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Em liberdade provisória, Henrique Alves ainda é alvo de 6 processos na Justiça Federal
13 de julho de 2018

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O Juiz da 14ª Vara Federal Francisco Eduardo Guimarães Farias concedeu quinta-feira (12) liberdade provisória ao ex-deputado federal e ex-ministro Henrique Eduardo Alves. Ele foi preso pela Polícia Federal em junho de 2017, mas desde 3 de maio deste ano estava em prisão domiciliar.
O magistrado estendeu ao ex-deputado do Rio Grande do Norte os efeitos da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, que concedeu em 28 de junho habeas corpus ao ex-deputado federal Eduardo Cunha, no processo referente à operação Manus, desdobramento da operação Lava-jato.
Neste processo, Henrique Alves e Eduardo Cunha são acusados de participação num esquema de superfaturamento de R$ 77 milhões nas obras do estádio Arena das Dunas, construído para a Copa de 2014. Eles respondem pelos crimes de integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro, além de corrupção passiva e ativa.
No placar de processos que Henrique Alves responde na Justiça, o ex-deputado já contabiliza uma condenação em primeira instância (operação Sépsis) e segue como alvo em mais 6 processos: Manus, Cui Bono, Lavat, Porto Maravilha e quadrilhão do PMDB. Todas essas investigações acusam o parlamentar potiguar e outros políticos de crimes como lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva.
A última denúncia contra Henrique Alves foi aceita em 4 de julho pelo juiz da 10ª Vara Federal Vallisney de Souza Oliveira. No processo, o ex-deputado é acusado de ocultar em paraísos fiscais R$ 1,6 milhão desviado das obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
Representante de uma oligarquia tradicional da política do Rio Grande do Norte, Henrique Alves é primo do senador Garibaldi Alves Filho (MDB), do ex-prefeito de Natal e pré-candidato ao Governo Carlos Eduardo Alves (PDT) e tio do deputado federal Walter Alves (MDB).
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Eduardo Cunha e Henrique Alves sempre foram muito próximos na Câmara dos Deputados[/caption]
Operação Manus
Na denúncia originada da operação Manus, pela qual Henrique Alves ganhou o benefício da liberdade provisória, a procuradoria geral da República apontou que desvios de recursos públicos, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva foram realizados a partir de contratos firmados com as construtoras Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia.
Henrique Alves e Eduardo Cunha, segundo a PGR, receberam R$ 11,5 milhões em propinas para favorecer as empreiteiras nas obras da Arena das Dunas.
O Ministério Público Federal sustenta na acusação que o dinheiro ilegal teria chegado através de doações legais e ilegais nos anos de 2012 e 2014. A OAS fez uma doação declarada de R$ 600 mil à campanha de Henrique Alves em 2014. A Carioca Engenharia doou R$ 400 mil e a construtora Andrade Gutierrez fez uma doação de R$ 100 mil.
Segundo os procuradores, a Odebrecht também teria feito uma doação de R$ 3 milhões não declarados, depositados em contas de empresas de fachada e em dinheiro vivo.
Advogado Marcelo Leal comemorou liberdade provisória de Henrique Alves[/caption]
A defesa de Henrique Alves nega todas as acusações do Ministério Público Federal e afirma que nenhuma das testemunhas convocadas para a depor, na operação Manus, envolveu o nome do ex-deputado potiguar em qualquer crime.
O advogado Marcelo Leal, que defende o ex-deputado Henrique Alves, comemorou a decisão de liberdade provisória expedida na noite de quinta-feira (12).
Nesta sexta-feira, após depoimento de Eduardo Cunha, ocorre o último ato de instrução do processo referente à operação Manus. Em nota enviada à imprensa, Leal afirmou que acredita na absolvição de Alves:
- Henrique Eduardo Alves está em liberdade! O Juiz da 14a Vara Federal de Natal revogou a prisão domiciliar. Hoje acontecerá o último ato de instrução do processo com o interrogatório de Eduardo Cunha. Após a oitiva de quase uma centena de testemunhas, com todas as provas favoráveis à defesa, o processo caminha a passos largos para a absolvição de Henrique.
Henrique Alves é ex-presidente da Câmara dos Deputados (2013-2015), exerceu o mandato de deputado federal por 11 mandatos durante 44 anos, foi ministro nos governos Dilma e Temer, e é um dos amigos mais próximos do presidente da República Michel Temer. Em 2014, na última eleição para o Governo do Estado, perdeu para o atual governador Robinson Faria (PSD).

Defesa de Henrique comemora liberdade e acredita em absolvição
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