Reivindicar direitos sim, mas nunca usando táticas de milícias
Natal, RN 19 de abr 2024

Reivindicar direitos sim, mas nunca usando táticas de milícias

22 de fevereiro de 2020
Reivindicar direitos sim, mas nunca usando táticas de milícias

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Nós, do Policiais Antifascismo do RN manifestamos todo o nosso apoio às justas reivindicações de melhores remunerações e condições de trabalho para policiais de todo o Brasil. Sabemos, por sentir na pele como servidores públicos, muitos pais e mães de família, que uma profissão e uma atividade com o nível de periculosidade, stress, risco à vida, e exposição como a do policial, requer remuneração condizente com sua atividade. Por isso, ao defendermos a desmilitarização, não somos contra a Polícia Militar, mas entendemos que a única maneira de exercer o salutar e constitucional direito de greve, como meio de justa reivindicação de direitos, é por meio de uma corporação fardada, mas desmilitarizada.

Compreendemos que o triste episódio ocorrido em Sobral, onde a insensatez de um senador e a truculência delituosa de manifestantes policiais encapuzados, que resultou em tiros e acusação de tentativa de homicídio de ambos os lados, não pode macular a luta por melhores salários. Policiais amotinados não podem adotar a lógica autoritária e bolsonarista das milícias, fechando o comércio com toques de recolher e atacando outras viaturas, a fim de justificar suas reivindicações.

O capuz tem que ser símbolo de resistência a uma opressão e não um instrumento dela, como forma de acobertar abusos ou delitos. É preciso ganhar o povo para a polícia e não lançá-lo contra ela. Acreditamos que, de forma equivocada, algumas associações estão comprando o discurso militarista do confronto, inclusive armado, transformando governadores em inimigos, quando, na verdade, o pior inimigo é o fascismo e a ignorância, quando oportunistas de plantão se valem dos justos protestos de policiais para convertê-los em bandidos, na falsa lógica de que "com uma arma de fogo e um capuz, tudo faço"!

Reiteramos nosso compromisso com a luta de todos os trabalhadores brasileiros, especialmente nossos policiais, que trabalham com o que há de maior aterrador e violento em nossa sociedade, que é o terrível fenômeno da criminalidade, mas não podemos fechar nossos olhos para atitudes precipitadas e equivocadas, mediante a provocação de políticos coronelistas que, também truculentos, acabam fazendo com que caíamos na armadilha da desmoralização e da criminalização de movimentos reivindicatórios.

É hora de abrir os olhos, pois só quem perde são os mais fracos, e juntos, com o restante da massa trabalhadora e apoio popular, seremos mais fortes!!

Sobre os fatos ocorridos em Sobral no Ceará:

• Há de se separar os que lutam legitimamente por seus direitos, dos Milicianos. Os Milicianos em regra não participam de movimentos reivindicatórios;
• As associações não deveriam utilizar-se de atos de Milícia e muito menos banalizar os mecanismos legítimos de luta por direitos das Associações em todo o Brasil conquistado a duras penas e várias anistias;
• A Ação de Cid Gomes foi tanto quanto fascista como alguns atos dos revoltosos militares. Não é preciso explicar o quanto de fascismo existe no ato de passar uma retroescavadeira em cima de trabalhadores;
• Bolsonaro continua a ter um efeito devastador no movimento associativista de Praças militares no Brasil, na medida em que deslegitimou lideranças progressistas das Associações e aumentou a influência de Bolsonaristas nelas. Além disso, o discurso Bolsonarista de desdém à Democracia e o empoderamento pelas armas tem motivado ações violentas no movimento paredista cearense.
• A Milícia não sobrevive sem bases políticas, portanto é preciso observar o que ocorre na política cearense que já elegeu um Deputado Federal, um Deputado Estadual e um Vereador, todos assumidamente Bolsonaristas. Não que os representantes das associações não possam se candidatar, mas é preciso entender que mandatos servem para fortalecer a representatividade das associações, não ao contrário.
• É preciso que a Esquerda dispute os trabalhadores da segurança para que eles se reconheçam na luta de outros trabalhadores, para além disso, que eles percebam as injustiças e opressões em que são utilizados para manter os privilégios de uma minoria rica sobre a maioria pobre.
• Não há movimento reivindicatório sem apoio popular; fechar comércios, retirar viaturas de quartéis e colegas policiais de dentro de viaturas soa muito mais à população como chantagem a ela mesmo, do que pressão contra o Governo.
• É preciso ter cuidado para que movimentos legítimos não se transformem em mecanismos de ataque de políticos fascistas aos Governos de esquerda legitimamente eleitos pelo voto do povo;
• Bolsonaro está fortalecido com as ações de militares contra a institucionalidade dos governos estaduais, pois acredita que assim pode criar ambiente para confrontar o Judiciário e o Legislativo e finalmente estabelecer o Governo pelas armas e não pelo povo. Caso não consiga, se valerá da GLO para colocar-se como herói, pois infelizmente é dele a maioria do apoio dos policiais cearenses, tanto quanto dos operadores de segurança pública da Força Nacional; e
• Por fim é preciso que a sociedade reivindique a desmilitarização das polícias, como forma de trazer cidadania e direitos aos trabalhadores da segurança pública e enfraquecer o seu aparelhamento contra a democracia.

CONTRA O FASCISMO, SEM PIEDADE!!✊?✊?✊?

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