CULTURA

Ponto de encontro da esquerda natalense, Cervejaria Resistência completa quatro anos

Assim como a cerveja, o espaço começou de forma artesanal, no quintal da casa de Anderson Barra, em Ponta Negra, há quatro anos, em 26 de maio de 2018. A princípio abria quinzenalmente, mas a assiduidade aumentou com a demanda. Agora, a Cervejaria Resistência abre de quinta a sábado, das 19h às 22h.

Além das variadas cervejas exclusivas – como as de frutas, ervas, temperos, jambu e jurema – e da música bem selecionada, o local se diferencia por enaltecer o comunismo, atraindo a esquerda não só natalense. Já passaram por lá personalidades como Frei Beto e o pastor Henrique Vieira.

Quando decidiu aprender a fazer cerveja, a intenção de Anderson era ter um novo hobby. “Eu descobri que tinha uma escola superior de cerveja e malte em Blumenau, Santa Catarina. Em janeiro de 2017 fiz o curso e quando retornei comecei a produzir na Associação dos Cervejeiros Potiguares (Acerva) aqui em Natal, que tinha todos os equipamentos. No final de 2017, eu consegui comprar meus equipamentos e comecei a fazer em casa. Inicialmente, pra eu beber com a minha companheira, Derliane”.

Mas alguns amigos provaram a bebida, gostaram e incentivaram Anderson a produzir mais. Com esse estímulo, o cervejeiro começou a engarrafar e criar rótulos, sempre com temas ligados a comunismo e revolução. “Aquilo foi passando de boca em boca, literalmente, de mão em mão”, lembra Anderson.

Uma dessas mãos foi a do arte-educador Rodrigo Bico, que era professor da filha de Anderson, Estela. Na residência da família, o artista provou a cerveja e o convidou a fazer um evento para reunir amigos, que aos poucos foram sendo compartilhados também com o casal. O som do primeiro evento, há quatro anos, foi por conta do cantor Júlio Lima.

“Moramos aqui desde 2009 e nós não conhecíamos ainda quase ninguém em Natal. E a partir dessas pessoas que o Rodrigo Bico foi levando, a gente foi conhecendo várias pessoas interessantes e assim foi. Inesperadamente, o primeiro evento lotou o quintal da minha casa”, conta o paraense.

Anderson conta que o sucesso foi se espalhando e seus rótulos começaram a ser levados por esses amigos a outros lugares do país e do mundo, como França e Itália, e a mãos como as do ex-presidente Lula.

Em 2019, lançaram a cerveja Marielle Vive e Derliane, a Grelo Duro Cervejas Feministas, que realizava o Sabá Feminista, em que as mulheres degustavam a bebida. O evento era aberto aos homens, mas a “Marielle Vive” e o microfone eram exclusivos para elas.

Mas nesses quatro anos, a Resistência fez uma pausa. Barra entrou em uma sociedade com mais duas pessoas para abrir a Cervejaria Ponta Negra e decidiu que quando o negócio estivesse “andando com as próprias pernas” retomaria a cervejaria de origem, em casa. No meio da pandemia, a sociedade se desfez e a atenção foi voltada completamente para a Resistência. A volta incluiu um clube por assinatura, Comuna Resistência, em que as pessoas aderiam e recebiam a cada mês novos rótulos.

Em fevereiro de 2022, Anderson inaugurou a nova Cervejaria Resistência no espaço que abrigou a Ponta Negra, na Rua Leonora Armstrong,35. E, às vésperas do aniversário, conseguiu o registro no Ministério da Agricultura, tornando-se legalizada.

Comemorações e campanha 2022

O quarto aniversário da Cervejaria Resistência está sendo comemorado desde a quarta-feira (25) e segue até o sábado (28). A programação inclui cinema, samba, MPB, chorinho, o lançamento da primeira cerveja após o selo federal, “Lula Já”, e o lançamento do Comitê Popular da Resistência, no último dia.

O comitê vai arrecadar 50% das vendas do novo rótulo para a produção de material da campanha do ex-presidente Lula.

Confira programação completa.

 

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Isabela Santos é jornalista e repórter da agência Saiba Mais