A vice-prefeita do município de João Dias, Damária Jácome, e o presidente da Câmara Municipal da cidade localizada no interior do Rio Grande do Norte, Laete Jácome, estão foragidos. Os dois, que são pai e filha, são acusados dos crimes de extorsão contra o atual prefeito da cidade com o objetivo de fazê-lo renunciar ao cargo para que, com isso, a prefeitura fosse assumida por Damária.
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) solicitou e o Tribunal de Justiça determinou o afastamento de pai e filha por 180 dias, além da prisão preventiva dos dois, que passaram a ser considerados foragidos e réus em uma ação penal. Em suas redes sociais, Damária ainda se intitula como prefeita de João Dias.
O prefeito do município, eleito em 2020, renunciou ao cargo em julho de 2021 devido a ameaças feitas por Laete e Damária Jácome, segundo o MPRN. As ameaças eram direcionadas não apenas ao prefeito que renunciou, mas também à família dele. Em outubro deste ano, o prefeito eleito entrou com um pedido para retomar o cargo. A solicitação foi acatada pelo Tribunal de Justiça do RN, que determinou seu retorno à Prefeitura de João Dias.
Além da vice-prefeita e do presidente da Câmara, as ameaças sofridas pelo prefeito eleito também eram formuladas por três irmãos dela. Dois deles morreram em confronto com a polícia durante o cumprimento de mandados de prisão e um terceiro está preso.
Além das extorsões investigadas na operação Omertà, o MPRN também apura o envolvimento da família com outros crimes. No último dia 19, o Ministério Público deflagrou a operação Omertà II, como parte de uma investigação relacionada ao crime de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e outros crimes, com movimentações bancárias em empresas de fachada. A Justiça determinou o sequestro de R$ 1.770.090 de integrantes do grupo investigado. Durant a ação foram cumpridos dois mandados de prisão e outros seis de busca e apreensão no RN, além dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Quem tiver informações sobre os políticos foragidos, pode entrar em contato com o Ministério Público do RN pelo Disque Gaeco (84) 98863-4585 e pelo e-mail [email protected]. A identidade de quem fizer alguma denúncia será mantida em sigilo.

Omertà II
A operação Omertà II apura o envolvimento do grupo investigado com lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas, entre outros crimes. Foram identificadas várias movimentações bancárias em empresas de fachada, uma delas é uma revendedora de veículos da cidade de Água Nova, também no interior do RN, que não possui mais do que 3.500 habitantes. Essa revendedora possui apenas um veículo cadastrado junto ao Detran/RN, mesmo tendo movimentado mais de R$ 6 milhões em apenas 2 anos.
Segundo oque já foi apurado pelo MPRN, a empresa de fachada recebeu entre os anos 2020 e 2021 um total de 238 depósitos no valor de R$ 2.000, totalizando R$ 476.000, além de 109 depósitos bancários no valor fechado de R$ 5.000, o que totalizou R$ 545.000 no mesmo período. Para o MPRN, esse dinheiro é proveniente de crimes cometidos pelo grupo e era lavado nessa empresa.
No Rio Grande do Norte, foram cumpridos mandados nas cidades de João Dias, Água Nova e Nísia Floresta. A operação Omertà II contou com o apoio dos Ministérios Públicos dos Estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e também das Polícias Civil e Militar do Rio Grande do Norte. O nome da operação é uma referência ao termo que define um código de honra de organizações mafiosas do Sul da Itália, que incentiva regras do silêncio e da solidariedade entre criminosos do mesmo grupo.