Campanha internacional alerta sobre danos causados por parques eólicos no Nordeste
Natal, RN 18 de abr 2024

Campanha internacional alerta sobre danos causados por parques eólicos no Nordeste

23 de fevereiro de 2022
3min
Campanha internacional alerta sobre danos causados por parques eólicos no Nordeste

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O impacto causado pelos parques de energia eólica nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte é tema de uma campanha internacional lançada na terça-feira (22) pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“As eólicas vieram pra ficar e as famílias que estão prejudicadas, como eu estou prejudicado com toda a minha família, nós é que temos que se mudar”, diz o agricultor Simão Salgado, de Caetés, Pernambuco, ao falar sobre a chegada de um parque a alguns metros da casa e propriedade que conseguiu comprar com o esforço de muito trabalho. “Eu costumo falar que é uma faca no peito”, completa.

Ele é personagem do episódio “A eólica mora ao lado”, o primeiro da websérie “Para quem sopram os ventos?”, parte da campanha que inclui também ações como exposição fotográfica, com entrega de folders informativos. Todo o trabalho é feito por meio do projeto “Promoção e Defesa de Direitos na Perspectiva da Construção de Sociedades do Bem Viver”, parceria da Cáritas com a instituição católica alemã Misereor.

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São seis vídeos com imagens e depoimentos revelando os prejuízos que os megaempreendimentos causam para meio ambiente e moradores das regiões em que se instalam.

O principal objetivo da campanha é fazer o debate com a sociedade e alertar sobre o sofrimento das comunidades tradicionais e rurais atingidas. Quem explica é a secretária executiva da Cáritas Regional Nordeste 2, Neílda Pereira da Silva.

“A nossa posição não é ser contra a energia eólica e solar; é propor que seja revisto o modo de implantação dos empreendimentos e como as comunidades vão participar desse debate com os governos estaduais e municipais”, esclarece a representante, ao reconhecer a importância das energias alternativas, considerando principalmente a crise hídrica no Brasil. “Não somos contra esse modelo. A própria Cáritas atua com experiência na geração de energia renovável”.

A ideia é chamar atenção também de investidores internacionais de países como Alemanha e Espanha, que investem em empresas de energia eólica, mas que desconhecem a forma que elas atuam no país.

De acordo com Neílda Pereira, a abertura de novas estradas leva à degradação da caatinga; o barulho dos aerogeradores tem reduzido a presença de várias espécies da fauna nativa; o processo de implantação algumas vezes provoca fissuras nas paredes das casas e há registros de famílias com problemas auditivos e depressivos.

A Cáritas quer provocar a sociedade a refletir que desenvolvimento é esse que não respeita a história dessas comunidades? E qual a finalidade desses empreendimentos, por que se faz isso à custa de tanto sofrimento? Famílias estão depressivas, perdendo a audição, algumas têm que se mudar do seu lugar porque depois da implantação do parque não conseguem permanecer na comunidade. A transição energética não pode ser mais importante do que as vidas nesses estados”, argumenta.

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