Médico cubano custa menos da metade que brasileiro no interior do RN
Natal, RN 16 de abr 2024

Médico cubano custa menos da metade que brasileiro no interior do RN

15 de novembro de 2018
Médico cubano custa menos da metade que brasileiro no interior do RN

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O custo de um médico cubano para os municípios do Rio Grande do Norte equivale a menos da metade da média paga a um médico brasileiro contratado de forma direta. O cálculo foi confirmado pelo presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte José Leonardo Cassimiro de Araújo, prefeito de São Paulo do Potengi.

Com a saída de Cuba do Mais Médicos, o Estado perderá 142 médicos cubanos e, para repor, precisará desembolsar, em alguns casos, mais do que o dobro do que já paga.

Enquanto a contrapartida das cidades ao programa Mais Médicos varia entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, verba usada para custear hospedagem, alimentação e internet para um médico estrangeiro, um especialista brasileiro contratado fora do programa chega a receber entre R$ 6 mil e R$ 8 mil do município para completar um salário que varia entre R$ 12 e 14 mil.

O valor repassado pelo Ministério da Saúde aos municípios por médico contratado é de R$ 10,6 mil. No caso do programa Mais Médicos, a prefeitura fica com R$ 4,6 mil e repassa R$ 6 mil para a Organização Pan-americana da Saúde, que intermedia o acordo de cooperação entre Brasil e Cuba. Desses R$ 6 mil, parte é repassado para os médicos cubanos e uma fatia é destinada ao governo cubano.

Quando a contratação é feita de forma direta entre o médico brasileiro e o município, a prefeitura desembolsa um valor bem maior porque o profissional do Brasil exige um salário de, no mínimo, R$ 12 mil. Logo, além dos mesmos R$ 6 mil do Ministério da Saúde que o município destina à Organização, o médico local recebe uma verba que varia entre R$ 6 mil e R$ 8 mil para complementar o salário.

Saiba Mais: Sem Cuba no Mais Médicos quase 500 mil potiguares ficarão sem cobertura médica

"É desastroso", avalia presidente da FEMURN

O presidente da Femurn classifica como “desastroso” para o Rio Grande do Norte a saída de Cuba do programa Mais Médicos. Mais até do que a questão financeira, a perda é na atenção básica, avalia.

- É desastroso porque esses médicos fazem um trabalho muito pontual, específico para atenção básica. Esse trabalho evita que o paciente chegue à média e alta complexidade. Eles bloqueiam e evitam os problemas de saúde, são pro-ativos. Com isso, fazendo visita às famílias e com um atendimento humanizado, conseguem proteger nossa população nos bairros e comunidades rurais de epidemias, dos problemas mais sérios.

Em São Paulo do Potengi, são oito médicos. Dois deles cubanos contratados pelo Mais Médicos e seis brasileiros com carga horária de oito horas, de segunda a sexta-feira. Os médicos do Rio Grande do Norte recebem R$ 12 mil da prefeitura.

- Os municípios vão ter muita dificuldade de pagar e preencher essas vagas porque o programa Mais Médicos veio pra prestar o mesmo serviço à população a um custo mais barato.

O presidente da Femurn defende que o Governo Federal reveja essa situação. As entidades estadual e nacional de secretarias de saúde já se posicionaram contra a medida e as federações dos municípios do país terão uma reunião na próxima segunda-feira, onde a pauta da saída de Cuba do Mais Médicos será discutida.

- Essa reunião já ia acontecer na segunda-feira, mas vamos incluir essa pauta. Temos agenda com os presidentes da República Michel Temer, da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e do Senado Eunício Oliveira, mas vamos tentar encaixar um encontro com o futuro chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni pra tentar ver uma alteração nisso aí. Não precisa alterar as coisas agora. Senta primeiro na cadeira e depois tentar mexer no que acha que está errado. É claro que um gesto quando ganha uma eleição quer mostrar um trabalho diferente, mas não precisa provocar esse desastre que se anunciar porque quem vai pagar é a população mais pobre, que ficará sem atendimento básico.

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