Feminismo popular para esperançar 2022
Natal, RN 24 de abr 2024

Feminismo popular para esperançar 2022

8 de março de 2022
5min
Feminismo popular para esperançar 2022

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O dia 8 de março marca a abertura do ano de lutas das mulheres e da classe trabalhadora. E este não é um ano qualquer. É um ano em que convivemos com pandemia, guerra e crise climática. Um ano que leva para as famílias brasileiras o drama da fome e da inflação. Será um ano difícil, sem dúvida nenhuma. Mas também será o ano de superar o terrível governo neoliberal e da extrema direita no Brasil. Derrotar o governo Bolsonaro é o que deve organizar a agenda dos movimentos populares e da classe trabalhadora, avançando na democracia participativa, feminista e antirracista, na soberania popular, na garantia de direitos e no combate às desigualdades. E nessa luta nós sabemos que as mulheres sempre estiveram e seguem na linha de frente.

O modelo que nos organiza hoje enquanto sociedade, o capitalismo neoliberal, passou a operar baseado no que chamamos de conflito capital-vida. A ampliação sem limites da exploração da natureza ameaça o planeta inteiro, a fome volta a ser um flagelo social em pleno século 21 - apesar de termos uma produção recorde de alimentos -, a disputa por recursos e mercados traz de volta a guerra e uma grande parcela da população mundial vive hoje pior do que viviam seus pais, mães e avós.

A pandemia teve a força de aprofundar e escancarar essa realidade. A imposição da lógica do lucro impossibilitou uma resposta global e coordenada ao Covid-19. Para as mulheres, a quem tradicionalmente se reservou o lugar da casa e do cuidado, esse período reforçou um cotidiano de sobrecarga. Segundo pesquisas, a partir das medidas de isolamento social, 50% das mulheres passaram a cuidar de alguém, sendo que para as mulheres rurais esse número sobe para 62%. Houve, portanto, um drástico aumento do trabalho doméstico e das tarefas de cuidado, realizadas quase exclusivamente pelas mulheres e inviabilizadas pela sociedade. Isso aliado à dificuldade de realizar as denúncias de agressão, o crescimento da violência letal e o aumento das taxas de desemprego e da fome evidenciam como em momentos de crises são as mulheres - em especial as mulheres negras - que mais sofrem.

Desde 2018, com o movimento do "Ele Não", denunciamos que Bolsonaro é inimigo das mulheres. O seu governo apenas confirmou o anunciado, concretizando uma agenda antifeminista, articulada com o racismo, a xenofobia e demais dinâmicas de dominação e exploração baseadas em classe e raça. Bolsonaro entende como justo que as mulheres ganhem menos, fez apologia ao turismo sexual no país, compôs o governo quase na totalidade por homens brancos e da classe abastada, foi condenado judicialmente por ofensas contra mulheres e desmantelou políticas públicas importantes para assegurar direitos.

Os ataques contra nós são muitos e justamente por isso as respostas não podem vir desde uma perspectiva individualizante. O feminismo tem a força de traçar estratégias coletivas e solidárias para colocar a sustentabilidade da vida no centro da agenda política. A nossa auto-organização nos fortalece para seguir na luta cotidiana pelo mundo que queremos: sem fome, sem violência, com direitos e autonomia. Com todas as mulheres, do campo, da cidade, das águas e das florestas, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, nossa tarefa é potencializar um projeto de país ancorado nas lutas populares, que exija uma transformação estrutural da sociedade. E a construção desse projeto perpassa pela reeleição da única mulher governadora do Brasil, Fátima Bezerra, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva!

Radicalizar as lutas com o feminismo popular nas ruas, roçados e parlamento é nossa forma de sobreviver a um sistema que nos quer belas, recatadas e do lar - quando não mortas. Nós somos as sementes do primeiro voto de Celina Guimarães Viana, da sabedoria de Carolina de Jesus, da educação emancipadora de Nísia Floresta, da coragem de Dandara, da arte de Chiquinha Gonzaga, da luta de Maria da Penha e de milhões de outras histórias únicas. O único generalismo que cabe a nós mulheres é que, como as águas, ganhamos força quando nos juntamos. A nossa esperança está na luta. E é por isso que convido a todas as mulheres, nesse 8 de março, para esperançar se juntando: pela vida das mulheres, contra a fome, o desemprego e a carestia – Bolsonaro Nunca Mais!

Os dados apresentados nesta seção são resultados
da pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, realizada pela SOF e a Gênero e Número entre 27 de abril e 11 de maio de 2020, por meio de um questionário online com 52 perguntas respondidas por 2.641 mulheres de todo
o país. Todos os resultados, análises e entrevistas estão disponíveis em: www.mulheresnapandemia.sof.
org.br/.

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