Desde 2009, o Rio Grande do Norte segue numa crescente de casos de violência contra a mulher, sendo o segundo estado do Brasil onde há maior aumento desse tipo de crime. Entre 2009 e 2019, o Brasil teve uma redução de 18,4% nas mortes de mulheres, mas em 14 das 27 unidades da federação a violência letal contra a mulher aumentou, dentre estas, está o RN, com um assombroso aumento de 54,9%, segundo dados retirados do Atlas da Violência 2021
O caso mais recente aconteceu nesta quinta (3), quando Manuela Josino Miranda, de 32 anos, se tornou mais uma vítima de feminicídio. Ela foi assassinada com dois tiros na cabeça pelo ex-companheiro, Maciel Ramalho, de 40 anos. O crime ocorreu na casa da mãe da vítima, no Conjunto Parque dos Coqueiros, em Natal.
Além da mãe de Manuela, as duas filhas do casal, de 6 e 8 anos, também presenciaram a cena. Depois de matar a ex-esposa, Maciel cometeu suicídio. Manuela era nutricionista e tinha terminado o casamento de 12 anos há cerca de um mês. Ela tinha se mudado para Fortaleza, no Ceará, para evitar conflito com o ex-marido, que não se conformava com a separação. A vítima tinha voltado a Natal, junto com as filhas, para passar os dias de carnaval.
Manuela trabalhava como gerente numa loja do aeroporto de Natal e Maciel era vendedor. O caso será investigado pela Polícia Civil. Mas esse não foi o único caso registrado pela polícia nesses últimos dias.
No Rio Grande do Norte há uma média de 5,4 mortes de mulheres para cada grupo de 100 mil mulheres no estado. Isso coloca o RN em 5º lugar entre os estados mais violentos para as mulheres em todo o país. As informações foram retiradas do Atlas da Violência 2021, divulgado em novembro passado.
Na análise da estatística de morte de mulheres negras, o estado é o que oferece maior risco para essa parte da população em todo o país. No Rio Grande do Norte (5,2), Amapá (4,6) e Sergipe (4,4), os percentuais de mulheres negras vítimas de homicídios em relação ao total de assassinatos de mulheres foram de 88%, 89% e 94%, respectivamente. Em dados gerais de mulheres vítimas de homicídios, o RN ocupa a 8ª posição. Em 2019, 66% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras.
Corpo em açude

Já na cidade de Campo Grande, na Região Oeste, o corpo de uma mulher sem roupas foi encontrado em um açude da cidade, na noite desta quinta (3). A vítima foi identificada como Ingrid Caroline Soares dos Santos, de 28 anos.
O suspeito do crime foi preso. Os policiais identificaram um ferimento na cabeça de Ingrid, que tinha sido vista pela última vez na quarta (2), quando foi comprar bebidas acompanhada por um homem que seria conhecido dela. Ela bebia com amigas quando saiu com o homem e não retornou.
As buscas foram iniciadas na quinta e à tarde crianças que brincavam perto do alude encontraram uma sandália feminina. A polícia foi acionada e encontrou no mesmo local uma sandália e uma blusa masculinas. Com a ajuda de pescadores, que usaram redes de pescas nas buscas, o corpo de Ingrid foi encontrado.
O suspeito foi preso na madrugada desta sexta (4) e levado à cidade de Caraúbas. Segundo a Polícia Militar, ele tem 36 anos e é ex-presidiário. Ingrid era mãe de três filhos.
Morte em condomínio
No dia 22 de fevereiro uma mulher assassinada dentro do apartamento do qual estava se mudando, na Avenida Maria Lacerda, em Nova Parnamirim, região metropolitana de Natal, quando foi abordada pelo ex-companheiro que a matou a tiros.
Equipes da Rocam e do Bope, com a presença de negociador, foram acionadas até o local. Sem resposta, os policiais invadiram o apartamento e abrir a porta do apartamento, a mulher foi encontrada já sem vida no chão da cozinha. O homem, que teria efetuado os disparos e depois cometido suicídio, foi encontrado na porta do quarto. A suspeita da polícia é que ele não aceitava a separação e, por isso, tenha matado a mulher e depois se suicidado.
A vítima tinha 43 anos e estava acompanhada pela filha, que também tinha levado o namorado pra ajudar na mudança. O homem, que tinha 33 anos, chegou ao local, mandou que o casal saísse e se trancou com a mulher no apartamento. A jovem, que tem cerca de 20 anos, é filha de outro relacionamento da vítima.
Condomínio onde feminicídio ocorreu
8 de março
Os crimes mais recentes registrados no Rio Grande do Norte ocorrem, justamente, próximo ao 8 de março, Dia Internacional da Mulher, data definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) que representa a luta enfrentada por mulheres em seu cotidiano contra a discriminação de gênero e os diversos tipos de violência, que passa pela física, psicológica e patrimonial.
A maior parte das agressões contra a mulher parte, justamente, de seus parceiros. Pesquisa do Conselho Nacional do Ministério Público, em parceria com a União Europeia, mostra que 60% dos casos considerados de alto risco combinam um histórico de violência e controle excessivo por parte do agressor, muitas vezes em um contexto de divórcio, como aconteceu com Manuela Josino Miranda e com a vítima que estava se mudando do apartamento em Nova Parnamirim, quando foi surpreendida e morta pelo ex-marido.
Para fazer denúncias,mesmo que de maneira anônima, basta ligar para o Disque 180