Em uma nova análise da qualidade da água retirada esta semana do ponto que ficou conhecido como “Buraco Azul”, em Parnamirim, os técnicos da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) constataram a presença da bactéria EColli, normalmente encontrada no intestino humano e de outros animais de “sangue quente”. A bactéria é utilizada como indicador da qualidade da água e sua presença indica que há microrganismos intestinais na amostra analisada que são capazes de provocar doenças.
Mesmo assim, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta (8), a Prefeitura de Parnamirim informou que vai transformar o local em um ponto turístico. A secretaria de Obras do município avalia se o lago será transformado num parque, numa praça ou num mirante.
Visitas provocaram contaminação
O laudo mais recente sobre a qualidade da água do “Buraco Azul” tem data desta terça (7). Mas, numa amostra anterior, cujo resultado foi divulgado no dia 1º de fevereiro, a Caern havia atestado a boa qualidade da água, considerada potável, sem qualquer traço de contaminação e semelhante à água proveniente dos poços tubulares localizados naquela área, responsáveis por parte do abastecimento da população da cidade.
Na ocasião, o Igarn (Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte) também analisou a água e chegou ao mesmo resultado.
De acordo com a Caerm, a contaminação foi decorrência do uso indevido e falta de renovação da água. O banho no “Buraco Azul” continua proibido e para evitar a entrada de pessoas, a prefeitura quer aumentar a altura dos taludes colocados no local. A segurança também será garantida pela Guarda Municipal.
Buraco Azul ficou verde

O lago de coloração azul turquesa aflorou no bairro Nova Esperança, em Parnamirim, durante escavações de uma obra de Estação Elevatória de Esgotos, no dia 25 de janeiro. A cor azul da água é um fenômeno físico conhecido, sendo apenas o reflexo da luz branca do sol, já que a água é transparente. A profundidade e a cor clara do fundo da lagoa também favorecem o aspecto azulado da água.
Porém, nos últimos dias, com a entrada de curiosos no lago, apesar do banho estar proibido, a coloração da água mudou para uma tonalidade verde, de acordo com a assessoria de imprensa da Caern.
Obras desviadas
A Estação Elevatória de Esgotos (EEE) que seria construída no local pela Caerm, continuará em um local próximo, distante a cerca de 70 metros do “Buraco Azul”. Porém, será preciso um novo licenciamento ambiental junto ao Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiental), que inicialmente havia se posicionado pela continuidade da obra.
De acordo com o presidente da Caern, Roberto Linhares, a mudança não vai acarretar em grandes custos. A obra da estação foi avaliada em R$ 196 milhões, sendo R$ 120 milhões do Orçamento Geral da União, R$ 55 milhões do Fundo de Garantia, que é empréstimo do município, e R$ 21 milhões da Caern. A cada mês de atraso, acrescenta-se R$ 2 milhões de reajuste, que não são garantidos por nenhuma das fontes.
Atualmente, a cidade de Parnamirim tem apenas 5% de seu esgoto tratado, mas vai chegar a 70% com a conclusão da obra, prevista para ser concluída em seis meses.