Realismo esperançoso
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Realismo esperançoso

29 de dezembro de 2017
Realismo esperançoso

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Para nós, que utilizamos o calendário gregoriano, é o fim de mais um ano, momento em que é comum a reflexão do que fizemos e vivemos no ciclo que se encerra, e idealização de projetos para o ano seguinte, tempo de renovar desejos e utopias.

Obviamente, sob o ponto de vista puramente racional, trata-se apenas de um dos modelos de calendário, o mais adotado no mundo, sobretudo no ocidente. Mas temos outros, o que faz a noção de tempo passado mudar de lugar para lugar, como, por exemplo, o calendário judeu (ano 5777), o Chinês (ano 4715), islâmico (ano 1438), e assim por diante. Cada calendário tem sua história e sua razão de ser. Como ensina Einstein, na sua estrambólica fórmula e teoria, que, na minha limitação, nunca consegui compreender, o tempo é  relativo, depende do referencial em que é medido.

Boa parte das pessoas com quem tenho conversado ultimamente andam como aquela música do Chico, falando de lado e  olhando pro chão, todos céticos. É a violência, o atraso nos salários, o desemprego, a redução de direitos, as ameaças e armadilhas da reforma da previdência, serviços públicos que não funcionam, os retrocessos sociais e humanos, a intolerância, a falta de solidariedade….a situação desanima a muitos.

De minha parte, tento olhar a situação por outro enfoque, com otimismo, não aquele otimismo piegas, desplugado da realidade, alienado. Mas olhando com a história, vendo de forma factual o notável avanço civilizatório e evolutivo que vamos vivenciando ao longo do tempo. A conclusão que chego é que, apesar dos pesares, a humanidade evolui.

Obviamente que, como todo processo evolutivo, temos momentos de avanços e retrocessos. É aquilo que o general Golbery do Couto e Silva,  ideólogo e guru do regime militar, em linguagem metafórica, aplicando a biologia à política, afirmava ser os ciclos de sístoles e diástoles. A história do homem e do Brasil sempre foi assim.

Se olharmos com um olhar apenas no calendário gregoriano, chegamos a conclusão de que o ano de 2017 foi de retrocessos: políticos, sociais, humanitários, para o Brasil e para quase toda humanidade. Mas se sairmos deste olhar limitado e buscarmos espaços temporais mais elásticos, históricos, veremos, com clareza, que o processo civilizatório é evolutivo. Quantos avanços tivemos no campo das ciências, da tecnologia, que ajudam a humanidade viver mais e melhor? As relações humanas também avançaram, há mais respeito as diferenças. Grupos humanos que eram segregados até parte do século passado já se manifestam livremente. Negros, mulheres, LGBTs conquistaram direitos fundamentais, atitudes preconceituosas consideradas normais até bem pouco tempo hoje não são mais toleradas.

Uma viagem ao longo do tempo mostra que estamos evoluindo, as vezes a passos longos, as vezes a passos lentos, com os avanços e retrocessos que sempre fizeram parte da caminhada humana nesse asteroide pequeno que todos chamam de terra.

E o que esperar de 2018?

Que continuemos a evoluir, estancar os retrocessos de 2017. Que cada um de nós possa fazer a sua parte, ser mais solidário, menos preconceituoso, e, cada vez mais, exercitar a alteridade, se colocar no lugar do outro. Os avanços e retrocessos que fazem a humanidade evoluir ou involuir dependem, em boa medida, de todos nós, e um destes momentos no próximo ano serão as eleições, sobretudo para o parlamento federal, oportunidade em que teremos a régua e o compasso para traçarmos o nosso caminho.

Para finalizar, faço minha as palavras do genial Ariano Suassuna: “Não sou nem otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança. Sei que é para um futuro muito longínquo. Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo todo.”

Feliz 2018. Feliz sempre para todos.

Ps. Obrigado a Rafael Duarte e equipe pelo convite e oportunidade, este ano, de ter este espaço aqui. Vida longa ao www.saibamais.jor.br

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