Foi lançada no início deste mês a websérie “Arlindo Sou Eu”, dirigida pela potiguar Camila Guerra, que conta a trajetória de criação do personagem da webcomic “Arlindo”, da também potiguar Luiza de Souza, mais conhecida na internet como Ilustralu. Além de inovar na linguagem, a websérie também traz versões com recursos de acessibilidade como LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais), audiodescrição e legendas, ainda pouco disponíveis nas produções audiovisuais.
“Uma das coisas que busco enquanto realizadora audiovisual é alcançar diversos públicos, para além do público alvo das obras que ajudo a produzir. E dentro deles, existem pessoas que precisam de um recurso a mais para a compreensão do todo. Acredito que a inclusão começa com o exercício de se pensar a verba para os serviços de acessibilidade desde a primeira versão do orçamento geral da produção audiovisual. Às vezes, não dá para incluir todos de uma vez porque a verba é limitada, mas o exercício de incluir é válido para que, quando a verba permitir, essa parte não seja esquecida”, defende Camila que, na verdade, é potiguar de coração. Ela nasceu no Rio Grande do Sul, mas desenvolveu todo seu trabalho por aqui.



Arlindo é figura conhecida do público potiguar e já tem até público cativo, os “Arlinders”. No lançamento do livro físico no início do mês, teve até fila de espera na loja São Jogue, em Natal. A webcomic, que traz várias camadas de significados, levanta debates ligados, principalmente, a questões sociais. A proposta é aprofundar esses discussões em episódios de eixos temáticos.
O primeiro episódio mergulha nas origens – sentimentais e visuais – de Arlindo. O segundo, em fase de pós-produção, abordará questões ligadas a regionalidade da webcomic. Os demais episódios ainda estão em fase de roteirização, mas foram pensados para aproximar ainda mais o público “arlinder” da obra.
Tornar a websérie acessível por meio dos recursos de LIBRAS, audiodescrição e legendas só foi possível porque o projeto foi contemplado no 5º edital de seleção pública Nº012/2021 do Cine Natal 2021.



“Para nós, é extremamente importante que a websérie chegue nos mais diversos públicos de forma compreensiva. O episódio 1 de Arlindo Sou Eu pôde contar com todos os recursos de acessibilidade para audiovisual, mencionados na Instrução Normativa 116/2014 da ANCINE. Apesar de ser uma instrução normativa de âmbito federal e ser exclusiva da ANCINE, considero uma referência ao se pensar possíveis mudanças nas políticas públicas do audiovisual local – municipal e estadual”, avalia camila que, além de dirigir, também roteiriza e faz a co-produção da websérie junto com a Ilustralu.