Parque Científico em Macaíba fomenta a ciência com base nas demandas e potencialidade do RN
Natal, RN 19 de abr 2024

Parque Científico em Macaíba fomenta a ciência com base nas demandas e potencialidade do RN

8 de janeiro de 2023
10min
Parque Científico em Macaíba fomenta a ciência com base nas demandas e potencialidade do RN

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A partir de agora, o município de Macaíba e região  metropolitana de Natal passa a ser um polo de atração na área da inovação e da tecnologia, com a instalação do Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo (PAX). Trata-se de um dos mais extensos centros de fomento à ciência do país, com uma área de 100 hectares e estrutura física de 15 mil m² construídos, o que o torna um dos maiores entre os 55 parques deste tipo em operação no Brasil.

Em entrevista à Agência Saiba Mais, o diretor-presidente do PAX, Olavo Bueno, fala da importância do Parque na produção de conhecimento, geração de emprego e renda, dentro de uma concepção de parque verde.

Localizado na Zona Rural de Macaíba, logo após a Escola Agrícola de Jundiaí, em imóvel de propriedade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Parque tem o objetivo de fomentar áreas vitais para o desenvolvimento econômico potiguar, como energias renováveis, mineração, pesca, aquicultura, setor têxtil, turismo, fruticultura e serviços.

O prédio central vai abrigar centros de pesquisa e capacitação, auditórios, laboratórios multiuso, incubadoras tecnológicas e observatórios. Na área ao lado, ficam as sedes do Instituto de Ensino e Pesquisa Alberto Santos Dumont (ISD) e o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS), que completam um grande complexo científico que vem sendo formado na região.

Segundo Bueno, três áreas de grande relevância para o desenvolvimento do RN são prioritárias no PAX: Energia (renováveis, petróleo e gás); Saúde e Indústria 4.0. Estão em curso projetos e estudos elaborados pelo Governo do Estado para o setor de energias renováveis, como o Porto Indústria Verde - que vai oferecer infraestrutura para investimentos em produção de energia onshore e offshore e produção de hidrogênio e amônia verde.

A parceria para viabilizar o Parque envolve o Governo do Estado, por meio do Projeto Governo Cidadão, SEDEC, Universidade Estadual do RN (UERN) e Fundação de Amparo e Promoção da Ciência, Tecnologia e Inovação do RN (FAPERN), mais a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), Instituto Santos Dumont (ISD), Sebrae, Sesi-RN, Instituto Federal do RN (IFRN), Centro de Tecnologias do Gás e Energia Renováveis (CTGAS-ER), Federação das Indústrias do RN (FIERN), Fecomércio, Senai. As Prefeituras de Natal, Macaíba, São Gonçalo e Parnamirim também estão envolvidas.

Confira a entrevista.

Em que consiste o projeto do Parque Científico e Tecnológico? Como surgiu essa iniciativa?

O Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo – PAX | RN surgiu da necessidade de integração entre o setor público, privado e a academia. Integração essa direcionada ao fomento da Ciência e Tecnologia pautada nas demandas e potencialidade do Rio Grande do Norte.

A ideia precursora surge na nossa Universidade Federal, isso em 2014, mas só em 2019 a ideia ganha forças aliadas, isso porque, a UFRN encontrou diálogo aberto no Governo Estadual, que entendendo a dimensão do Projeto colocou o PAX como Meta no Planejamento, e destacou a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (SEDEC) para a execução, além de destinar recursos do Banco Mundial para esse fim por meio do Projeto Governo Cidadão.

E assim, surgiu o PAX, um parque científico e tecnológico que tem por Missão consolidar ações de incentivo à ciência, tecnologia, educação, cultura e ao empreendedorismo inovador por meio da sinergia entre academia, governo, setor produtivo e sociedade. Nosso compromisso de disseminar a cultura de inovação com responsabilidade socioeconômica e ambiental é um valor norteador que contribui para o amplo desenvolvimento do Rio Grande do Norte

Quais as áreas centrais de atuação desenvolvidas e os serviços oferecidos pelo PAX?

Após a inauguração da primeira fase do PAX, em 26 de dezembro de 2022, pela governadora Fátima Bezerra, o PAX entrará em operação no primeiro trimestre deste ano e deverá atuar inicialmente nas áreas de Energia (com foco em inovações tecnológicas para fontes renováveis e não renováveis de energia), Saúde (com foco em prevenção, reabilitação em saúde e tecnologias assistivas) e Indústria 4.0 (com foco em big data, internet das coisas e inteligência artificial, entre outras tecnologias).

Toda a atuação é sustentada em três pilares: responsabilidade, integração e desenvolvimento sustentável. É assim que contribuímos para o fomento da inovação e do empreendedorismo inovador no contexto regional e nacional.

 Quem são os principais parceiros e mantenedores do PAX?

O PAX atua de modo integrado, incentivando ações colaborativas entre as instituições fundadoras e mantenedoras que são: FAPERN, SEDEC, Prefeitura de Macaíba, Prefeitura de Natal, Prefeitura de Parnamirim, Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, Fecomércio, FIERN, FUNCERN, Sebrae-RN, IFRN, ISD, UERN e UFRN.

São 14 Associadas fundadoras, das três hélices (público, privado e academia). São instituições de peso e responsabilidade. E é por isso que eu costumo dizer que o PAX | RN já nasceu forte.

Além disso o PAX é um ambiente de fomento para empresas inovadoras. Nessa fase inicial serão disponibilizadas 22 salas para a instalação de empresas e instituições, e com a sua expansão nos próximos anos, ao todo serão disponibilizados 76 lotes e 69 salas. Antes da inauguração, o PAX já tinha em mãos diversas intenções de parcerias de empresas nacionais, internacionais e instituições, além de outras parcerias com Parques nacionais e internacionais, que com certeza serão muito relevantes não só para o PAX como para o RN.

Qual a contribuição do PAX para o desenvolvimento humano e tecnológico, assim como, a ampliação das atividades econômicas no Estado do Rio Grande do Norte?

Os princípios do PAX são embasados na agenda Global da ONU para Pessoas, para o Planeta e a Prosperidade, dedicando assim fundamental importância aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Ser um agente propulsor de uma cultura empreendedora e de inovação é um dos valores do PAX.

Deste modo, o PAX fomentará a atividade econômica no Estado com a disseminação dessa cultura de inovação e empreendedorismo, com a atração de empresas que serão incubadas em seus mais de 50 hectares, com a movimentação econômica inerente às próprias atividades nesta fase inicial de operação do PAX, onde estima-se uma média de 2 mil pessoas circulando diariamente, e com toda a tecnologia que será desenvolvida pelo PAX e parceiros.

De que forma o PAX viabiliza o papel da cooperação entre academia, mercado de trabalho e setor produtivo no desenvolvimento de soluções inovadoras? Como estão se dando as parcerias entre a UFRN, entidades públicas e a iniciativa privada?

A cooperação entre a tríplice hélice no PAX é visto desde a sua fundação, com as 14 instituições fundadoras dos três setores em questão. FAPERN, SEDEC, Prefeitura de Macaíba, Prefeitura de Natal, Prefeitura de Parnamirim, Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, Fecomércio, FIERN, FUNCERN, Sebrae-RN, IFRN, ISD, UERN e UFRN.

E essas intuições compõem nossos conselhos Administrativo, Científico e Tecnológico, Fiscal e a própria Direção do PAX. Estamos integrados em todos os sentidos. E essa integração favorece o diálogo e a agilidade no desenvolvimento e na propagação da tecnologia e de toda a inovação gerada pelo PAX e as suas associadas, promovendo dessa forma benefícios sociais e econômicos à quarta hélice representada pela sociedade potiguar.

Um dos ninchos de mercado do PAX é o de energias. O Rio Grande do Norte, inclusive, dispõe de uma grande capacidade de geração e produção de energia renováveis e não renováveis. Como o PAX pretende contribuir para essas áreas?

Os parques científicos e tecnológicos desempenham um papel importante no desenvolvimento econômico regional por meio da inovação. O objetivo é de atrair empresas que através da integração com a academia, possam desenvolver projetos inovadores com alto conteúdo tecnológico. Isso deverá ocorrer nas 3 áreas de atuação do Parque: Saúde, Indústria 4.0 e Energias renováveis e não renováveis, sendo esta última área uma vocação natural do RN, principalmente com relação às energias renováveis. Nesse setor, o estado do RN tem o maior potencial eólico (onshore e offshore) e a maior capacidade instalada de geração de energia eólica do país e um alto potencial para aproveitamento da energia solar, insumos esses fundamentais para a produção de hidrogênio verde. O Estado do Rio Grande do Norte tem programas a serem estabelecidos para a produção de energia eólica offshore e a produção de hidrogênio verde, que serão extremamente beneficiados pela implementação e operação do PAX.

A maior empresa de energia do país, a Petrobras, tem uma atuação histórica aqui no RN. Entretanto, nos últimos anos, com a venda de ativos no estado e a saída de áreas como energias renováveis, ela diminuiu a importância aqui no Estado. Agora, com a mudança do governo federal, tem-se a indicação de Jean Paul para assumir a presidência da estatal, que tem entre suas intenções, retomar para a Petrobras o modelo integrado de energias e voltar a investir mais em energias renováveis. Como voce vê essa mudança? Entende ser possível a reinserção da Petrobras no RN e talvez como um possível parceiro do PAX?

Vejo essa mudança na Petrobras, com a indicação do senador Jean Paul Prates para assumir a presidência da estatal, como uma excelente notícia não só para o RN mas para o nosso país. Conheço a sua competência, dinamismo, seriedade, busca pela excelência e as suas preocupações sociais e ambientais, pois tive a oportunidade de trabalhar com ele por 4 anos no CERNE (Centro de Estratégias e Recursos Naturais e Energia), que ele fundou em Natal, e também no Senado Federal, e posso afirmar que os seus atributos profissionais e pessoais irão sem dúvida permitir a revitalização e crescimento da Petrobrás.

Sobre a reinserção da estatal no RN e uma possível parceria com o PAX, acreditamos ser isso possível, e uma vez que a gestão da Petrobras seja concretizada, esperamos ter a oportunidade de discutir potenciais sinergias entre a Petrobras e o PAX, que como foi dito já nasce grande dentre os 55 parques científicos e tecnológicos em atuação no Brasil, não só por suas dimensões físicas, mas principalmente pela integração de todos os setores da economia do estado: o governo, a indústria e a academia.

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