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Secretário de Carlos Eduardo compartilha informações falsas sobre Marielle Franco
19 de março de 2018

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O secretário municipal de Obras Públicas de Natal, Tomaz Neto, divulgou neste domingo (18), num grupo de whatsapp, uma série de mensagens falsas, conhecidas como fake news, com ofensas à honra da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ), executada a tiros na quarta-feira passada (14), no Rio de Janeiro. A morte da parlamentar ganhou repercussão mundial em razão da brutalidade do crime e de sua militância em favor dos Direitos Humanos, do direito das mulheres e da juventude negra e periférica. Marielle foi eleita com mais de 46 mil votos, era negra, mãe, LGBT e exercia o primeiro mandato como vereadora.
Pouco tempo depois da divulgação do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes cresceu nas redes sociais um sentimento de indignação e comoção, ao mesmo tempo em que começaram a se espalhar boatos que atentam contra a memória de Marielle e difamam a história de luta da vereadora.
O PSOL, partido de Marielle, articula um grupo de advogadas que desde quinta-feira (15) vem rastreando fake news e qualquer material calunioso contra a vereadora. Até o momento, mais de duas mil denúncias chegaram ao grupo. O objetivo é enviar todos os casos e os autores identificados para investigação em delegacias especializadas e ou para retratação na justiça. As denúncias podem ser recebidas no e-mail: contato@ejsadvogadas.com.br.
A Agência Saiba Mais teve acesso a uma série de prints do grupo de whatsapp do Conselho da Cidade (CONCIDADE Natal), que reúne os membros do conselho responsável por deliberar políticas de desenvolvimento urbano para a capital potiguar. Presidido pelo prefeito Carlos Eduardo Alves, o conselho conta com 51 membros, dentre eles secretários, funcionários das secretarias, procuradores do município, representantes da sociedade civil organizada e parlamentares.
Às 13h45 do domingo (18), o secretário Tomaz Neto compartilhou uma série de mensagens, já desmentidas por sites especializados, que ligam Marielle ao tráfico de drogas e fazem críticas a sua atuação política. A primeira mensagem classifica a vereadora do PSOL como uma “ultra esquerdista com ideias nefastas e totalmente tortas, eterna defensora de bandidos”. O texto, atribuído ao antropólogo Sandro Silva, visa desconstruir o que chama de “discurso hipócrita de esquerda comunista bandida”. Procurado pelo site boatos.org, o antropólogo negou autoria do texto.



A mensagem, endossada pelo secretário, critica a onda de comoção em torno do assassinato da ativista ao dizer, em um dos seus trechos, que “se lamente o assassinato, mas que não se enalteça quem em vida não fez por merecer para ser enaltecida”.
Em seguida, Tomaz compartilha outra informação falsa que atenta contra a história de Marielle Franco: a de que ela seria ex-mulher de um traficante ligado a uma facção criminosa. No texto da mensagem está escrito:
- A Vereadora Marielle Franco, ex-mulher de Marcinho VP, atualmente preso, um dos chefes do Comando Vermelho.
Abaixo, o titular da Semopi compartilha uma foto em que se vê uma mulher sentada no colo de um homem, no que parece ser um bar. Tanto a foto como o texto já vêm sendo desmentidos há vários dias nas redes sociais e em sites especializados. Procurado pela reportagem da Agência Saiba Mais, o vereador Sandro Pimentel (PSOL) reagiu com indignação ao compartilhamento de mensagens falsas pelo secretario Tomaz Neto.
-É inadmissível que alguém em um cargo de destaque na administração pública compartilhe boatos e informações falsas contra a memória de uma pessoa morta. Uma coisa eu garanto, não vai ficar assim. Vamos agir rigorosamente, em todas as instâncias, diante da conduta indecorosa do secretário, que é um funcionário público, e precisa responder pelos seus atos.




