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Biógrafo de Tarso de Castro denuncia perseguição da Folha à filme sobre jornalista
18 de maio de 2018

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O jornalista e escritor Tom Cardoso, biógrafo do jornalista Tarso de Castro, denunciou nesta sexta-feira (18), nas redes sociais, a perseguição da direção do jornal Folha de São Paulo ao filme “A vida extraordinária de Tarso de Castro”, dirigido por Leo Garcia e Zeca Brito.
O longa está em cartaz no Itaú Cinema, de São Paulo.
Tarso de Castro foi idealizador do semanário O Pasquim e um dos maiores jornalistas do país nos anos 1970. Foi dele também a ideia de criar o caderno cultural Folhetim, um dos mais lidos da Folha.
Além da biografia de Tarso de Castro, Tom Cardoso é autor de outros livros do gênero, a exemplo das biografias Sócrates (sobre a vida do ex-craque da Seleção Brasileira), O Marechal da Vitória: uma história de rádio, TV e futebol (sobre a vida do fundador da TV Record Paulo Machado de Carvalho) e o Cofre do Dr. Rui, livro-reportagem que narra o assalto ao cofre de Adhemar de Barros em 1969, pela Var-Palmares, organização que lutava contra a ditadura militar no país.
Escreve Tom Cardoso sobre a perseguição da Folha:
Estava tudo marcado: no dia 23 a Folha promoveria um debate, no Itaú de Cinema, sobre o filme "A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro", dirigido por Leo Garcia e Zeca Brito".
Nada mais justo.
Tarso, como se sabe, foi um dos mais influentes e lidos colunistas da Folha.
O preferido do velho Frias, que o considerava um dos cinco maiores jornalistas da história do jornal.
Tarso e Frias se amavam. Dos jantares no Rodeio, nasceu o caderno mais lido da história do jornalismo cultural pós-Pasquim: o "Folhetim".
Otavinho, filho do velho Frias, hoje no comando da Folha, jamais engoliu Tarso. Por inveja e ciúmes.
Quando assumiu o jornal no lugar do pai e implantou o "Padrão Folha de Jornalismo", Otavinho tratou logo de enquadrar o jornalista mais fora do padrão do pais: Tarso de Castro.
Ao ser demitido, Tarso escreveu:
(...) Minha coluna na Folha de S. Paulo é meu analista. Lá faço meus desabafos. As pesquisam mostram que é uma das colunas mais lidas do país (...)
(...) Nosso jornalismo tornou-se tão especializado que perdeu a alma. Os jornais ficaram muito iguais (..)
(...) Busco munição nos bares, nas conversas cotidianas
(...) E não há copidesque para minha coluna. Ela sai como um esporro.
(...) Os jornais brasileiros acabaram com o talento individual, com o jornalista de estilo próprio.
Pois é, com a saída do Tarso, com a reforma editorial da Folha, o processo de padronização, o advento dos gráficos estatísticos, etc etc o jornal ficou "limpinho". E bunda mole.
Boris Casoy tomou conta do jornal.
Os burocratas venceram.
Um deles, Marcos Augusto Gonçalves, acaba de escrever no seu blog uma crítica acabando com o filme sobre o Tarso.
Até ai, tudo bem. Ele está lá para agradar o patrão: Otavinho.
Mas há pouco recebi uma ligação de uma produtora do filme, desesperada;
- Tom, após as críticas do Marcos Augusto, o debate foi cancelado. Pior: o Itaú de Cinema, que tem ligações com a Folha, está ameaçando tirar o filme de cartaz.
Que a Folha é pluralista de butique, todo mundo já sabe.
Mas ela nunca foi tão canalha.
Volta, Tarso!