Em entrevista ao jornal Tribuna do Norte neste domingo (18), o secretário de Estado de Recursos Hídricos e Meio Ambiente Maírton França revelou que o custo anual da operação do rio São Francisco para o Rio Grande do Norte será de R$ 100 milhões. É a chamada “tarifa de disponibilidade”, paga por todos os Estados que receberão as águas, independente da quantidade do volume que chegar.
Como se sabe, o Governo do Estado enfrenta a mais grave crise econômica de sua história. De onde a governadora eleita Fátima Bezerra (PT) vai tirar dinheiro para pagar essa operação ainda não se sabe. Há estudos sendo feitos. O secretário Maírton França, por exemplo, defende a universalização da cobrança a todos os potiguares, o que daria menos de 1 real para cada cidadão. Outra opção é fazer a cobrança apenas de quem vai usar a água, especialmente os empresários da fruticultura de exportação e sem sacrifício dos pequenos agricultores.
Parece óbvio que os produtores e empresários que vão lucrar com a água do rio São Francisco deveriam pagar mais, e espera-se que isso seja levado em conta na hora de definir o modelo econômico da operação. O gasto com energia para puxar as águas do Velho Chico é o que encarece mais a intervenção.
Noves fora o desfecho financeiro para a chegada das águas ao Estado, com previsão em 2019 primeiramente pelo rio Piranhas/Açu, a informação divulgada por Maírton França é importante para entender as prioridades definidas pelas gestões que passaram pelo governo estadual nos últimos anos.
O Governo do RN paga, por mês, aproximadamente R$ 11,6 milhões ao consórcio que administra a Arena das Dunas. Por ano, a soma chega a R$ 140 milhões, ou seja, R$ 40 milhões a mais do que o Estado terá que pagar para receber as águas do rio São Francisco e abastecer as populações que sofrem com seca, irrigar o plantio de pequenos agricultores e grandes plantações de fruticultura para exportação. O contrato entre o Governo e o consórcio é de 22 anos.
Ainda que a crise e a falta de dinheiro atrapalhem, essa conta simples mostra que as prioridades das gestões que passaram pelo governo estadual não eram as mesmas que o desejo e as necessidades do povo potiguar, especialmente aquela parcela da população que mais precisa e depende do Estado.
Já são quase 10 anos de seca sem trégua.
A promessa é de que as águas do rio São Francisco, a barragem de Oiticica e as adutoras construídas no Alto Oeste solucionem o problema hídrico do Estado.
Registre-se as gestões que sacrificaram os cofres públicos para construir a Arena das Dunas: Wilma de Faria, Iberê Ferreira de Sousa e Rosalba Ciarlini.
O Rio Grande do Norte e suas prioridades.