Apesar do impacto causado pelo recente anúncio de fechamento da loja C&A localizada no cruzamento da avenida Rio Branco com a rua João Pessoa, na Cidade Alta, no centro de Natal, o número de lojas que fecharam na região foi menor em 2021 do que em 2020, quando teve início a pandemia do novo coronavírus por aqui.
Enquanto 96 empresas localizadas no bairro encerraram suas atividades em 2020, 83 fecharam as portas em 2021, de acordo com dados fornecidos pela Junta Comercial do Rio Grande do Norte (Jucern). O maior movimento registrado nesse período, foi de empresas que mudaram de ramo. Foram 297 em 2020 e 377 em 2021, apenas na Cidade Alta. No gráfico fornecido pela Jucern, essas empresas aparecem em amarelo como “Empresas Alteradas”.



“São empresas que precisaram mudar as atividades para as quais foram criadas e oferecer outras opções ao consumidor. Isso é uma adaptação da empresa à economia local. Ocorre porque o empresário observou um ramo rentável que não havia previsto, um ramo novo ou mesmo mudança para evitar o fechamento da empresa naquela atividade que ele havia planejado inicialmente, quando criou a empresa”, detalha Carlos Augusto, presidente da Jucern.
Em toda Natal, esse mesmo movimento de adaptação e mudança de ramo, apontada pela Jucern no centro da cidade, também se repete. Mas, apesar da aparente melhora no movimento apresentado pelos números, ainda é cedo para fazer qualquer tipo de avaliação nesse sentido.
“As consequências econômicas da crise provocada pela Covid-19 ainda podem ser sentidas, pois agora as empresas precisam pagar os custos financeiros da crise. Aliado a isso temos a guerra, que traz a crise para nossa porta”, pondera Robespierre do Ó, economista.

Para tornar o centro mais atraente, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) começou a executar um projeto que prevê a ampliação das calçadas, com substituição do pavimento antigo que estava se soltando em vários pontos por placas de concreto, além de arborização, ciclovia e acessibilidade.
As obras vão desde a rua Apodi até a Auta de Souza. O serviço tem um custo total de R$ 951.365 e também vai permitir a ampliação do número de vagas de estacionamento no centro, um ponto frágil para o comércio de rua já que a falta de vagas é um dos motivos pelos quais as pessoas têm optado pelos shoppings centers nos últimos anos.
No entanto, para uma recuperação da área, é preciso uma reforma mais ampla, que envolva diferentes setores, aponta o economista.
“Alguns movimentos estão sendo feitos, como a urbanização de ruas, mas isso é insuficiente. Temos o exemplo a Ribeira, já foi prometido, mas que até agora não conseguiram revitalizar. Falta uma política tributária, ou seja, planejamento urbano. O Plano Diretor recentemente sancionado pode ter ações que permitam a revitalização. O que observamos é a mudança para outros pontos da cidade de serviços como o TJRN [Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte] e o próprio gabinete do prefeito”, avalia Robespierre do Ó, ao citar a mudança do gabinete administrativo da prefeitura de Natal do centro para o bairro de Candelária, na zona sul da cidade.

