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Por 6 votos a 5, com direito à voto de minerva da presidenta Carmem Lúcia, o Supremo Tribunal Federal decidiu não conceder ao ex-presidente Lula o habeas corpus preventivo para evitar sua prisão. A maioria dos ministros negou o que a Constituição Federal prevê, em seu artigo 283, sobre a presunção de inocência até o processo transitado em julgado. Com isso, a defesa do ex-presidente ainda pode tentar um último recurso junto ao TRF4 no chamado “embargo do embargo”. A tendência, no entanto, é que antes disso o juiz Sérgio Moro decrete a prisão de Lula, que está em São Bernardo. A ironia é que dos seis votos contra a concessão do HC, cinco foram dados por ministros indicados pelos governos do PT. Apenas Alexandre Moraes, que também votou contra o ex-presidente, fora indicado por Michel Temer.
O julgamento durou 11 horas e terminou na madrugada da quinta-feira (5). O único voto que parecia em disputa na Corte era o de Rosa Weber. Visivelmente nervosa, por vezes gaguejando, a ministra indicada por Dilma Rousseff para o lugar de Ellen Gracie leu um voto confuso onde ora defendia uma tese, ora se agarrava à outra. Pressionada diariamente pelas grandes corporações de comunicação do país em jornais e telejornais, Weber afirmou em plenário que votaria pelo colegiado e contra sua própria consciência, uma vez que o entendimento dela hoje é contrário à prisão em segunda instância.
O ministro Marco Aurélio de Mello se mostrou irritado durante o julgamento. Amparado pela Constituição, ele defendeu até o último minuto a concessão do HC pelo ex-presidente Lula. Mello vem se mostrando inconformado com o fato da presidenta do STF Carmem Lúcia não colocar em pauta o debate sobre duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) que tratam da prisão em segunda instância. Durante o julgamento desta quarta-feira ele cobrou mais uma vez a votação das ADIs em razão do entendimento da maioria do Pleno ter mudado em relação ao juízo definido quando da decisão que liberou a prisão em segunda instância.
Na Corte, a maioria dos ministros não têm dúvidas de que se o julgamento do HC do ex-presidente Lula fosse realizado após a apreciação das duas ADIs, o placar seria diferente.