Travesti encontrada sem cabeça e dedo mindinho em Natal é identificada; vítima tinha 15 anos
Natal, RN 23 de abr 2024

Travesti encontrada sem cabeça e dedo mindinho em Natal é identificada; vítima tinha 15 anos

19 de outubro de 2022
4min
Travesti encontrada sem cabeça e dedo mindinho em Natal é identificada; vítima tinha 15 anos

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A travesti encontrada morta no último dia 14, na área externa da Policlínica do bairro Potengi, na Zona Norte de Natal, sem a cabeça e o dedo mindinho esquerdo, foi identificada pelo Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep) nesta terça (18). A vítima, que é natural de Pernambuco e tinha apenas 15 anos, teve apenas o nome de registro identificado pelo Itep, que fez análise de impressões digitais e comparação com o banco de dados. Segundo o movimento social de travestis e transexuais que se organizou em busca da identidade da vítima, ela foi identificada com o nome social de Stefany. O Itep aguarda a chegada de familiares para fazer a retirada do corpo.

É cruel toda essa violência que acontece sobre nosso corpo, mas percebo que o que vai mudar isso não é apenas uma discussão sobre a Comunidade LGBT. Precisamos de mudanças mais concretas, é uma violência que tem diversas camadas. Somos expulsas da escola e de casa desde muito cedo por causa de transfobia e preconceito sobre nossos corpos. O que vai nos restando são locais violentos. Ela foi morta num ponto de prostituição porque precisava se prostituir. Mas, por que ela precisava fazer isso? É essa crueldade que não será mudada por discussões, mas por políticas públicas”, lamenta Aysha Ayalla, diretora de Comunicação da Ong Attransparência (Associação Potiguar de Travestis e Transexuais na Ação pela Coerência no Rio Grande do Norte).

O corpo da vítima foi encontrado pelo vigia da policlínica, que comentou com a polícia que costumava ver a travesti fazer ponto na região. Quando foi encontrada, a vítima estava com uma minissaia preta e uma blusa amarela.

Em maio deste ano, a jovem trans Estefani Rodrigues Soares, de 18 anos, foi morta a facadas numa praça no bairro de Lagoa Nova, em Natal. O assassinato da jovem trans foi captado por câmeras de vigilância e horas depois a Polícia Civil prendeu um rapaz de 28 anos que confessou o crime. Ele confessou que teve um relacionamento com a vítima e que havia premeditado o crime. A faca que matou Estefani foi encontrada na praça da Rua Desembargador Carlos Augusto, zona Sul de Natal.

País que mais mata

O Brasil é o país com maior taxa mundial de mortes da população trans. Em 2021, pelo menos 140 travestis e transexuais foram assassinados no país.

Os dados foram divulgados em janeiro deste ano pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra). O número representa uma redução de 20% em relação aos assassinatos de 2020, mas o Brasil continua no topo do triste ranking.

O estudo é feito desde 2017 e, desde então, houve aumento de 32,7% nas tentativas de homicídio. Foram 79 casos em 2021 e 77 em 2020. Em números absolutos, São Paulo foi o Estado que mais matou a população trans em 2021. Foram 25 assassinatos. Depois vem Bahia (13), Rio de Janeiro (12), Ceará (11), Pernambuco (11), Minas Gerais (9), Goiás (7), Paraná (7), Pará (6), Amazonas (4), Maranhão (4), Rio Grande do Sul (4), Espirito Santo (3), Mato Grosso do Sul (3), Mato Grosso (3), Alagoas (2), Amapá (2), Paraíba (2), Piauí (2), Distrito Federal (2), Acre (1), Rio Grande do Norte (1), Rondônia (1) e Sergipe (1).

A Antra diz que há falhas na investigação desses crimes e faltam informações básicas. Dos 140 assassinatos de 2021, por exemplo, não se sabe a idade da pessoa morta em 40 deles. Dos 100 casos restantes, 5% vítimas tinham de 13 a 17 anos; 53% tinham de 18 a 29 anos; 28%, de 30 a 39 anos; 10%, de 40 e 49 anos; 3%, de 50 e 59 anos; e 1% de 60 a 69 anos.

Oito entre 10 pessoas trans já sofreram violência no RN

Uma pesquisa de 2021 feita pelo Observatório LGBT+, do Centro de Cidadania LGBT+, vinculado à Prefeitura de Natal, mostra que oito em cada 10 pessoas trans e travestis da capital do RN foram agredidas em algum momento.

A pesquisa foi divulgada em dezembro de 2021 e foi feita com 203 pessoas transexuais e travestis que vivem em Natal. As cinco principais violências sofridas são a psicológica (18,4%); discriminação (16,5%); verbal (16,5%); violência sexual (13,1%); física (12,2%). Outro dados que chama a atenção: 90,9% não procuraram às autoridades para denunciar as agressões.

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