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Se houvesse pontuação extra para a equipe com mais sorte, a Fifa já poderia botar o Brasil na finalíssima - e esperar o adversário comendo pipoca.
É que o time do seu Adenor já está nas oitavas de final da Copa da Rússia e nem essa conversinha mole repetida nas entrevistas entre os jogos consegue esconder o óbvio: o Brasil ainda não está jogando para ser campeão.
Aliás, o Brasil não está jogando nada. Ou melhor, joga o basicão, vá lá.
E se a Alemanha, de Kroos, a Argentina, de Messi, a Espanha, de Iniesta e Portugal de Cristiano Ronaldo estão fora, sabe o que isso significa? Nada.
Porque essa copa é essa copa, não é outra, nem as que virão nem as que já foram.
Só há algo mais impressionante do que a insistência dos programas de televisão, com suas estatísticas para tudo e seus enciclopédicos comentaristas, em associar um fato ocorrido neste com outro decorrido em algum momento de algum outro mundial: é a conversa do treinador da seleção brasileira.
Para tudo, o professor tem uma explicação, dada a público com ar professoral, com nuances científicas e pitadas psicológicas.
E o que isso tem a ver com Brasil e México, partida que classifica só um deles para a rodada seguinte, dos oito melhores da copa?
É que o Brasil, apesar do seu regente, ainda não joga como orquestra, enquanto o México é jazz puro. Ou quase puro, dada as suas pitadas de blues e um pouco do velho e bom samba brasileiro.
Se no Brasil tudo parece certinho e científico, como jamais foi, apesar de todo o talento do jogador brasileiro para o improviso, no México há um futebol moleque, jogado meio que na zoeira, mas com estratégia científica.
A presença de um “coach psicológico” na comissão técnica mexicana resume tudo - o que não impede os jogadores de, aqui e ali, fazerem até uma farrinha, como se noticiou na primeira fase.
Ora, que mundial maluco é esse que manda os campeões e os melhores do mundo para casa e dá chances a times como os mexicanos de jogarem um futebol….moleque.
Disso tudo, importa que o México, com seu jogo maluco-beleza, é hoje franco atirador.
Se perder, perdeu para os pentacampeões; se vence, como no jogo histórico com a Alemanha, faz de novo a terra tremer.
Como ficar entre as cordas contra o Brasil não faz lá muito o gênero mexicano e como essa geração tem um bando de loucos cucarachos, eles vêm para cima.
O Brasil só dará jeito se o escrete tirar o smoking da orquestra, botar a sunga e ir para a roda de samba na beira da praia - e jogar para valer, como ainda não jogou na Rússia.
Ousadia e alegria. Lembram? Por onde anda?
Vou apostar que vêm hoje, finalmente, num jogo bonito e de muitos gols. Cravo 3 a 2 Brasil - com um bocado de pachecos baixando ao cardiologista.