“Parar não é opção”, afirma reitor da UFRN Daniel Diniz sobre os cortes no orçamento

O cenário de sucessivos cortes no orçamento e bloqueios de verbas alcança um patamar crítico este ano com uma redução anunciada pelo Governo Federal de 1 bilhão de reais para as 69 Universidades Federais e bloqueio de 13,89% da verba aprovada. Ainda assim, gestores não consideram a possibilidade de parar as atividades. O panorama foi apresentado pelo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Daniel Diniz, em entrevista ao programa Balbúrdia nesta quinta-feira, 20.

“As dificuldades que as Universidades vêm enfrentando a uma série de anos passou agora do limite”, ressaltou Diniz.

Neste mês de maio, o professor completa dois anos à frente da gestão da UFRN e afirma que “foram dois anos muito difíceis, de dificuldades orçamentárias e de contratações muito grandes”. A pandemia, segundo o reitor, veio aumentar as dificuldades em todas as dimensões.

“É muito difícil trabalhar na situação atual”, colocou ao falar que para este ano a redução é de 60% do orçamento em relação a 2014. “Chega um momento que não tem mais onde fazer cortes de despesas”.

Segundo Diniz, depois de cortar nos investimentos necessários para que as pesquisas sejam desenvolvidas, para que sejam realizadas as atividades de extensão, assim como para dar andamento às mais diversas atividades, a administração passa a ter que fazer cortes em coisas essenciais como, por exemplo, conta de energia elétrica e redução das pessoas que cuidam da manutenção das Instituições.

O reitor lembrou que o ano passado, a UFRN ficou impossibilitada de realizar a Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura (Cientec), que em 25 edições se consolidou como o maior evento científico do Estado, por bloqueio de verbas pelo Ministério da Educação.

Em carta, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), afirmou que, mesmo diante de todas as dificuldades, as universidades federais se recusam a parar. Para tanto, os reitores estão empenhados no desbloqueio de 13,89% das verbas e na aprovação de um projeto de lei para resgatar o orçamento, e estão atuando na articulação com os parlamentares de cada estado.

Para o reitor da UFRN, uma vez conquistadas essas urgências, é preciso se fazer uma “discussão mais ampla sobre investimento em Educação no país”. Ele levanta a urgência das universidades em “retomar a capacidade de investimentos, de apoio à pesquisa, de apoio à extensão”.  Especialmente nesse momento de pandemia em que “ficou mais clara a importância que teve as ações desenvolvidas pelas universidades”.

Confira a entrevista na íntegra: