Salvem o esporte do RN; e o futebol também!
Natal, RN 16 de abr 2024

Salvem o esporte do RN; e o futebol também!

12 de agosto de 2018
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A crise, profunda, no futebol do Rio Grande do Norte. Acho que esse tema vai estar sempre presente na minha vida jornalística. Lembro muito bem, em 1988, quando me tornei repórter, pela primeira vez, no Diário de Natal, foi o tema da matéria encomendava e sugerida pelo meu editor primeiro, Aluísio Lacerda, a quem devo, não esqueço nunca, nem poderia, a minha profissão de jornalista.

-Professor, vamos fazer uma matéria sobre a crise no futebol do Rio Grande do Norte, acho que é um bom tema para matéria de domingo - disse. E foi. Fiz.

Tempos depois, já na minha segunda passagem pelo DN, desta vez tendo como chefe de redação Alfredo Lobo, uma nova encomenda de matéria, e de novo sobre a crise de nosso futebol. Depois de pesquisas, entrevistas, comparações, a matéria de domingo, n`O Poti teve o título “O Natalense gosta mesmo é do Flamengo”.

Hoje, passados 30 anos de minha história como jornalista esportivo a crise de nosso futebol, infelizmente, continua sendo o assunto do dia. E as últimas semanas, desclassificação do ABC, e essa última, presidente da federação destratando jornalista e a notícia do fim das transmissões da Copa do Nordeste, Série C, estaduais, enfim, tudo nos leva à certeza de que se não fizermos algo, com urgência, não vamos mais falar somente crise do futebol, mas sim sobre o fim deste esporte.

Fatalismo? Não creio. Vou listando algumas coisas, até repetidas, e o torcedor, com quem converso, interajo, respondo questionamento, ouço queixas e soluções todos os dias, já concorda que esse fim pode estar próximo.

Faz tempo, acho que desde os anos 1990 que não temos uma eleição para presidente de nossa Federação. Desde 2009 que José Vanildo da Silva, que desembarcou de paraquedas, e até hoje não se sabe como, comanda a entidade, se reelege sem que tenhamos votos em urnas. O seu regulamento permite, ele se reúne com seus pares e vai ficando.

Desse "vai ficando" já computamos o sumiço dos campeonatos de bairro, da ativa antiga segunda divisão. Acabou o futebol feminino, nossas bases disputam competições que deixaram de ser campeonatos e hoje são torneios. Mais grave: o futebol do interior, Currais Novos, Pau dos Ferrros, Santa Cruz, Caicó, Parnamirim deixaram de ter representatividade. Campeões estaduais estão fora da disputa de 2019 - Baraúnas e Corintians.

Os centenários clubes de uma história que se confunde com o crescimento de nossa cidade - ABC, América e Alecrim - atravessam crises antes nunca vistas. O América vai para o terceiro ano na Série D, o ABC respira aliviado, vejam só, porque não foi rebaixado esse ano para a mesma quarta divisão. E o Alecrim, situação mais grave, está sem disputar a primeira divisão. Imaginem só, o clube centenário, várias vezes campeão estadual, com participações em campeonatos brasileiros até mesmo na primeira divisão, fora da elite do futebol potiguar.

Mais recentemente, o mesmo presidente reeleito e reeleito, sem eleição, sem urna, José Vanildo da Silva, abandonou o Estádio Juvenal Lamartine, berço de nosso futebol, e que no ano de 2020 vai completar 100 anos. Ele mudou a sede central do Tirol, onde todos se dirigiam, pagou caro por uma casa em Lagoa Nova e se mudou de novo, desta vez para um outro prédio fora de nossa roda, no mesmo bairro.

O JL, interditado, tomado pelo abandono, com arquibancada de madeira destruída, banheiros inutilizáveis, lixo acumulado nos quatro cantos, sedia jogos das bases. O estadinho do Tirol minha gente, é o retrato fiel de nosso futebol.

Dirigentes de clubes, da federação, imprensa, gestores públicos, desportistas de um modo geral, ninguém, ou quase, parece preocupado com essa situação. E ainda tem quem faça apologia a esse tipo de administração. Sinceramente, não sei mais por quanto tempo nós vamos tem um campeonato que vai poder ser tratado como profissional. Até quando os clubes vão conseguir pagar suas contas e se manterem vivos para as disputas de competições que só lhes trazem prejuízos.

Infelizmente, essa "crise" que me persegue, não é nem mais primazia do futebol. Não. No Rio Grande do Norte, em Natal, ele atinge todos os esportes. Não temos uma política de gestão e muito menos gestores, candidatos a gestores que demonstrem preocupação, isso é o mais grave.

O grito agora é uníssono: salvem o esporte do RN, e o futebol também!

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