Grito por memória ao jovem Giovanni Gabriel afirma que sem justiça não haverá paz
Natal, RN 28 de mar 2024

Grito por memória ao jovem Giovanni Gabriel afirma que sem justiça não haverá paz

6 de junho de 2021
Grito por memória ao jovem Giovanni Gabriel afirma que sem justiça não haverá paz

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Sem Justiça, sem paz”. O sentimento levou mais de uma centena de pessoas às ruas do Guarapes, zona oeste de Natal. O ato realizado na tarde deste sábado, 5, reuniu familiares, amigos e moradores do bairro por justiça e memória do adolescente Giovanni Gabriel, assassinado exatamente um ano antes, por policiais militares. Estampada em camisas e cartazes, as lembranças do jovem de 18 anos foram entoadas por palavras de ordem durante o cortejo que finalizou com um ato cultural na Praça Guarapes.

Gabriel saiu de casa na manhã do dia 5 de junho de 2020 para ir de bicicleta à casa da namorada, em Parnamirim. Mas não chegou. Populares registraram em vídeo o momento em que o adolescente foi pego por policiais militares. “Meu filho não teve defesa. Eles pegaram e mataram meu filho em 15 minutos”, afirma a mãe do Gabriel, Priscila Sousa.

O corpo só foi encontrado no dia 14 de junho. Segundo a Polícia Civil, Gabriel teria sido confundido com outro jovem negro, acusado de cometer um assalto. “Estamos aqui para pedir justiça. Os covardes que cometeram esse crime merecem ir a júri popular”, cobra Priscila Sousa.

Quatro policiais, que não tiveram os nomes divulgados, estão presos e serão ouvidos pela primeira vez por um juiz nesta segunda-feira, 7. O advogado da família, Hélio Miguel, que acompanha o caso desde as buscas pelo corpo, lembrou que os policiais só foram presos depois de flagrados tentando apagar vestígios do crime no local onde foi encontrado o corpo de Gabriel, em um terreno em São José de Mipibu.

Após o sequestro, assassinato e ocultação do corpo, foram familiares e amigos que iniciaram a busca por Gabriel e chegaram a encontrar suas sandálias em uma área de vegetação em Parnamirim. “Ninguém da estrutura do Estado ajudou. Só quem estava ao meu lado era a população”, reclama Priscila.

Para os manifestantes, não houve engano, quem matou Gabriel e continua matando outros jovens negros nas periferias é o racismo institucional. “Sempre confundem, entre aspas, a nossa cor. Sempre confundem, entre aspas, o nosso bairro. Sempre confundem, entre aspas, o que está em nossa mão. Porque eles acham que todo morador da periferia é perigoso, é bandido. Eles acham que o povo pobre, preto, da favela é perigoso, é bandido e merece morrer. É por isso que afirmamos aqui que nossas vidas pretas importam e não vamos aceitar nenhum tombamento”, afirmou Samara Martins, vice-presidente nacional da Unidade Popular.

Além dos familiares, amigos e moradores do bairro, o ato contou com a participação de movimentos populares, como o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e o Movimento de Luta por Moradia Popular, do DCE  José Silton Pinheiro e Centros Acadêmicos da UFRN, de lideranças e militantes da Unidade Popular, e da deputada federal Natália Bonavides (PT).

Foto: Luisa Medeiros

O ato marca um ano da morte desse jovem negro que foi assassinado e tinha tantos sonhos que foram interrompidos. A gente está aqui para dar essa força, para estar junto à família que há um ano vem passando por esse momento tão triste e difícil”, disse Natália Bonavides.

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