Relatório apresentado por ministro Fábio Faria acusa rádio do próprio pai, Robinson, de fraude contra Bolsonaro
Natal, RN 25 de abr 2024

Relatório apresentado por ministro Fábio Faria acusa rádio do próprio pai, Robinson, de fraude contra Bolsonaro

28 de outubro de 2022
4min
Relatório apresentado por ministro Fábio Faria acusa rádio do próprio pai, Robinson, de fraude contra Bolsonaro

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O ministro das Comunicações do governo Bolsonaro, Fábio Faria, acusou a rádio do seu próprio pai como um dos veículos que veicularam menos propagandas de Jair Bolsonaro (PL) do que de Lula (PT). O ex-governador Robinson Faria, pai do ministro, é sócio-administrador da Agreste FM, emissora de Nova Cruz-RN.

A empresa contratada para fazer o levantamento das inserções foi a Audiency. De acordo com o relatório, a Agreste só teria veiculado duas inserções do presidente Jair Bolsonaro e cinco do ex-presidente Lula entre os dias 7 e 11 de outubro.

A rádio Agreste possui três nomes por trás: o administrador é o advogado Fernando Pithon Dantas, que foi secretário particular de Robinson enquanto ele era governador; Robinson é sócio-administrador, e o ex-prefeito do município Cid Arruda Câmara consta apenas como sócio. 

A denúncia de supostas inserções que favoreceriam o petista está presente em um relatório apresentado pelo ministro e outros integrantes da campanha do presidente ao tribunal, na segunda-feira (24). Durante a coletiva de imprensa, Fábio Faria chegou a dizer que houve uma “dupla checagem”, mas as informações foram contestadas pelas próprias rádios.

Já o ministro do STF, Alexandre de Moraes, negou o pedido da campanha bolsonarista e considerou o documento apresentado como improcedente. "Os fatos narrados na petição inicial não foram acompanhados de qualquer prova e/ou documento sério, limitando-se o representante a juntar um suposto e apócrifo 'relatório de veiculações em rádio', que teria sido gerado pela empresa 'Audiency Brasil Tecnologia'", afirmou Moraes na decisão

O próprio pai do ministro apresenta um programa na rádio, que leva o seu nome e tem três horas de duração, indo das 12h às 15h do domingo, segundo a programação da emissora. Em julho, Robinson se afastou para a campanha eleitoral em que se candidatou a deputado federal e fez um programa de despedida maior, que durou mais de quatro horas. Nele, fez um aceno aos eleitores da região.

“Daqui saio hoje para minha caminhada de pré-candidato a deputado federal, tentando o meu nono mandato”, afirmou. “Mas será uma caminhada bonita, da verdade, da amizade, do trabalho, da gratidão. Quero convidar Nova Cruz para caminhar comigo, quero convidar Santo Antônio, Goianinha, meu Agreste para caminhar comigo”, disse na ocasião. Posteriormente, Robinson foi eleito como deputado, contando com o apoio do filho.

Logo após a vitória, ele retornou em 9 de outubro. “Quem estava com saudade do nosso bate papo de domingo? Hoje vamos fazer um programa especial de agradecimento”, anunciou nas redes sociais.

Na declaração de bens para a campanha eleitoral de 2022, o ex-governador apresentou um patrimônio acumulado em R$6,7 milhões. Na lista, três bens apontam para o seu grupo de comunicação. Faria afirmou ter R$47.500,00 em “quotas ou quinhões de capital” da Agreste Comunicações, e mais R$19.000,00 de quotas da Rádio Agreste. Além disso, disse possuir ações avaliadas em $1.044.000,00 da Empresa Agreste Comunicações.

Análise contestada

Embora tenha chamado uma coletiva de imprensa para apresentar a denúncia, os dados da Audiency mostrados por Fábio Faria não comprovam que as rádios do Nordeste deixariam de veicular inserções do candidato do PL.

A empresa que fez o monitoramento para a campanha de Bolsonaro afirmou que fez o monitoramento das transmissões divulgadas pelas emissoras por streaming. Nessa modalidade, entretanto, as rádios não são obrigadas a veicular a propaganda. Como o streaming é transmitido via internet, elas podem escolher outros conteúdos para exibir no lugar.

A metodologia principal para este tipo de levantamento seria a chamada "rádio-escuta", afirmam especialistas. Nela, alguém é pago para ouvir o conteúdo da programação gravada. A Audiency não utilizou este recurso.

Segundo o Blog do Valdo Cruz, o ministro das Comunicações conversou com ministros da Suprema Corte e disse que foi induzido ao erro por assessores do comitê bolsonarista, ao levantar suspeitas contra as rádios.

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