugir por serem militantes de esquerda perseguidos pela ditadura militar. O casal decide deixá-lo com o avô paterno, que falece justamente no mesmo dia em que o garoto chega em São Paulo. Assim, Mauro acaba ficando com Shlomo, um velho judeu solitário que é seu vizinho.

Debatedores:

Juan Almeida

Advogado, graduado em direito pela UFRN, mestre em Direitos Humanos pela UnB e doutorando em direito pela UFPB. Atuou como pesquisador na Comissão da Verdade da UFRN entre 2012 a 2015. Tem interesse em pesquisas envolvendo memória, verdade e justiça e história política da ditadura militar

Ana Beatriz Sá

Neta de Glênio Sá, que integrou a Guerrilha do Araguaia. Estudante de Psicologia da UFRN, militante da Unidade Popular e diretora do DCE da UFRN

Dia 03 – Sessão Memória, Verdade e Justiça: ditadura e bolsonarismo

18/05/2023

18h

Reformatório Krenak (2019)

Direção: Claudia Nunes e Erico Rassi

Gênero: documentário

Duração: 52min

A Comissão Nacional da Verdade, instalada em 2011 para apurar crimes cometidos durante a ditadura militar, trouxe a público um capítulo ainda muito obscuro da nossa história: a existência de um centro de detenção indígena, na cidade de Resplendor (MG), chamado Reformatório Krenak. Instalado primeiramente dentro do território da etnia Krenak, e posteriormente transferido para Carmésia, aprisionou e torturou não apenas indígenas Krenak, mas diversas outras etnias como os Pataxó, impondo restrições às suas práticas ancestrais sob implacável vigilância dos militares. O documentário mostra como funcionou esse campo de concentração, e as consequências desse trauma coletivo para os povos indígenas afetados.

Memória Sufocada (2021)

Direção: Gabriel Di Giacomo

Gênero: documentário

Duração: 75min

Coronel Ustra é o único militar condenado como torturador durante a ditadura. O ex-presidente Jair Bolsonaro o exalta como um herói. Mas qual é a verdade? Através de buscas pela internet, o passado do Brasil vai sendo reconstruído e esbarra no presente.

Debatedores:

Gabriel di Giacomo

Dirigiu e roteirizou o documentário “Memória Sufocada”, que teve sua estreia na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e recebeu menção especial do júri no Festival de Málaga. Dirigiu e roteirizou o documentário “Marcha Cega” (2018), selecionado para os festivais Cine PE 2018, Cine y Derechos Humanos Madrid, Visions du Réel (Media Library), entre outros. É um dos roteiristas da comédia “Abestalhados 2” (2022) e é produtor e roteirista da série documental “Viajo Logo Existo” (2020). Em 2016, ao lado de Marcelo Botta, dirigiu e roteirizou a série “Foca News” exibida no FX. Sua carreira na televisão começou em 2008 no núcleo de humor da MTV Brasil, trabalhando na equipe de direção e roteiro de programas como “Comédia MTV” e “Furo MTV”.

Andrielle Mendes

Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia da UFRN e integrante da Articulação Negra e Indígena do Audiovisual e Cinema no Rio Grande do Norte.

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