O inverno no RN
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21 de março de 2019
O inverno no RN

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Na véspera do Dia Mundial da Água, que se comemora em 22 de março, quero compartilhar uma notícia alvissareira. O inverno começou no interior do Rio Grande do Norte e com ele a esperança de que as chuvas sejam generosas em 2019. A água que caiu na primeira quinzena de março foi suficiente para que os mananciais de algumas regiões do estado registrassem aumento de volume. Porém, a chuva acima da média ainda não é suficiente para afastar o fantasma da seca. Por isso, o Comitê Estadual para Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca orientou a governadora Fátima Bezerra a prorrogar o decreto de situação de emergência por mais 180 dias, em 148 municípios do estado.

A decisão leva em conta a análise técnica dos últimos seis meses. Os técnicos avaliam que, depois de vários anos de seca, o volume de chuvas registrado até agora ainda não provocou uma recarga satisfatória nos reservatórios. Quando o governo reconhece que um município está em situação de emergência, ele recebe auxílios como carros-pipa, tem maior facilidade para renegociar dívidas e receber recursos extraordinários. A situação só não é pior no Nordeste devido às diversas ações estruturais e sociais adotadas pelo governo federal nos últimos vinte anos, como, por exemplo, a transposição do São Francisco, a Bolsa Estiagem e o programa Garantia Safra.

Monitoramento realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) nos sete primeiros dias de março constatou que o maior volume de chuva ocorreu na região Oeste, sobretudo em Felipe Guerra. No Litoral Leste, a chuva mais intensa se deu em São Gonçalo do Amarante. No Agreste, choveu mais em Bento Fernandes, e na região Central, em Caicó. Apesar da necessária cautela, a notícia dá um alento para o povo potiguar, sobretudo o sertanejo que vive em regiões onde a escassez de água tem dificultado a sobrevivência e transformado a vida em um sacrifício diário. É até difícil imaginar o sofrimento de uma família que acorda sem saber se terá durante aquele dia a água necessária para as necessidades mais básicas da existência humana.

O colapso no abastecimento tem obrigado as pessoas a enfrentarem filas e, às vezes, tumulto, para encher um balde ou outro recipiente do líquido distribuído pelos carros-pipa. Com o prolongamento da seca, nos últimos anos muitas famílias perderam seus roçados e tiveram que vender a preço rebaixado ou viram definhar até morrer suas poucas cabeças de gado. Sem falar nos que deixaram suas propriedades e foram tentar a sorte em outras localidades. Se as expectativas se confirmarem, esse quadro de penúria poderá ser minimizado.

O diretor-presidente do Instituto de Gestão das Águas (Igarn), Caramuru Paiva, baseado em estudos de sua equipe técnica, acredita que, com um inverno normal, a reserva hídrica dos 45 reservatórios monitorados pelo Governo do Rio Grande do Norte (aqueles que possuem capacidade superior a 5 milhões de metros cúbicos), poderá atingir a metade de sua capacidade, ao final da temporada chuvosa. Isto significa que do total de 4,4 bilhões de metros cúbicos, as barragens do RN poderão estar armazenando cerca de 2,2 bilhões. Este volume, no início de janeiro, era de 960 milhões de metros cúbicos. Comparando com os anos anteriores, será a maior quantidade de água acumulada desde 2013, quando, ao final do inverno, atingiu 45,01% da capacidade total das bacias hidrográficas.

Com água, a realidade do semiárido nordestino se transforma. A pobreza, o êxodo rural e a fome diminuem. A taxa de mortalidade cai, junto com a desnutrição. As famílias passam a se alimentar melhor, podendo retirar do roçado a maior parte do alimento que necessita. A saúde melhora, os animais retomam o vigor. Até a evasão escolar reduz. A vida floresce no sertão. A paisagem perde a tonalidade cinza, que dá lugar ao verde. A esperança devolve o brilho no olhar da população, embora as dificuldades prossigam. Com fé em Deus, as boas perspectivas vão se confirmar, para a alegria e a felicidade de todo o povo potiguar.

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