Filme potiguar “Sideral” é finalista no Festival de Cannes
Natal, RN 28 de mar 2024

Filme potiguar “Sideral” é finalista no Festival de Cannes

16 de junho de 2021
Filme potiguar “Sideral” é finalista no Festival de Cannes

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Num futuro incerto, o Brasil tem seu primeiro foguete tripulado lançado pela Barreira do Inferno, em Natal (RN). Um acontecimento que deixa todos muito orgulhosos e é motivo até de um feriado nacional! Mas, para além da conquista científica, são as mudanças que esse acontecimento provoca na vida de uma família, que servirão de ponto de partida para o filme “Sideral”, curta-metragem potiguar que concorre na mostra competitiva do aclamado Festival de Cannes, na França.

Foto: Miguel Sampaio

Há crítica política no filme, mas isso está diluído nas entrelinhas, o foco está no enredo. O pano de fundo é um Brasil administrado por um governo militar, mas isso não fica claro. A intenção é de deixar a trama mais universal”, conta Pedro Fiúza, produtor do filme.

Nesta quarta-feira (16), o Balbúrdia entrevista Fiúza. Siga o canal da agência Saiba Mais e acione o sininho da notificação para receber informações sobre o programa.

A indicação ao festival é inédita para o Rio Grande do Norte e “Sideral”, que foi filmado nas cidades de Natal, Ceará-Mirim e Parnamirim,  concorre com mais um brasileiro na mostra competitiva de curtas metragens, o paulista “Céu de Agosto”. Para receber a indicação à Palma de Ouro, a produção potiguar passou numa seleção com outros 3.739 filmes de todo o mundo.

Por causa da pandemia, todo o trabalho de produção aconteceu na modalidade remota e apenas as filmagens foram realizadas presencialmente, porém, com a metade da equipe que costuma rodar um filme, normalmente. Todo o roteiro, produção e equipe que trabalhou em “Sideral” é potiguar. O curta-metragem é dirigido por Carlos Segundo em parceria com a produtora Casa da Praia Filmes. Além de dirigir e roteirizar, Carlos também é professor titular de Audiovisual da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Financiamento da Lei Aldir Blanc chega à Cannes

Para rodar o filme, a produção contou com R$ 25 mil financiados pela Lei Aldir Blanc, que garantiu recursos para alguns projetos e artistas parados durante a pandemia da covid-19.

“Estamos muito felizes com o resultado conquistado pelo filme. Isso reflete a força e pujança do audiovisual potiguar. Estamos mais felizes ainda de termos contribuído com um dos nossos editais. Essa é uma conquista do audiovisual potiguar, nordestino e brasileiro! Merece ser festejada!”, comemora Fábio Lima, diretor da Fundação José Augusto.

O diretor do filme, Carlos Segundo (de faixa na cabeça) I Foto: Miguel Sampaio

Apesar do financiamento, o dinheiro foi suficiente para cobrir apenas parte dos custos, já que o filme de 15 minutos foi orçado em algo em torno de R$ 80 mil a R$ 100 mil, o que pela tabela oficial da Agência Nacional do Cinema (Ancine), não sairia por menos de R$ 150 mil.

“Nenhum filme consegue cobrir seus custos. Fizemos reduções nos gastos e gravamos em um número menor de locações. As pessoas que trabalham com audiovisual têm uma vontade muito grande de realizar os projetos, alguns doaram seus cachês, o que, de certa forma, equilibra a falta de investimento. Mas, isso não pode ser feito assim, não pode ser encarado como algo isolado, excepcional, sem continuidade. Lembro que nos anos 80 tivemos o filme “Boi de Prata”, que é fantástico, mas ninguém sabe”, critica Fiuza.

Para conseguir editar o material, a produção potiguar contou com uma parceria internacional. Com isso, outros R$ 25 mil foram resultante de financiamento do governo francês, que cobriu os custos com a edição do filme.

“Em Natal, temos mais público e demanda para cinema e teatro do que exibições”

E para quem acredita que Natal não tem público para cinema e teatro, a impressão de Pedro Fiuza em seus anos de produção é bem diferente. Ele também participou da produção de um longa do mesmo diretor de “Sideral”, Carlos Segundo, o filme “Fendas”, que já circulou por mais de 30 festivais. Fiuza também é produtor do grupo de teatro Carmin, que encenou por todo o país peças aclamadas pela crítica e público, como “Jacy”.

Pedro Fiuza (de camisa preta) I Foto: Miguel Sampaio

“Falta investimento e mais nada. Já temos artistas e trabalhadores formados. Nos cobram que sejamos geniais o tempo todo, mas isso não existe. Somos trabalhadores da cultura. Vejo muito público. Na universidade, por exemplo, quando há qualquer curso de cinema, há muita procura. Aquela sessão de arte que existia no Natal Shopping na segunda à noite, num horário ruim, era sempre lotada. O produtor na época dizia que Natal tinha a maior procura no Nordeste. O que falta é criar esse imaginário, para que daqui há dez anos, essa indicação não seja apenas uma curiosidade”, defende Fiuza.

A estreia de “Sideral” será em Cannes, em 16 de julho. Depois dessa data, o filme começa a circular em outros festivais pelo mundo. Por enquanto, ainda não há uma data de exibição no Rio Grande do Norte devido, em grande parte, à falta de uma política de distribuição do cinema nacional.

Foto: Miguel Sampaio

Acho cruel com o público essa espera. Mas, ao mesmo tempo, essa visibilidade trazida pelo Festival de Cannes é importante para impulsionar o filme. O problema é que também não temos uma cadeia de distribuição. Estávamos começando a ter políticas nesse sentido, mas que foi desmontada, como sabemos. É muito difícil. No cinemas, há uma programação que vem montada de fora do país, muitas vezes. Falo como produtor do Rio Grande do Norte, que não temos espaço para exibição da nossa produção, com a exceção de locais como a Universidade e teatros, que não são cinemas”, avalia Pedro Fiuza.

Por enquanto, apenas o diretor do filme tem presença confirmada no Festival de Cannes, que será realizado presencialmente entre os dias 6 e 17 de julho de 2021.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS
"SIDERAL"
ANO: 2021
GÊNERO: Ficção (drama)
DURAÇÃO: 15 minutos
PAÍS: Brasil, França
DIREÇÃO E ROTEIRO: Carlos Segundo

FICHA TÉCNICA

Equipe do filme "Sideral" I Foto: Miguel Sampaio

ELENCO: Priscilla Vilela, Enio Cavalcante, Fernanda Cunha, Matheus Brito, George Holanda,
Matteus Cardoso e Robson Medeiros;
COM VOZES DE: Henrique Fontes e Ednaldo Martins;
DIREÇÃO E ROTEIRO: Carlos Segundo;
PRODUÇÃO: Mariana Hardi, Pedro Fiuza, Damien Megherbi e Justin Pechberty;
PRODUÇÃO EXECUTIVA - BRASIL: Mariana Hardi;
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Carlos Segundo e Julio Schwantz;
DIREÇÃO DE ARTE: Ana Paola Ottoni;
FIGURINO: Rosângela Dantas;
MONTAGEM: Carlos Segundo e Jérôme Bréau;
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Mariana Hardi
1ª ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO: Pedro Fiuza
2ª ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO: Luiza Oest
ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO: Matteus Cardoso
ASSISTÊNCIA DE FOTOGRAFIA: Julia Donati;
ASSISTÊNCIA DE ARTE: Daniel Torres e Vitória Ventura;
CONTRARREGRAGEM: Daniel Torres;
SOM E MICROFONAÇÃO: Miguel Sampaio;
OPERAÇÃO DE BOOM: Vamberto Junior;
MÚSICA ORIGINAL: Jérôme Rossi;
DESENHO DE SOM: Antoine Bertucci;
EFEITOS SONOROS: Didier Falk;
MIXAGEM DE SOM: Vincent Arnardi;
DESIGN GRÁFICO: Yasmin Knoller Yrondi;
VFX: Jeff Essoki;
COR: Caïque de Souza;
DIREÇÃO DE PÓS-PRODUÇÃO: Frédéric Ouziel;
ASSISTÊNCIA DE MONTAGEM: Cécile Valente, Zina Saïdi e Gwenegann Barreau

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