RN registrou mais de 17 mil pessoas com sintomas de gripe na 1ª semana de janeiro; 9% testou positivo para covid-19
Natal, RN 29 de mar 2024

RN registrou mais de 17 mil pessoas com sintomas de gripe na 1ª semana de janeiro; 9% testou positivo para covid-19

14 de janeiro de 2022
5min
RN registrou mais de 17 mil pessoas com sintomas de gripe na 1ª semana de janeiro; 9% testou positivo para covid-19

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Mais de 17 mil pessoas no Rio Grande do Norte apresentaram sintomas gripais na primeira semana de 2022, mas apenas 9% delas testaram positivo para covid-19. O dado é de um levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do RN (Sesap) com base nas notificações hospitalares feitas entre os dias 2 e 8 de janeiro. Segundo a secretária-adjunta da pasta, Lyane Ramalho, o índice evidencia a existência de circulação de dois vírus no Estado: o influenza e o coronavírus.

Das 17 mil notificações de pessoas com sintomas gripais no período, 1.594 tiveram o resultado positivo para a covid-19. A Sesap afirma que não é possível afirmar com precisão qual infecção atingiu o restante porque o sistema não notifica especificamente casos positivos de Influenza e não tem capacidade de fazer todo o sequenciamento genético, por exemplo. Mas, por conta do surto de Influenza, acredita-se que a maioria dos casos não covid-19 sejam causados pelo vírus Influenza A H3N2.

Além disso, a pasta afirma que existe a possibilidade de haver mais casos positivos de covid-19 entre as 17 mil notificações, que são feitas a partir da avaliação clínica (sintomas observados pelos médicos). Esses casos podem estar subnotificados por testes com resultado falso negativo ou falta de testagem. Entretanto, a Sesap ressaltou que a orientação é que pessoas que apresentem sintomas sejam testadas e dentro da janela correta, para o diagnóstico ser feito corretamente.

Segundo Lyane Ramalho, a estatística mostra como o surto de Influenza presente no Rio Grande do Norte convive com a pandemia de coronavírus desde dezembro. “Estamos convivendo com dois vírus, e atualmente a maioria dos pacientes que chegam para nós não estão com covid-19. Isso fica evidente quando a gente olha o número de pessoas com sintomas de gripe e olha a quantidade de teste positivo para a covid”, disse.

Outro dado que corrobora com o índice alto de influenza no Estado é o número de internados. Na manhã desta quinta-feira, o Rio Grande do Norte tem 25 pacientes internados em leitos de enfermaria com síndrome aguda respiratória e testados negativo para covid-19; entre os positivos para a doença causada pelo coronavírus, há 14 internações.

Na UTI, 47 pacientes com covid-19 estão internados (34% dos leitos). Sem covid-19, esse número é 20 (14,5%).

O aumento de casos de pessoas com síndromes gripais e de covid-19 é observado desde dezembro no Rio Grande do Norte. Entretanto, a baixa testagem no período - observada em todo Brasil - impede uma análise mais precisa da quantidade de casos da covid-19 e de gripe registradas no período, para se traçar uma relação.

Procura por testes aumenta 400% em rede privada

Na primeira semana de janeiro, entretanto, houve um aumento exponencial da procura por testes. O laboratório DNA Center, da rede privada, por exemplo, afirmou esta semana que teve um aumento de 400% na procura por testes comparado com a primeira semana de dezembro. Entre 40% a 50% dos testes realizados foram positivos para a covid-19.

Para o diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e participante do comitê, Ricardo Valentim, esse aumento se deve tanto à quantidade de pessoas com sintomas gripais quanto ao período de viagens para outros lugares. “Estamos falando de um aumento na rede privada, onde muitas pessoas fazem porque vão viajar de férias e o teste é exigido”, disse.

Primeira semana de janeiro teve maior número de casos de covid-19 registrado desde novembro

Apesar do percentual de 9% de casos positivos entre o total de pessoas com sintomas, os 1.594 casos da primeira semana de janeiro foi o maior número registrado desde novembro de 2021. Para especialistas, esse aumento está ligado às festas de fim de ano, ocorridas ao longo de dezembro - mais notadamente o Carnatal - e a presença da Ômicron.

Segundo um estudo apresentado pelo professor do Departamento de Física da UFRN José Dias do Nascimento Júnior, responsável pelos gráficos e projeções relacionadas à pandemia no Comitê Científico do Nordeste, a taxa de incidência de casos de covid-19 no Rio Grande do Norte cresceu após o Carnatal, realizado entre os dias 9 e 12 de dezembro na Arena das Dunas, em Natal.

Quinze dias após o fim da festa, a contaminação e solicitações de leitos covid voltaram a crescer. Em 20 novembro eram 22 solicitações diárias. Em 31 de dezembro, as solicitações foram para 32 na média móvel. A pressão também foi maior na região Metropolitana de Natal, onde o evento ocorreu.

“Junte-se a isso uma mistura de variantes, atraso nos testes, apagão de dados e vacinação e a questão se torna bem complexa. Publicamos antes do Carnatal nosso posicionamento, onde mostramos que insistir na festa traria resultados negativos, e aqui temos a confirmação das nossas suspeitas”, afirmou José Dias.

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