O Rio Grande do Norte não registra casos varíola dos macacos, chamada também de monkeypox, há seis meses. O último boletim epidemiológico que apresentou aumento do número foi de 3 de março de 2023, com 152 infecções. O relatório anterior, divulgado em 24 de fevereiro, apresentava 150.
Por essa razão, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap-RN)parou de divulgar a situação epidemiológica da doença em 14 de julho, data também do último boletim nacional, que apontou 10.967 casos confirmados.
A Agência Saiba Mais tentou contato com o Ministério da Saúde para atualização dos dados, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
O primeiro caso da varíola dos macacos no RN foi diagnosticado em 1º de julho de 2022. Em setembro, a Secretaria passou a emitir boletins diários. Depois, passaram a ser a cada dois dias e de fevereiro de à primeira quinzena de julho de 2023 foram semanais.
Ao todo, 131 homens e 21 mulheres adoeceram no estado. A maioria, na capital potiguar, Natal, 97. Parnamirim aparece em segundo lugar, com 25 infecções. Extremoz e Mossoró, 5, cada. São Gonçalo do Amarante e Parelhas tiveram 3 pessoas com o vírus confirmado. Caicó, Espírito Santo e Jandaíra, 2. Os municípios que registraram uma pessoa infectada são Bom Jesus, Doutor Severiano, Equador, Goianinha, Poço Branco, São José de Mipibu, São Pedro e Serra Negra do Norte.
O número de notificações chegou a 620, sendo 393 descartados, 10 concluídos como prováveis e 23 suspeitos. O percentual de notificações confirmadas no RN é de 24%.
A faixa etária com maior número de pessoas infectadas foi de 30 a 39 anos (52), seguida dos jovens entre 20 e 29 (44) e 40 a 49 anos de idade (24). Onze crianças de até 10 anos foram infectadas e 10 pessoas entre 11 e 19 anos. Sete pacientes tinham entre 50 e 59 anos; 3 estavam entre 60 e 69; e um tinha entre 70 e 79.

Entre julho de 2022 e maio de 2023, a doença foi considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) emergência em saúde pública de importância internacional.
Doença, sintomas, contágio e evolução
De acordo com o portal do Instituto Butantan, “a varíola dos macacos é uma zoonose silvestre, ou seja, um vírus que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos – o que ocorre geralmente em regiões florestais da África Central e Ocidental”.
Apesar disso, o Plano de Contingenciamento da Monkeypox da Sesap esclarece que os primatas não humanos (macacos) não são reservatórios do vírus embora possam ser acometidos pela doença. Os reais vetores são desconhecidos, mas é provável que sejam pequenos roedores (como esquilos), naturais das florestas tropicais da África Central e Ocidental.
A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal com lesões de pele ou fluidos corporais de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados, tais como toalhas e roupas de cama.
O contágio por meio de gotículas geralmente requer contato mais próximo entre o paciente infectado e outras pessoas, o que torna trabalhadores da saúde, familiares e parceiros íntimos pessoas com maior risco de infecção. Alguém pode transmitir a doença desde o momento em que os sintomas começam até a erupção ter cicatrizado completamente e uma nova camada de pele se forme. A transmissão também ocorre da mulher grávida para o feto através da placenta.
Segundo o Plano de Contingenciamento, a doença geralmente evolui de forma benigna e os sinais e sintomas duram de 2 a 4 semanas. A manifestação cutânea pode ser precedida de febre de início súbito e de inchaço dos gânglios. Outros sintomas incluem dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, calafrios e exaustão. O período de incubação costuma ser de 6 a 16 dias, podendo chegar a 21 dias.
As erupções podem acometer regiões como face, boca, tronco, mãos, pés ou qualquer outra parte do corpo, incluindo as regiões genital e anal. Na pele, podem aparecer manchas vermelhas sobre as quais surgem bolhas com secreção; posteriormente, essas vesículas se rompem, formam uma crosta e evoluem para cura. A dor nas lesões pode ser intensa.
Quanto à mortalidade, no Brasil (até julho) foram registrado 1 óbito no Pará, 1 em Santa Catarina, 1 no Maranhão, 1 em Mato Grosso, 3 em São Paulo, 4 em Minas Gerais e 5 no Rio de Janeiro.
Existem dois tipos do vírus causador: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central). Informações divulgadas pelo Butantan indicam que a taxa de mortalidade de casos para o vírus da África Ocidental é de 1%, enquanto para o vírus da Bacia do Congo pode chegar a 10%. As crianças estão em grupo de risco, e a varíola durante a gravidez pode levar a complicações, varíola congênita ou morte do bebê, aponta a OMS.
Vacinação
A vacinação contra a varíola comum mostrou ser eficaz contra a varíola dos macacos. Embora uma vacina (MVA-BN) e um tratamento específico (tecovirimat) tenham sido aprovados para a varíola, em 2019 e 2022, respectivamente, essas contramedidas não foram amplamente disponibilizadas.
O Rio Grande do Norte chegou a receber um lote com 244 doses de vacina específica, em março deste ano, distribuindo entre três públicos: profissionais de laboratório que trabalham diretamente com o vírus; pessoas vivendo com HIV/Aids com contagem de linfócitos inferior a 200 células nos últimos seis meses; e pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para mpox.
O Ministério da Saúde orienta esquema de vacinação com duas doses (0,5mL cada) da vacina Jynneos Mpox, com quatro semanas de intervalo (28 dias) entre as doses.