Apenas 5% dos estudantes no Brasil têm aprendizado adequado em matemática ao fim do ensino médio; RN tem média de 7%
Natal, RN 20 de abr 2024

Apenas 5% dos estudantes no Brasil têm aprendizado adequado em matemática ao fim do ensino médio; RN tem média de 7%

30 de novembro de 2022
4min
Apenas 5% dos estudantes no Brasil têm aprendizado adequado em matemática ao fim do ensino médio; RN tem média de 7%

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Do universo de 2 milhões de jovens que concluem o ensino médio em escolas públicas no Brasil, apenas 5% sai da escola com aprendizado adequado em matemática. Cerca de 1,9 milhão de estudantes não conseguem fazer operações consideradas mais simples, como porcentagem. Os dados fazem parte do estudo realizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) com base no Saebe (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2021 e obtido com exclusividade pelo jornal Folha de São Paulo.

Ficaram acima da média nacional de 4,99 pontos, os estados do Espírito Santo (11,19), Rio Grande do Sul (77,68), Pernambuco (7,33), Paraná (7,16), Rio Grande do Norte (7,06), Ceará (7,04), Santa Catarina (6,87), Minas gerais (6,67), o Distrito Federal (6,43), São Paulo (6,02) e Goiás (5,56).

Bruno Vital, Coord. Geral do Sinte/ RN I Imagem: reprodução
Bruno Vital, Coord. Geral do Sinte/ RN I Imagem: reprodução

“Esse resultado tem relação, sobretudo, com a dificuldade de se planejar a educação de modo que as coisas realmente venham a ser cumpridas. Vivemos em constante desconstrução das coisas que vêm dando certo. Se pegarmos o Ensino Fundamental I, tínhamos um programa que vinha em andamento focado nos três primeiros níveis de ensino, tanto para a alfabetização como para a aprendizagem numérica, inclusive, de maneira a transformar o conteúdo em algo mais prático para a criança que estava iniciando a aprendizagem dentro de uma perspectiva construtivista, do prático para o abstrato, com uso de jogos e etc. Quando mudou o governo e Temer entrou, por exemplo, até retirado do site do Mec [Ministério da Educação] esse material foi. No governo Bolsonaro tivemos cortes na Educação e uma total falta de projetos. Com a pandemia foi a questão foi falta de atenção ao estudante porque muitos se evadiram e não conseguiram acompanhar os estudos. Tudo isso se reflete nesses dados que não são novos e acabam repetindo uma trajetória que a educação tem de insucesso dos estudantes, quando a grande meta deveria ser o sucesso escolar”, avalia Bruno Vital, Coordenador Geral do Sinte/ RN (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte).

A avaliação da coordenação do Sinte está em acordo com outros resultados revelados pelo levantamento, que aponta que o baixo desempenho em matemática começa ainda nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Em 2021, 36,7% dos estudantes da rede pública alcançaram nível adequado de aprendizagem em matemática. Antes da pandemia, em 2019, essa média era de 47%.

Ao pularem para os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), os estudantes tiveram uma queda de aprendizagem adequada para 15,3% em 2021. Antes da pandemia, em 2019, o mesmo índice era de 18%.

Se pensarmos nas dificuldades que temos em melhorar os indicadores na educação, voltamos àqueles fatores que são predominantes na escolarização: a dificuldade no acesso, na infraestrutura e em ter professores na escola. No Rio Grande do Norte temos uma realidade que tem mudado um pouco porque tivemos dois concursos recentes com muitas convocações, então, temos um quadro que chega perto de ser completo. Mas, ainda temos realidades de escolas, principalmente aquelas mais afastadas dos centros urbanos maiores, em que há ausência de professor”, avalia Bruno Vital.

O estudo também aponta que, apesar das implicações decorrentes da pandemia, como o ensino remoto, a aprendizagem da matemática já era considerada insatisfatória. Em 2019, o índice de aprendizagem para os alunos que concluíam o ensino médio era de apenas 7%.

A matemática também tem um conteúdo diferenciado, mas também uma tradição impopular de ensinar a matemática numa perspectiva de ser difícil e o mais inacessível possível. Como se o sucesso no ensino estivesse ligado à reprovação do estudante e algumas linhas de trabalho tentam desconstruir essa perspectiva”, conclui o Coordenador geral do Sinte.

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