Sobre envelhecer e eleições
Natal, RN 19 de abr 2024

Sobre envelhecer e eleições

4 de maio de 2022
3min
Sobre envelhecer e eleições

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Acho que cheguei a uma idade, hoje faz uma semana que fiz 48 anos, que nos damos conta que estamos mesmo envelhecendo, que o catabolismo é maior que o anabolismo e que daqui em diante viver será uma atividade cada vez mais curta. E, nessa idade, é como se tudo de antes fosse melhor do que o atual, baladas, times de futebol, novelas, músicas, enfim, antes era sempre melhor...

E por que eu digo isso? Vamos lá: o ano era 1989, as primeiras eleições diretas para presidente desde 1960. O país recém havía saído de uma brutal ditadura militar e, embora eu não a tenha vivido e venha de um núcleo familiar que apoiava aquela atrocidade, não sei porque eu queria o fim daquilo tudo. Aliás, até acho que sei e está relacionado aos excelentes professores durante os meus primeiros anos de formação escolar.

Quando houve a possibilidade de eu tirar meu título e votar para presidente, eu lembro de muito cedo eu ter ido ao TRE em Natal, que na época ficava na Cidade Alta. Levei todos os meus documentos, preenchi intermináveis formulários e fui lá fazer meu título de eleitor. Assistia a todos os debates e, no dia 15-11-1989, após quase quatro horas numa fila interminável numa escola estadual no bairro das Quintas (voto era manual...) votei e, o meu primeiro voto foi pra fazer brilhar a nossa estrela...

Ontem, vendo um jornal foi dito que menos da metade dos jovens aptos a votar fizeram seu título de eleitor e mais de 60% responderam que não se interessam por política. Porém, uma das respostas que mais me chamou a atenção foi o fato de os jovens responderem que não querem ser cancelados a partir de suas opiniões políticas e por isso não conversam sobre o tem.

Daí, do alto de quase meio século de vida eu pensei, então para o jovem de hoje vale o não conflito de ideias, de opinião? É isso mesmo, para ficar bem com a galera, melhor não conversar sobre temas que atualmente são espinhosos tais como votar? Ora bolas, quem disse que jovens não devem falar de política? Ou de religião? Ou de violência doméstica, xenofobia, feminicídio, racismo, LGBT fobia, etc, etc? Quem, ou o que, impede os jovens a não falar sobre temas que são necessários e imprescindíveis para que haja uma transformação social num país tão marcado por violências?

Jovens de hoje, não façam eu sentir nostalgia dos tempos passados, daquele longínquo ano de 1989 no qual o voto era manual, queimavam-se urnas, matavam-se por políticos e a democracia era frágil. Eu, você e todos nós devemos ter saudade do futuro, do por vir, daquilo que ainda está para acontecer e que será uma surpresa.

Votem, votem, votem. Cidadania não se faz apenas com o voto, mas o voto é uma expressão importante da cidadania e garante a democracia!

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