cada pedaço seu
ocupava as 60 cadeiras
da sala de jantar.
os vazios
eram grandes demais
pra poucos corpos
pequenos demais
pros nossos corpos
e eu não te vi.
seria preciso a delicadeza
de submetralhadoras uzi
chacoalhando 600 tiros
por minuto
nas minhas carnes?
sabe essas delicadezas?
o touro mata o homem.
caro, eu não te vi.
talvez por estar vidrada
no movimento constante
pra dentro e pra fora
das moléculas de água
de cada célula minha
de cada célula sua
na enchente que mataria
todos os meus glóbulos vermelhos
amarelos, verdes, azuis.
talvez pelo tremor
da bomba que explodiu ao lado
e a fumaça de pó
tingiu de névoa meus olhos
eu não vi a bomba.
eu não vi o pó
eu não te vi.
será que é porque não te sinto?
falta
e tanto faz
mas o que não tanto faz
é que o google sabe agora
sobre todas as pesquisas que fiz
por armas,
de plata, oro y diamante.
cocaína.
pistolas sig sauer.
e se eu mato alguém?
e se alguém me mata?
não vou te ver.
caro, eu não te vi.
queridos leitores e leitoras, aproveito esse espaço para além da nossa conversa direta, trazer sempre poemas, coisa que acredito profundamente. hoje, aproveito também para convidar vocês para o lançamento de FEVEREIRO, aqui mesmo, finalmente, oba oba, em natal.
FEVEREIRO é o meu quarto livro e mais recente, lançado pelo selo doburro em março deste ano, em são paulo. estava ansiosa para chegarmos aqui e esse dia acontece hoje dentro do sarau insurgências poéticas, num especial com letícia torres, thiago medeiros, marina rabelo, gessyka santos e michelle ferret, além de show com simona talma e luiz gadelha.
vai ser uma noite linda, espero vocês pra viver no bardallo's, rua gonçalves ledo, 678 - cidade alta, a partir das 19h.
eu tu ia.