Estagiários reclamam de baixos salários e dizem que trabalharam para a Prefeitura de Mossoró quase dois meses sem contrato

A Prefeitura de Mossoró realiza seleções desde março, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), para contratar 415 estagiários. A primeira chamada ocorreu em 11 de abril e a administração municipal continua com vagas. Os estudantes reclamam que trabalharam por quase dois meses sem contrato e também estão insatisfeitos com o valor da bolsa, que é de R$ 500 por mês mais auxílio-transporte de R$ 6,60 por dia.

As vagas são destinadas a alunos regularmente matriculados a partir do 4º período em cursos de licenciatura (Pedagogia, Letras, Física, Química, Matemática, Letras/Libras, Educação do Campo, Educação Física, Música etc) em instituições que possuem convênio com o Município, como, por exemplo, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa),Universidade Potiguar (UnP), Universidade Paulista (Unip-Mossoró) e Faculdade Pitágoras.

De acordo com a Prefeitura, 370 já foram encaminhados e 323 vagas estão preenchidas (considerando as desistências e aqueles que aguardam formalização do vínculo).

“Diariamente, novos universitários continuam sendo encaminhados às escolas e Unidades de Educação Infantil (UEIs). Inicialmente, mais de 400 vagas foram disponibilizadas, mas não houve o total preenchimento desse quantitativo, apesar dos apelos feitos para que os estudantes comparecerem à Secretaria de Educação”, publicou o Município em 10 de maio, ao comunicar sobre novas vagas.

Quanto à demora nos contratos, informa: “Alguns candidatos a estagiários pelo CIEE (ou seja, de instituições que não a UERN) aguardam a assinatura dos contratos pelo CIEE. À medida que assinam, encaminhamos imediatamente para as escolas”.

Os estudantes justificam as desistências porque o estágio não é atrativo e apontam uma série de fatores.

“A gente fez o barulho e formalizaram o contrato de alguns. Outros ainda estão nessa luta pelo contrato. A bolsa no fim do mês soma R$ 620, o que é extremamente baixo. Não compensa para os estudantes irem para as escolas. Isso vem gerando grande desistência dos estagiários. As vagas não chegam a ser o que foi divulgado. A Prefeitura alega falta de procura, mas a verdade é que estão desistindo pela precariedade”, conta o vice-presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-RN), Rafael Tavares, que já buscou a Prefeitura e o apoio de alguns vereadores para solucionar os problemas.

A entidade estudantil também aponta que há muitos alunos para cada estagiário; falta momento de aprendizagem do estagiário, incluindo orientação para os que assistem crianças com deficiência; alguns ficam mais do que as 20 horas semanais; falta das salas de AEE ( Atendimento Educacional especializado); desorganização nos pagamentos; alguns professores não adaptam as atividades e colocam os estagiários para dar aula.

A Prefeitura garante que há acompanhamento dos estagiários pela Coordenadoria de Educação Especial da SME, supervisão dos professores de sala, além de orientação na instituição de ensino na qual estão vinculados.

“As primeiras orientações são dadas ainda na seleção pela Coordenadoria de Educação Especial da SME. As formações já começam a acontecer por unidades, e acontecerão durante todo o ano”, informou a Prefeitura.